Universia

quarta-feira, abril 25, 2007


ANTES


Assalto na

Junta de Freguesia


Na madrugada de terça-feira, dia 17, a Junta de Freguesia da Antes foi assaltada. Benjamim Almeida, presidente da Junta, disse: "Apenas levaram dinheiro e destruíram algumas coisas, tais como alguns vidros, que partiram para poderem entrar".

Os vizinhos dizem não ter ouvido nada de especial, durante toda a noite, exceptuando a vizinha da moradia ao lado da Junta, que estranhou o barulho intenso dos seus cães a ladrarem, nessa madrugada. "Mas nunca imaginou que fosse um assalto", afirmou Benjamim Almeida.

Nessa mesma noite e na mesma rua também uma oficina foi assaltada.


Mónica Sofia Lopes

(in Jornal da Mealhada, 25 de Abril de 2007)

JUVENTUDE DE PAQUETÁ

Exposição para festejar
quinze anos

No sábado, dia 21, a Escola de Samba Juventude de Paquetá inaugurou uma exposição, na sua sede, em comemoração dos quinze anos da sua existência. Nesta exposição, os visitantes podem ver os fatos que foram usados desde 1993, e os respectivos projectos, sapatos, instrumentos vários, fotografias e, até, as primeiras fichas de inscrição na escola.
A escola, como associação, oficializou-se em Dezembro de 1992 e desfilou, pela primeira vez, nos corsos de 1993 do Carnaval Luso-Brasileiro da Bairrada.
Fátima Silva, presidente da direcção da escola, afirmou: "É o primeiro ano em que estamos a fazer esta exposição. Achámos interessante que o público possa ver a evolução que o Carnaval tem tido".
A inauguração estava prevista para dia 20 mas, devido a uma inundação que a escola sofreu, só aconteceu no dia 21. Vai estar aberta todos os dias, até 28 de Abril, das 17 às 22 horas.
"Actualmente constituída por cento e vinte elementos a escola vive sob o apoio da Associação de Carnaval da Bairrada e de pequenas actuações que faz em bares e discotecas, um pouco por todo o País", pode ler-se num dos cartazes afixados na exposição. Fátima Silva concluiu: "É pena o público aderir pouco a estas iniciativas. Acho que é uma exposição que devia ser vista por todos".

Mónica Sofia Lopes
(in Jornal da Mealhada, 25 de Abril de 2007)


ESCOLÍADAS

Mortágua ganhou 1ª sessão

Na sexta-feira, dia 20, realizou-se a primeira sessão da décima oitava edição das Escolíadas, na Quinta dos Três Pinheiros, em Sernadelo.
Nesta semana apresentaram-se as três primeiras participantes: Escola Secundária Dr. João C. Gomes, de Ílhavo, Escola Secundária Dr. João Lopes de Morais, de Mortágua, e Escola Secundária de Avelar de Brotero, de Coimbra. O júri da sessão foi constituído por quatro elementos. Os alunos estiveram sujeitos a avaliação em provas de teatro, dança, música, pintura e claque.
"Uma viagem no tempo" foi o tema que a escola de Ílhavo desenvolveu nas suas provas. "Hoje, vamos contar histórias de pessoas com muita história", disse Deni, aluno da referida escola.
O tema da escola de Mortágua foi apresentado pela aluna Carina, que disse: "Navegar é preciso, viver não é preciso". A prova de teatro, intitulada "Relações pais/filhos", retratou temas actuais que, segundo declarou Carina, nunca se torna excessivo abordar. Torres Pereira, porta-voz do júri, elogiando esta prova, disse: "Houve uma conjunção de cenários muito boa".
Os alunos da escola de Coimbra representaram o tema "A noite". Compararam dois mundos distintos, o da noite que dá prazer e gera convívio, e o da noite da prostituição e da pobreza. Na prova de teatro apresentaram "Anda, vamos ver as montras", peça "onde a essência do ser humano esteve representada", como afirmou o professor Licínio. "O texto e a representação dos actores foi muito boa", frisou Torres Pereira. Nesta prova, a escola teve a pontuação mais elevada.
Claúdio pires, criador do projecto Escolíadas, declarou: "Já vi os ensaios das dezoito escolas que vão participar. Posso garantir que este vai ser o melhor ano de Escolíadas". Torres Pereira no final da sessão disse: "Na realidade, avaliar é muito difícil. Não queremos fechar a edição de hoje sem dizer que é muito bom trabalhar com alunos".
A pontuação mais elevada foi para a Escola Secundária Dr. João Lopes de Morais, de Mortágua, com cento e oitenta e sete pontos. Em segundo lugar, ficou a Ecola Secundária Avelar de Brotero, de Coimbra, com cento e oitenta e quatro pontos, e em terceiro, com cento e setenta e nove pontos, a Escola Secundária Dr. João Carlos C. Gomes, de Ílhavo.

Mónica Sofia Lopes (texto)
Ricardo Almeida (fotografia)
(in Jornal da Mealhada, 25 de Abril de 2007)

segunda-feira, abril 23, 2007


"À conversa com... Claúdio Pires

"Não há nada parecido com as Escolíadas, a nível europeu", afirma Claúdio Pires

EDIÇÃO DE 2008 TERÁ ESCOLAS DE ESPANHA

Na próxima sexta-feira começa, na discoteca Três Pinheiros, em sernadelo, a décima oitava edição das escolíadas. João Santos, da RCPfm, e Nuno Castela Canilho, do Jornal da Mealhada, falaram com Claúdio Pires, criador do projecto e seu principal dinamizador, no programa rediofónico "À conversa com...", do Rádio Clube da Pampilhosa (RCPfm). As novidades para a edição 2007, os apoios, ou a falta deles, e a parespectiva de internacionalização das escolíadas foram alguns dos temas tratados por Claúdio Pires nesta entrevista.

Esta é a décima oitava edição do projecto Escolíadas. O que são as Escolíadas?
As Escolíadas são um evento educativo e cultural. São sessões onde alunos e professores de escolas secundárias e profissionais vão proporcionar momentos de cultura, mas em que também se vão divertir. É uma das forças que as Escolíadas têm. Ao longo de seis noites dezoito escolas apresentarão números de teatro, música e dança e prestarão outras provas de cultura. Isto é, conseguem retratar várias áreas culturais sem deixarem de estar inseridos num espaço de animação. Daí a forte adesão ao projecto que conseguimos ter. Existe desde 1990 e dentro da nossa zona tem uma força visível. Haverá pouca gente no nosso concelho que não tenha ouvido falar das Escolíadas.

Para além do entretenimento há uma vertente pedagógica.
Quem já participou terá sentido isso. As Escolíadas têm um efeito muito positivo. Desinibem as pessoas que sobem a um palco pela primeira vez. Aliás, qualquer participação num espectáculo desinibe as pessoas. Pisar um palco ajuda a formar, penso eu. Depois tem que se enfrentar um público, num espaço de animação. É algo de diferente. Não quer dizer que seja fácil. Para além do factor convívio existem imensas vertentes nas Escolíadas, sendo a formação, sem dúvida, o ponto-chave. As Escolíadas promovem a ocupação dos tempos livres, a criação de núcleos de teatro ou de música. Eu próprio sou surpreendido, não raras vezes, com novas situações que surgem dentro das escolas, o que muito me satisfaz. Uma das características que as Escolíadas têm é serem um processo evolutivo, que não pára.

A participação nas Escolíadas está aberta, apenas, a jovens dos dezasseis aos dezoito anos...
As Escolíadas estão abertas à participação de escolas secundárias oficiais, de escolas profissionais e também de colégios, destinando-se aos alunos do décimo ao décimo segundo ano ou equivalentes. O regulamento, todavia, prevê que possa ser permitida a partcipação de um ou dois elementos por escola, com menos idade. Foi o pedido que algumas escolas fizeram porque, às vezes, há uma ou outra prova que precisa de um personagem mais infantil, por exemplo. Noventa e nove vírgula nove por cento dos alunos participantes são do décimo ano para cima. Nas equipas das escolas - convém dizer - há, também, professores, obrigatoriamente, mas também funcionários e antigos alunos.

Na edição deste ano participaram dezoito escolas, desde Albergaria-a-Velha até a Carregal do Sal. Como é que fazem a selecção das escolas participantes?
Todos os anos definimos o número de escolas participantes. A partir daí, todas têm a possibilidade de se inscreverem. Posteriormente nós fazemos uma selecção.

Então há escolas interessadas que ficam de fora?
Claro. Este ano tivemos vinte escolas que se inscreveram dentro do prazo estipulado. Contudo só podem participar dezoito. Todos os anos há escolas que não aceitamos.

Com que critério?
Um dos critérios é o da distância. Já tivemos a experiência de receber algumas escolas de longe mas, por um ou outro motivo, a sua participação acabou por se revelar dificil. Somos bastante exigentes. Não na qualidade, mas em relação à viabilidade e à logística da participação.

Como assim?
Uma escola que venha de Vila Real, tem de estar na Mealhada no dia da prova, às 14 horas, como as outras. Isso faz com que os participantes tenham de ter almoço, tenham de sair muito cedo. Estamos a falar de cerca de cem pessoas. Que têm de dormir cá, porque não se vão embora às quatro horas da madrugada... A organização das Escolíadas oferece jantar a cerca de vinte e cinco pessoas, por escola, mas não fornece refeições às claques. Essa escola, de Vila Real, teria de tratar ainda do jantar para a claque. Há uma série de coisas que têm de ser organizadas e é por isso que, até hoje, nunca aceitámos escolas de longe.

Mas esses problemas não se colocam à escola de Carregal do Sal, por exemplo?
Não. A nossa filosofia era, inicialmente, não ultrapassar a distância de trinta quilómetros a partir da Mealhada. Neste momento já ultrapassámos esse limite. Carregal do Sal é mais longe. Já tivemos escolas da Figueira da Foz, Gafanha da Nazaré...

Houve uma altura em que a adesão das escolas era tão elevada que foi necessário organizar duas edições - uma para escolas do distrito de Aveiro e outra para as dos distritos de Coimbra e Viseu.
Não teve só a ver com o número de escolas aderentes. O que se passou foi que havia uma diferença, uma discrepância, em termos de qualidade, entre as escolas dos distritos de Coimbra e de Viseu e as escolas do distrito de Aveiro. Nunca, ou raramente, uma escola de Coimbra, conseguia ir a uma final das Escolíadas. Tal facto provocou desânimo e desinteresse nas escolas dessas zonas e começou a preocupar-me. Tivemos de adaptar a competição. Então dividimos as escolas em dois grupos e a medida resultou. Há escolas do distrito de Coimbra que hoje têm um nível de qualidade muito bom. O reflexo maior teve a ver com as claques. Neste momento, as escolas já conseguem reunir boas claques, em qualidade e em quantidade, e a homogeneidade está garantida.

Disse, no entanto, que não exigia qualidade às escolas participantes.
Não exigimos qualidade a ninguém. Quando as escolas ensaiam nos Três Pinheiros, nós ajudamos, dentro dos nossos conhecimentos, com os nossos meios técnicos. Não altero provas, não faço provas. Tento é explorar o melhor possível, em termos de espectáculo, as provas que as escolas vão apresentar.

Os apoios têm surgido da forma que esperava?
Isso é o lado negro da coisa. Infelizmente, isso não sucede só com as Escolíadas, acontece com quase tudo. O panorama é simples: quando estávamos a menos de um mês de as Escolíadas arrancarem, só tínhamos recebido a resposta do Ministério da Cultura, que nos vai dar um apoio de mil e quinhentos euros. Ainda não recebemos a resposta do Instituto Português da Juventude (IPJ), embora saibamos que vai apoiar. Isto porque os resultados das candidaturas eram para sair no dia 20 de Fevereiro e o respectivo software nem sequer está pronto. Portanto, é um problema nacional, não é nosso. Da Câmara Municipal ainda não tínhamos recebido, nessa data, qualquer resposta. Em termos de entidades - estou a falar nas três que, financeiramente, nos poderão apoiar - só tinha a confirmação do Ministério da Cultura. A Direcção Regional de Educação do Centro (DREC), que, no fundo, é o Ministério da Educação, apoia-nos em termos logísticos, pois não tem com que nos apoiar em termos financeiros.

As Escolíadas estão dependentes de apoio financeiro?
Claro que sim. No entanto, no ano passado, as verbas que nós conseguimos receber das entidades oficiais não chegaram a quatro mil euros. Se eu vos disser que as Escolíadas custaram quarenta e seis mil euros, percebem a dimensão do apoio que, para o Estado, esta iniciativa merece.

É uma situação que o deixa algo desiludido? Esperava mais?
Eu não só espero como garanto que, se o Estado não apoiar significativamente, as Escolíadas terão de acabar. Não faz sentido uma entidade privada suportar, desta maneira, uma iniciativa que toda a gente reconhece como sendo de grande utilidade. De dois em dois anos peço às várias entidades que nos apoiam que nos dêem pareceres e eles têm sido sempre muito favoráveis. Temos, há vários anos, a certificação do Ministério da Cultura de que as Escolíadas são um projecto de manifesto interesse cultural. E esta certificação não é fácil de obter. No entanto, o apoio é o que se vê.

As Escolíadas de 2008 estão em risco?
O que disse não faz parte de nenhuma táctica para fazer com que os responsáveis estatais mudem de atitude. Eu sei que há dificuldades financeiras em todos os organismos do Estado. Já tenho compromissos assumidos para as Escolíadas de 2008, compromissos muito sérios e muito importantes, e não vou voltar atrás. As Escolíadas de 2008 irão acontecer. Mas se eu, em 2007 e em 2008, não conseguir muito maior apoio por parte das entidades públicas, não faz sentido organizar as Escolíadas em 2009. As Escolíadas de 2008 vão custar pouco mais de cinquenta mil euros. Neste momento, para a edição de 2007, tenho mil e quinhentos euros de apoio garantido. E eu estou a falar de uma iniciativa que tem um orçamento credível e muito rigoroso. Nós entregamos às escolas quinze mil euros, em dinheiro, para porem de pé as suas provas.

A edição de 2008, que poderá ser a última, será internacional?
Está noventa e cinco por cento garantido que a edição de 2008 terá dimensão ibérica.

Não quer falar um bocadinho sobre isso?
Já não é segredo. A possibilidade de participarem escolas de Espanha é algo que temos vindo a construir desde 2002. Existia o problema da distância, de que já falei mas, mesmo assim, os contactos estabeleceram-se. Em Novembro reunimos com pessoas da Secretaria da Educação da Galiza. Gostaram do projecto. Já lá voltei este ano e já tivemos três reuniões. Inicialmente colocou-se a hipótese de participar uma ou outra escola na edição de 2007, mas quando viram a dimensão e a qualidade das provas ficaram um bocado assustadas.

Não há nada parecido em Espanha?
Que eu saiba, aliás, não há nada parecido com isto na Europa. Já fiz um levantamento e já mandámos alguns dados para análise da União Europeia e não há nada parecido com as Escolíadas, a nível europeu. Estamos a falar de um concurso com dimensão regional, com sucesso, e que não se limita ao teatro, ou à música, mas inclui várias vertentes artísticas em simultâneo. Os galegos ficaram assustados mas rapidamente se encantaram e, no dia 27 de Abril, cinco ou seis pessoas da Galiza virão assistir à terceira sessão das Escolíadas. Vêm pessoas do ministério da Educação de Espanha, da secretaria regional da Galiza e de escolas, só para verem a "mecânica" das Escolíadas. Neste momento, está já garantida a participação de duas escolas galegas em 2008.

Integradas no concurso normal?
Em princípio sim. No final desta edição vamos fazer reuniões com as pessoas referidas e, a seguir, com as escolas, porque quero que as escolas também se pronunciem.

Como é que os espanhóis descobriram as Escolíadas?
Penso que foi a DREC que lhes deu conhecimento das nossas realizações. Os responsáveis regionais dos dois países vão fazendo encontros e parcerias, e o assunto terá sido abordado em algum desses momentos. Houve depois curiosidade da parte dos espanhóis. Em 2002 pediram-nos dados mas eu, quando enviava dados, enviava sempre exigências.

Exigências?
Porque, ou realmente queriam participar e levavam a sério o projecto, ou não valia a pena virem. E, em 2006, o contacto foi muito forte! E é preferível que as coisas sejam feitas com tempo. Começou a tratar-se do assunto em Novembro de 2006 e, se eles participarem, será em Março de 2008. Têm um ano e meio de preparação.

Quantos participantes terá a edição de 2007?
Perto de dois mil. Entre alunos, antigos alunos, funcionários e professores de dezoito escolas.

O que é que se pode esperar da edição deste ano, em termos de espectáculo?
Por aquilo que já vi nas escolas, porque nós estamos sempre em contacto com elas, há um bom envolvimento por parte das comunidades escolares e a expectativa é elevada. Noto, de ano para ano, que, cada vez mais, as escolas participam com um grande sentido de responsabilidade. E isso agrada-me muito!

Esse envolvimento das comunidades escolares inclui os conselhos executivos?
Tenho sentido, este ano, pelos contactos que vou tendo com as escolas, que o tal problema que existia em se cativar os conselhos executivos já não existe. Em 2007, não haverá nenhuma escola que não tenha a participação dos conselhos executivos. Não digo com os seus elementos a participar nas provas ou a pisar o palco, mas todos os executivos estão, pelo menos, a acompanhar a participação da sua escola. Não há nenhuma escola com dificuldade em cativar professores. Vejo todas as escolas muito bem encaminhadas e isso a mim satisfaz-me! Não me preocupa muito a qualidade das provas mas nos ensaios já vi coisas muito interessantes!

Os meios técnicos de cenografia, de iluminação, de som, etc., têm evoluído bastante em dezoito anos. As Escolíadas têm acompanhado essa evolução?
Temos meios ao nosso dispor que dificilmente se conseguem encontrar noutro lado. Nós apoiamos, gratuitamnete, muitas iniciativas realizadas por escolas fora do nosso palco. Este ano, já fizemos três espectáculos, na Gafanha da Nazaré e em Águeda, por exemplo. Chegamos a disponibilizar os nossos meios técnicos em mais de dez espectáculos por ano. Espectáculos que nada têm a ver com as Escolíadas. A qualquer escola, dentro do nosso meio, que nos pede ajuda, nós apoiamos, se o pudermos fazer! Sem custo. De qualquer modo, dentro da nossa sala, de ano para ano, também nos esforçamos por melhorar. E este ano vamos melhorar ainda mais. É esse o nosso trabalho: pegar, por exemplo, na peça de teatro que as escolas trazem e - se elas quiserem - enriquece-la com o melhor aproveitamento dos nossos emios técnicos. O ano passado houve provas em que isso foi muito visível.

Num projecto que tem dezoito anos, ainda há espaço para evoluir?
Todos os anos tento alterar qualquer coisa. O que me preocupa é não saber o que devo alterar daqui para a frente. Houve alterações no número e no tipo de provas. A vinda dos espanhóis vai ser também um alteração importante.

É difícil alterar um modelo de sucesso?
Sim, porque acho que está tudo muito trabalhado, já. Todos os anos há alterações no regulamento, por proposta das escolas. Nós fazemos duas, três reuniões com as escolas, em que se alteram coisas.

As Escolíadas serão, em muitos casos, a única maneira de algumas escolas desenvolverem a actividade artística?
Sei que elas não têm muito mais caminhos para isso. Mas não aceito, minimamente, até porque não faz sentido, que as escolíadas assumam essa responsabilidade. Esse não é o nosso desafio. Nos Estados Unidos, por exemplo, o teatro, a dança, a arte, são componente obrigatória da formação escolar. Não há nenhum aluno que não tenha feito, nalgum momento, teatro ou música. É obrigatório! A componente artística é fundamental na formação das pessoas. Se em Portugal o desporto é obrigatório, e bem, por que é que o convívio com a arte não o é? Os programas do Ministério da Cultura, hoje em dia, destacam a formação de novos públicos como algo prioritário: E não se começa na escola? Espero que o rumo tomado mude, mas não é esse o papel das Escolíadas.


E qual é, então, o papel das Escolíadas?

O papel das Escolíadas é justificar, juntar, fazer competir os clubes de teatro, de pintura, de música, que as escolas têm ou deveriam ter. Na minha opinião, como pai, entendo que as escolas têm de ter estes clubes. Acho que, se os nossos Governos não alterarem o caminho que se tomou, teremos problemas sérios. Educação é, também, cultura e arte.


(in Jornal da Mealhada, 18 de Abril de 2007)

CALENDÁRIO DAS
SESSÕES DAS ESCOLÍADAS

1.ª Sessão, dia 20 de Abril
- Escola Secundária Dr. João Celestino Gomes - Ílhavo
- Escola Secundária Dr. Lopes de Morais - Mortágua
- Escola Secundária Avelar de Brotero - Coimbra

2.ª Sessão, dia 24 de Abril
- Escola Secundária de Vagos
- Escola Profissional de Vagos
- Escola Secundária de Oliveira do Bairro

3.ª Sessão, dia 27 de Abril
- Escola Secundária Dom Dinis - Coimbra
- Colégio de Albergaria-a-Velha
- Escola Secundária Dr. Magalhães Lima - Esgueira

4.ª Sessão, dia 30 de Abril
- Escola Secundária Dr. Mário Sacramento - Aveiro
- Escola Secundária da Gafanha da Nazaré
- Escola Secundária de Carregal do Sal

5.ª Sessão, dia 4 de Maio
- Agrupamento de Escolas de Penacova
- Escola Secundária Dr.ª Maria Cândida - Mira
- Escola Secundária Homem de Cristo - Aveiro

6.ª Sessão, dia 11 de Maio
- Escola Secundária de Mealhada
- Escola Secundária José Estevão - Aveiro
- Escola Secundária de Montemor-o-Velho

Final dia 25 de Maio

(in Jornal da Mealhada, 18 de Abril de 2007)

quinta-feira, abril 19, 2007


ASSOCIAÇÃO DE CARNAVAL DA BAIRRADA


Precisa de apoio da Câmara Municipal


No dia 5 de Abril, houve uma reunião da Asasociação de Carnaval da Bairrada (ACB), na sede da escola de samba Juventude de Paquetá.

Os moderadores desta reunião foram Álvaro Miranda, presidente da direcção ACB, João Peres e Claúdia Alves. No encontro estiveram presentes cerca de trinta pessoas, membros da ACB, tais como, Carlos Pinheiros, Rui Frias, Artur Ermida e Carlos Amorim e alguns membros das escolas de samba.

João Peres começou a sua intervenção dizendo: "Este ano as despesas foram maiores que as receitas".

Álvaro Miranda explicou o porquê desta situação: "No domingo, estávamos a prever uma determinada afluência de pessoas e tivemos uma diferença de cerca de cinco mil euros. Na terça-feira, foi bastante pior e a diferença foi de dezanove mil euros. Isto porque eram 14h30m e estava a chover. O prejuízo nos dias de corso atingiu, portanto, vinte e quatro mil euros. Como tivemos de pagar trinta mil euros ao circo, houve um prejuízo para a ACB de cinquenta e quatro mil euros".

Álvaro Miranda disse, ainda, que, patra tentar resolver a situação, havia já informado a Câmara Municipal da Mealhada da diferença existente entre receitas e despesas. "Pedi para nos ajudarem em vinte e cinco mil euros. Temos que ter em atenção que, apesar de tudo, este foi o melhor espectáculo, dentro do género, até hoje apresentado. Está mais do que visto que o Carnaval tem que ser profissionalizado" - afirmou.

Bruno Peres, da escola de samba GRES Batuque, interveio, dizendo: "Entendo que a Associação do carnaval o que deve fazer é enviar uma carta à Câmara, mas muito bem fundamentada e explicativa".

Álvaro Miranda esclareceu: "A claúsula para a Câmara dar os vinte e cinco mil euros era se chovesse. Na terça, choveu. Portanto, vamos ver o que na Câmara decidem".

João Peres também explicou: "Ao pedirmos para a Câmara assinar a cláusula dos vinte e cinco mil euros, estamos só a pedir para cobrir um desfile porque choveu. Temos também outra questão em cima da mesa: Há Carnaval ou não há Carnaval? A Câmara precisa de apoiar-nos para que exista Carnaval".

Nesta reunião foi votado o texto de uma carta na qual se pedia à Câmara para assinar a cláusula dos vinte e cinco mil euros e se solicitava a respectiva resposta no prazo de trinta dias.

Carlos Pinheiro argumentou: "Nessa carta podemos elucidar a Câmara de que esse dinheiro é necessário para o Carnaval de 2008". Álvaro Miranda acrescentou: "Se apoiarem esta carta e o seu conteúdo, é porque a Câmara quer que haja Carnaval em 2008".

O texto foi aprovado por unanimidade. Segundo informação da ACB, a carta foi enviada à Câmara no dia 9.

No final foi marcada uma assembleia geral da ACB para o dia 18 de Maio, às 21h30m. Nessa data já terá chegado às mãos da direcção da ACB a resposta da Câmara Municipal à carta referida.


Mónica Sofia Lopes

(in Jornal da Mealhada, 18 de Abril de 2007)


A resposta de Carlos Cabral


"Fui informado pela Associação de Carnaval da Bairrada (ACB) de que tinham feito um seguro para o caso de haver mau tempo. Esse seguro é caro. Foi accionado? Se houve mau tempo devia ter sido accionado", declarou Carlos Cabral, presidente da Câmara Municipal da Mealhada, aos microfones da RCPfm.

"Quanto ao facto de quererem mais vinte e cinco mil euros, continuo a dizer que não é crime pedir, que pedir não ofende, pode-se pedir tudo... Mas as pessoas têm de ponderar, têm de ver sobretudo a argumentação que utilizam", concluiu o autarca respondendo, assim, ao pedido da ACB.


(Jornal da Mealhada, 18 de Abril de 2007)

MEALHADA

Juventude de Paquetá
comemora 15º aniversário

A escola de samba Juventude de Paquetá vai fazer, na sua sede, uma exposição de fatos e fotografias, em comemoração dos seus quinze anos de existência. A exposição vai estar aberta ao público todas as tardes, de 20 a 27 de Abril. A inauguração efectuar-se-á na sexta-feira, dia 20, às 21 horas.
No dia 5 Maio a escola realizará, também na sua sede, uma festa intitulada "Baile dos anos 60", com o conjunto "Ritmo Lusitano".

Mónica Sofia Lopes
(in Jornal da Mealhada, 18 de Abril de 2007)

quarta-feira, abril 18, 2007


Hipertensão Pulmonar


"É importante fazer-se um diagnóstico precoce na hipertensão pulmonar para diminuir a mortalidade" - Maria João Saraiva


A progressiva, caracterizada por um aumento da pressão sanguínea pulmonar. Isto leva à destruição e estreitamento dos vasos sanguíneos dos pulmões, com aumento da pressão do sagnue dentro desses vasos. Nas fases mais avançadas da doença, o aumento da pressão nos pulmões provoca uma sobrecarga de trabalho para o coração que pode conduzir a insuficiência cardíaca.

Em Abril de 2004 foi criada a Associação Portuguesa da Hipertensão Pulmonar, que tem sede na Mealhada, na residência da presidente, Maria João Saraiva. Ermelinda Mendes e Maria de La Salete Mendes são vice-presidente e tesoureira, respectivamente.

O principal objectivo desta associação é "dar apoio aos doentes, familiares e amigos". "Somos cerca de cento e seis elementos", informou Maria João Saraiva.

As causas mais frequentes da doença são, "algumas, idiopáticas, ou seja, desconhecidas, outras, genéticas e outras, ainda, cardíacas", explicou Maria João Saraiva. Os sintomas são variados e comuns com outras doenças e nisso está a razão de o diagnóstico ser difícil no início da doença. Os sintomas mais frequentes são: cansaço fácil, baixa de tolerância ao esforço, falta de ar (ou dispneia), tosse, tonturas, perdas de conhecimento, dores no peito e palpitações (sensação do coração a bater muito depressa ou com força). A presidente da associação comentou: "No meu caso a doença é idiopática e talvez tenha sido a medicação que fiz a nível de diuréticos a despoletá-la. No estrangeiro, estudaram vários casos do mesmo género".

Os vários exames que se relaizam para doença ser diagnosticada e investigada têm vários objectivos, tais como, estabelecer o diagnóstico de HP, determinar o tipo de HP e determinar a gravidade ou a fase evolutiva da doença. Os exames mais frequentemente utilizados são: electrocardiograma (ECG), radiografia do tórax (Rx), ecocardiograma, provas de esforço, cintigrafia pulmonar, tomografia axial computorizada torácica (TAC), provas funcionais ventilatórias, cateterismo cardíaco e biópsia pulmonar.

A presidente da associação alertou: "Um problema na HP é o diagnóstico tardio. Demora-se quase sempre um, dois anos a diagnosticar esta doença. Tem que se investigar e falar mais nela para se poder fazer um diagnóstico mais rápido".

Existem dois tipos de tratamentos: os farmatológicos e os cirúrgicos, que são os transplantes. "Esta é uma das questões que os doentes colocam muito nas reuniões, porque em Portugal não se fazem transplantes pulmonares. Portanto, os doentes têm que ir a Espanha. Por outro lado, o risco de rejeição é muito elevado", afirmou Maria João Saraiva.

Quase todos os doentes de hipertensão pulmonar não trabalham. Maria João Saraiva enfatiza esta ideia: "Os doentes ficam incapacitados porque a doença chega a um ponto em que a pessoa não consegue andar um metro sem se cansar". Apesar de tudo isto a doença não é, legalmente, considerada crónica, o que dificulta a situação destes doentes. Em Portugal, a taxa de mortalidade é elevada quando se fala em hipertensão pulmonar.

Em relação à sociedade, de uma maneira geral, "os doentes são incompreendidos, porque as pessoas não sabem o que é a doença". "Quando se fala em mobilidade e do acesso à mobilidade, somos mesmo discriminados. A lei é incoerente, nesse aspecto. E nós quase que não conseguimos andar, por vezes, duma divisão da casa para a outra sem nos cansarmos", comentou Maria João Saraiva. A presidente, que tem a doença há sete anos, acrescentou: "Já trabalhava na Escola Profissional Vasconcellos Lebre quando descobri a doença e agradeço todo o apoio que a escola me deu, desde a direcção aos funcionários e aos alunos. Tive muita sorte, nesse aspecto".

Em relação à associação, Maria João Saraiva explicou ao JM como tudo começou: "A associação surgiu porque fui à Internet e vi que havia associações, noutros países. Existir uma associação em Portugal era um elemento forte perante a lei. Os doentes precisam de ser informados e sentem que não estão sozinhos aos conviverem uns com os outros nas reuniões que fazemos. Cada doente paga doze euros, anualmente. E isso ajuda na organização de alguns encontros".

Maria João Saraiva, a concluir as suas declarações, disse que a associação está a pensar em traduzir um livro inglês, intitulado 'Manual do Doente', "porque há informação que o doente tem mesmo que saber, principalmente quando se fala na alimentação". "Este livro está muito bem explícito neste aspecto", frisou.

No Inverno de 2006, a Associação Portuguesa de Hipertensão Pulmonar (AFHP) publicou o seu primeiro jornal.


Mónica Sofia Lopes

(in Jornal da Mealhada, 18 de Abril de 2007)

quarta-feira, abril 11, 2007


À Conversa com... João Peres

Se a Câmara apoiar financeiramente o hospital as consultas de urgências poderão ser gratuitas para os idosos do concelho

No momento em que o financiamento do Hospital da Misericórdia da Mealhada está na ordem do dia, João Santos, da RCPfm, e Nuno Castela Canilho, do Jornal da Mealhada, falaram com João Peres, provedor da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada. O provedor esclareceu o que falhou no plano inicial da instituição, e nas alternativas que agora se colocam. Entregar aos credores, arrendar a privados ou gerir o hospital com o apoio financeiro da Câmara Municipal, eram hipóteses que João Peres colocava em cima da mesa aquando da entrevista. O tempo passou e hoje sabe-se que a Câmara Municipal da Mealhada recusou o pedido de apoio para o funcionamento do hospital.

Recentemente, leu-se na comunicação social que a instituição Santa Casa da Misericórdia está falida. É verdade?
A Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, como todos sabem, tem um património imobiliário que dá para pagar aquilo que deve, dez ou vinte vezes. Tem ainda um património social incalculável. Ao longo da sua história, a Santa Casa da Misericórdia, graças aos bons gestores e homens de bem que por lá têm passado, tem enriquecido, material e socialmente, o património da instituição.
Afirmo aqui que é verdade ter enviado uma carta ao banco com quem trabalhamos e ao senhor presidente da Câmara Municipal da Mealhada. Disse, efectivamente, que a nossa tesouraria está em ruptura, o que poderá pôr em causa a insolvência da valência. É com a tesouraria que se pagam as batatas, o bacalhau e o leite para as crianças. No entanto, de maneira alguma, deixaremos de fazer isso por causa do hospital. Não vamos pôr em risco qualquer outra valência.

Foram então enviadas cartas...
Uma carta da qual não existe cópia, nem eu próprio tenho cópia. A mesa administrativa não teve conhecimento dessa carta, foi feita por mim e é da minha responsabilidade. Não sei como é que isso foi parar à comunicação social, muito menos com que intenção.

Ficou surpreendido com o facto de o assunto ter chegado à comunicação social?


Sim. Não sei com que intenção é que isso foi divulgado. O tempo dirá se as vozes que o fizeram não o estarão a fazer para se desculparem de alguma tomada de posição ou para outra coisa qualquer... O tempo o dirá. Pôr em causa a falência de uma Misericórdia e, principalmente, da Misericórdia da Mealhada, traz água no bico. Lembro ainda que, desde a origem da Misericórdia da Mealhada, foram entregues valores patrimoniais, cuja gestão a história consagra como exemplos de honestidade e boa gestão. Relembro que a Misericórdia da Mealhada nasceu porque alguém, há cem anos, contruiu um hospital para servir esta terra e entendeu que só uma Misericórdia seria capaz de o gerir e tomar conta dele.


A Santa Casa da Misericórdia da Mealhada nasceu para receber o hospital.


A Santa Casa da Misericórdia não existia na Mealhada. A Misericórdia da Mealhada foi fundada para receber um hospital, que um particular fez, custeou e entregou. O hospital da Mealhada nasceu primeiro que a Misericórdia da Mealhada. A Misericórdia da Mealhada nasceu para gerir esse hospital e, durante setenta anos, até ao 25 de Abril, a saúde deste concelho foi da responsabilidade da Santa Casa. Era a sua única actividade. Depois do 25 de Abril, fomos espoliados do nosso hospital. Nessa altura, a Misericórdia ficou praticamente sem actividade social. Mais tarde, surgiu a possibilidade de a Misericórdia prestar apoio à terceira idade, através do Ministério da Segurança Social, coisa que faz há vinte e poucos anos.


Acabou por reconquistar terreno perdido?


O resultado está à vista. Começámos, na nossa sede, com doze camas para idosos e nove funcionários. Hoje, assistimos mais de quatrocentas pessoas e temos mais de duzentos funcionários e colaboradores. Ou seja, pôr em causa a continuidade da instituição Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, o seu património ou o trabalho dos gestores, que por cá têm passado e que cá estão, acho que traz muita água no bico. Não sei o que querem dizer com isso, não sei para que é que isso serve.


Para além do apoio à terceira idade presta também apoio à infância.


Mais tarde, entrámos para a área da infância, que estava abandonada. A casa Bissaya Barreto, a Casa da Criança, foi-nos entregue. Hoje está à vista o que conseguimos fazer com aquele património que comprámos ao Governo Civil. Assistimos mais de duzentas crianças. Na infância somos, a nível nacional, das entidades mais prestigiadas e que melhor condições têm.


Em síntese, desmente que haja o risco de falência da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada?


Só por lapso, não lhe chamo outra coisa, poderá passar pela cabeça de alguém que a Misericórdia da Mealhada alguma vez possa estar em falência.


Descreveu a história do hospital até à nacionalização. Como é que volta a haver, dentro das intenções da mesa administrativa, esta vontade de retomar a obra mãe desta casa?


Como disse há pouco, com o 25 de Abril, foi-nos tomado o hospital, que era um hospital novo, tinha sido inaugurado em 1972. Muito mais tarde, não recordo agora o ano, o hospital foi-nos devolvido. Foi reposta justiça e devolveram o hospital ao dono. Mas devolveram-no num estado lastimável. O Estado nunca lá tinha gasto um litro de tinta, nunca lá pregou um prego. O Centro de Saúde estava instalado nas instalações do hospital e, através de um negócio entre a Câmara Municipal e o Ministério da Saúde, foi-nos pedido que cedêssemos o terreno onde está construído o Centro de Saúde e retomámos a posse do hospital. Na altura, deram-nos cinquenta mil contos e foi-nos imposta uma condição, pelo Ministério da Saúde, e que está escrita em Diário da República: teríamos de colocar o hospital, novamente, ao serviço da população. A partir daí, nós não pensámos noutra coisa que não fosse recuperar o hospital e entrarmos, novamente, na área da saúde.


E começaram por fazer um projecto de reconstrução do hospital...


Mudaram-se os governos, não se mudaram as vontades, e surgiu a hipótese da Comunidade Europeia financiar a recuperação de hospitais. Avançámos com um projecto, que foi alterado duas vezes. Já tínhamos um primeiro acordo para prestação de cuidados continuados, com dezasseis camas, e fizemos novos acordos com o anterior Governo, quer nessa área, quer em outras áreas da saúde. Também nessa altura foram-nos impostas algumas condições para a celebração desses acordos, nomeadamente, a exigência de serviços de fisioterapia e de meios auxiliares de diagnóstico.


Isso levou a que tivessem de alterar o projecto?


Exactamente. Nós alterámos o projecto, indo ao encontro da vontade do Ministério da Saúde, da altura. Inicialmente, não estavam previstos, obviamente, os serviços de meios de diagnóstico nem a fisioterapia.


Os acordos acabaram por ser assinados.


Esses acordos foram firmados com o Ministério da Saúde. Chegou a vir à Mealhada o ministro e avançámos com a obra do hospital. Pensámos, também, que, tendo a Mealhada um serviço de atendimento permanente, o chamado SAP - que não era uma urgência - era a nossa obrigação, em colaboração com as entidades de saúde, fazer no novo hospital um serviço de urgências.


Urgências que acabaram por substituir o SAP.


Mas as urgências, que agora temos, não nasceram para substituir o SAP: O SAP é uma coisa, as urgências são outra. O SAP não satisfazia, completamente, as necessidades da população. Então, nós fizemos umas urgências para complementar o serviço do SAP, nunca para o substituir.


O ministro que assinou o acordo foi, entretanto, substituído.


Nessa época, que é recente, surgiu outro problema: tomou posse um novo governo. Mudaram-se as vontades e mudou-se a política da saúde. Nós fomos apanhados já no fim da linha. Já não tínhamos hipótese de recuar. A obra estava realizada, o investimento estava feito, os acordos anulados, o que é que iríamos fazer?! Não tínhamos nem temos condições financeiras para suportar o investimento e suportar a exploração do hospital.


São coisas distintas?


Exactamente. Há custos de investimento, que nós tinhamos feito, e que eram suportáveis para nós, e há custos de exploração, para o arranque e estabilização nos três primeiros anos. Um hospital tem custos loucos de exploração. Pensámos em aguentar os custos de investimento e colocava-se a questão: mantínhamos o hospital fechado ou iríamos abri-lo? Com o hospital fechado, íamos aguentando a situação. Estava vazio, não gastava água nem luz, não tinha pessoal, estava parado.


Em termos financeiros qual foi o impacto da quebra desses acordos?


Basta dizer que com o dinheiro que o Estado nos pagaria pelas vinte camas dos cuidados continuados, estivessem elas ocupadas ou não, nós receberíamos os cinquenta mil euros que precisamos para as despesas do hospital. São contas muito fáceis de fazer. Esse acordo previa também que o número de camas, logo o financiamento, fosse aumentando com o tempo. Ou seja esta situação de reptura de tesouraria nunca se colocaria se os acordos tivessem sido honrados.


O que vos fez optar por abrir o Hospital?


Surgiu, depois, o enecrramento do SAP, facto com que ninguém contava. Nós somos uma empresa. Estamos aqui para servir a população e para promover o seu bem-estar. A população estava sem serviços de saúde e nós tínhamos a capacidade para resolver o problema. Decidimos então abrir o hospital. Surgiram algumas promessas de que os acordos iriam ser retomados. Foi-nos dito que estava a ser pensada uma nova política na área da saúde. E também, temos de o dizer, fomos alvo de alguma pressão política, dado que não ficava muito bem termos um hospital novo, inaugurado, e ele não abrir. Resolvemos então abrir o hospital.


E o Governo está a cumprir?


O Governo está a cumprir algumas coisas que disse. Já foram retomados alguns acordos, nomeadamente, o SIGIC, os da lista de espera. Já fomos contactados para retomar o acordo dos cuidados continuados. Ainda não temos cá ninguém, mas é ponto assente que os vamos ter. E estão previstos outros acordos para mais tarde. Só que, entretanto, nós abrimos em Agosto e já estamos em Março. E, todos os meses, é preciso que aqui entrem, pelo menos, cinquenta mil euros.


Para as despesas de exploração ou também para as de investimento?


Para as duas. Acresce ainda o facto de, em Março, termos aberto as urgências, que, como toda a gente sabe, nunca darão lucro. É certo que também não estamos aqui para ter lucro, mas urgências serão sempre um serviço deficitário. Mas é um serviço social. As urgências dão um prejuízo mensal de vinte e cinco mil euros.


Como é que têm aguentado esse prejuízo?


Com a boa vontade da pessoa que implementou o serviço de urgências, que me disse para eu não me preocupar, pois falaria com os médicos e com os enfermeiros. E os vencimentos do mês de Março só serão pagos em Maio. Com dois meses de folga vamos criando alguma receita. Foi com estes pressupostos que as urgências abriram. E é isso que está acontecer.


Mas já disse que as urgências darão sempre prejuízo.


Terá de ser um prejuízo coberto pelas outras áreas de serviço como os meios diagnósticos, o internamento, o SIGIC. Mas como atrás disse, a nossa tesouraria, de Agosto até agora, esgotou. Tínhamos, então, três soluções para não pôr em risco a tal insolvência da valência, nunca da instituição, porque não vale a pena estar a reclacar isto: tem um património incalculável. E podem perguntar por que não vendemos património, se temos tanto?!


Por que está a maior parte desse património ao serviço da população?


Claro. Mas também não seria inédito que a própria Câmara Municipal comprasse esse património. Outras Câmaras têm-no feito. Temos um valor de património incalculável, grande, muito grande. Bastaria vender o edifício do hospital à Câmara Municipal, ou a uma entidade privada, para pagarmos a toda a gente e ainda ficarmos com outro tanto, na tesouraria. Se vendêssemos o lar de idosos pagávamos a toda a gente, ou se vendêssemos a Casa da Criança ou o mercado, dito municipal, mas que tem dono, a Misericórdia. Seria fácil vender a privados mas perderíamos o proveito.


Estava a dizer que se deparou com três cenários para resolver a situação. Que cenários seriam esses?


O primeiro, o mais simples, seria fechar e entregar o hospital à banca, com quem temos a dívida. Faríamos como o Egas Moniz, com a corda ao pescoço, diríamos que não temos hipóteses de pagar, e entregaríamos uma coisa que vale muito mais do que a quantia que nos emprestaram.


Quantos postos de trabalho tem, neste momento, o hospital?


Muitos.


Essa solução significaria o despedimento dessas pessoas?


Sim e, para além disso, deixaríamos de criar mais cinquenta postos de trabalho que se prevêem para quando o hospital funcionar em pleno. E a perda da população. Passaria, assim, efectiva e imeditamente, para o sector privado lucrativo.


E com que outras soluções se depararam?


Nós temos condições, temos património, temos o hospital, temos equipamento, o que é que nos falta?! É dinheiro. Então, vamos procurar um parceiro privado que meta aqui dinheiro. Essa seria a segunda opção.


E a terceira?


A terceira hipótese era ir ter com a Câmara e fazer com ela uma parceria para financiamento do funcionamento do hospital. As câmaras municipais têm tanta ou mais obrigação do que nós em zelar pelo bem-estar das populações.


Então foi essa a hipótese escolhida.


Optámos por essa terceira solução. Fomos ter com a Câmara Municipal, que já tinha comparticipado com quinhentos mil euros a construção do hospital. Esta será, no nosso entender, a melhor solução. Não será difícil para a Câmara encarar isto como um apoio em termos económicos. Seria sempre um apoio provisório, até isto entrar no ritmo, durante três anos, na pior das hipóteses. Foi essa a proposta que fizemos à Câmara. Apresentámos várias alternativas e, independentemente destas, acreditamos que a Câmara nos poderá propor outras sugestões. O que nós não queremos é que isto deixe de ser controlado pleo concelho. Pode ser a Misericórdia ou a Câmara Municipal ou outra entidade qualquer a gerir o hospital, desde que seja com o fim de servir a população. Foi esta proposta que fizemos à Câmara, é a proposta que está em cima da mesa, é essa a proposta sobre a qual a Câmara tem de decidir. Porque nós não temos condições para continuar com o hospital aberto, para além deste mês de Março.


No modelo que apresentou à Câmara, a Santa Casa da Misericórdia manteria a propriedade do imóvel? Estaríamos a falar de uma empresa municipal? Como é que uma câmara municipal pode apoiar, directamente, um projecto destes?


A mesa da Misericórdia está na disposição de aceitar qualquer tipo de apoio que a Câmara queira dar. O que nos interessa, e o que deve interessar à população, é que o Hospital da Misericórdia da Mealhada não mude de mãos, não deixe de ser gerido por pessoas do nosso concelho. Entendemos que, desde que seja uma entidade com fins sociais, obviamente da Mealhada, é indiferente quem explora o hospital.


Pode não ser a Misericórdia a explorar o hospital?


Pode não ser a Misericórdia a explorar o Hospital, porque também puseram em dúvida a capacidade de gestão da Santa Casa. O espelho da Misericórdia vê-se pelos seus antecessores, pelo seu passado. Eles não estão cá para responder, mas deixaram a história. Palavras para quê?! Está à vista. Se duvidam da capacidade de gestão da Santa Casa da Misericórdia no presente, estou cá eu para responder. Podem duvidar da minha capacidade, mas também posso mostrar o meu currículo como gestor. Há mais de vinte anos que estou na Misericórdia, aprendi muito com os meus antecessores. Trabalhei com dois belíssimos provedores, homens de bem, o dr. Santos e dr. Pato Macedo. As pessoas que me acompanham na mesa da Misericórdia são pessoas em fim de carreira profissional e têm todo um currículo profissional. Em termos de gestão, acho que não há qualquer dúvida. Não nos preocupa que seja outra entidade a gerir o hospital. Formem uma empresa municipal, formem uma empresa mista, formem um empresa qualquer, a Câmara que sugira aquilo que entender.


Está a dizer-nos que a decisão da Cãmara poderá não estar limitada às hipóteses apresentadas pela Misericórdia?


Nós só pretendemos que o controlo do hospital não deixe de ser mealhadense, que não fuja do controlo do munícipio. E acrescento que, caso a Câmara apoie financeiramente o hospital, poderemos conseguir, entre outras regalias, que as consultas de urgência sejam gratuitas para todos os idosos do concelho e que, para os contribuintes do concelho, se implemente um modelo semelhante ao do público, apenas com o pagamento de uma taxa moderadora. Isto porque estamos a falar de um possivel subsídio que provém de dinheiros de impostos dos contribuinetes do nosso concelho. Estamos a falar de umahipótese, mas estamos dispostos a ouvir todas as sugestões por parte da Câmara. Logicamente que as propostas que nós fizemos à Câmara não são as únicas. Reforço aqui que estamos abertos e disponíveis para ouvir qualquer outra proposta que a Câmara nos queira fazer e que traga benefícios sociais para o concelho. Acrescento, também, que estamos à espera de uma Unidade Móvel de Saúde, que vai estar ao dispor da população do concelho caso a Câmara venha a apoiar este projecto.


Qual é que acha que vai ser a posição da Câmara, em relação a este projecto?


Uma coisa é qual a posição que vai tomar, outra coisa é a posição que eu gostava que tomasse. Já disse qual a posição que gostava que tomasse. A que vai tomar, não sei. Não me meto nisso, é um problema da Câmara Municipal. Posso dizer que fui contactado por um jornalista, que me fez a mesma pergunta, e respondi que não acho nada, que, para já, não é um problema meu. O jornalista deu-me a entender que já sabia a resposta da Câmara. Eu não sei. Comentou que o assunto já foi abordado e até me disse que sabia que nós precisávamos de uma resposta até ao dia 15 de Abril, porque temos uma assembleia de irmãos. É tudo verdade, só não sei como é que um jornalista tem acesso a estas informações todas. Eu confirmei e respodi-lhe que a Câmara deve decidir o que acha melhor para a população.


O senhor presidente da Câmara é um homem que se preocupa com o bem-estar das populações do concelho, tem dado provas disso. Além disso, recordemos que quando foi o encerramento do SAP, disse, e bem, que não estava muito preocupado com este encerramento porque, no seu entender, aquilo não servia a população, era insuficiente e queria mais. Portanto, aí o tem. Melhor que isto não há. O senhor presidente da Câmara tem sido sensível às situações sociais e tem-se preocupado com a população. Após uma afirmação destas, estamos esperançados que a Câmara Municipal reconsidere muito bem.


Mas será sempre um imprevisto orçamental para a Câmara...


Mas isso é como em tudo na vida. Primeiro está a saúde. E embora a Câmara tenha previsto outras prioridades, tenha os seus planos, surgiu este problema. Não sei como é que eles vão pensar, mas a saúde não tem preço. Penso que vai resolver isto pela positiva.


E se a Câmara disser que não apoia?


A Misericórdia gostava que a Câmara apoiasse este projecto. Se a Câmara tomar outra posição para nós não é dramático. Mas socialmente é muito mau para o concelho. Para a Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, se a Câmara recusar o aopio, mesmo do ponto de vista económico, não é dramático. Temos uma proposta de um grupo privado que, a este nível, nos é bastante favorável.


Mas isso acarreta consequências prejudiciais para a população?


Obviamente que sim. Os privados vêm aqui com uma proposta para ganhar dinheiro. Não vêm para dar consultas especiais, nem urgências a quinze euros, nem raio-x a nove euros. Vêm cá para ganhar dinheiro. É um investimento como outro qualquer. "Vocês têm aquilo que nós andavámos à procura: o equipamento e as instalações. E nós temos aquilo que vocês precisam: os doentes", disseram-nos os responsáveis desse grupo privado numa reunião que tivemos.


Mas pode dizer-nos que grupo privado é esse?


Não é nenhum segredo, mas acho que não é oportuno dizê-lo já publicamente. É um grupo bastante forte, bastante credível, talvez o maior grupo de saúde do país.


O que oferece o grupo privado?


É simples. O tal grupo privado oferece tudo o que a Misericórdia quiser: Pode simplesmente comprar o edifício do hospital. Pode essa entidade assumir todo o passivo que a Misericórdia tem, ou seja, toda a dívida que temos passaria para essa entidade e ainda nos pagaria uma renda mensal. Outra solução seria atribuírem-nos uma percentagem sob a facturação do hospital. Melhor do que isto, como já disse, não há. A Misericórdia estaria, portanto, financeira e ecocnomicamente, como um peixinho na água.


Seria, efectivamente, um bom negócio.


Nós estamos aqui para criar bem-estar às populações, o nosso investimento é social, não é financeiro. Não estamos aqui, portanto, para ganhar dinheiro. O acordo com os privados resolveria todos os problemas finaceiros e ainda ganharíamos com isso. Mas o maior problema fica por resolver: o problema social. Fica a população da Mealhada outra vez ao abandono, sujeita à especulação do privado. Que fique bem claro, eles vêm para aqui para ganhar dinheiro. Há também o problema moral. A Câmara Municipal deu quinhentos mil euros para a construção do hospital para um grupo privado explorar?! O que dizer às centenas de pessoas que, como eu, deram o seu contributo quando nós anunciámos que íamos construir um hospital "social"?!


Se as coisas correrem mal, como se vai dirigir a essas pessoas?


O que é que eu posso dizer?! Se nós não temos hipótese nenhuma de governar esta casa, pelas contingências que se nos apresentaram pelo caminho, o que é que podemos fazer? Temos de nos entregar. Não há outra solução. Só com uma parceria salvaguardamos tudo isto. Não há outra maneira de resolver o problema. Eu próprio me sinto ludibriado porque também contribuí financeiramnete. Como mealhadense sabia que o hospital ia ser recuperado e ia ser posto ao serviço da população. As pessoas têm de compreender que pelo caminho nos cortaram as pernas. A alteração do Governo veio mudar tudo.


A bola está então, neste momento, do lado da Câmara?


Eu não quero de maneira alguma dizer que a bola está do lado da Câmara. Quando partimos para este projecto, também não consultámos a Câmara para saber se isto era um projecto viável ou não. Agora, atendendo às circunstâncias, com este historial todo, é a Câmara que efectivamente pode resolver este problema. E poderá ser a alternativa para continuarmos a usufruir desta estrutura no concelho. Temos este problema, ajudem-nos a resolvê-lo porque, sem a vossa ajuda, não temos hipóteses.




(in Jornal da Mealhada, 4 de Abril de 2007)

terça-feira, abril 10, 2007

Ventosa do Bairro

Coral Magister em digressão

No sábado, dia 31 de Março, o Grupo Coral Magister deu um espectáculo na Igreja Paroquial de Ventosa do Bairro.
Na primeira parte do espectáculo apresentou-se o mini-coro do Grupo Coral Magister, com as músicas: Benedictus (Emeliy Crocker), Give us Hope (James Papoulis), Signore delle Cime (Giuseppe de Marzi), Minas com Bahia (Chico Amaral) e Praise His Holy Name (Keith Hampton).
Na segunda parte esteve no piano Rachelle Escoli, e a solo apresentaram-se Pedro Rodrigues, Paula Mendes, Claúdia Escoli e Daniela Carvalho. As músicas interpretadas foram: Syahamba (Espiritual Zulu), Jesu Salvator Mundi (C.C. Romaris), Stabat Mater (Estevão de Brito), Pie Jesu (Andrew Lloyd Webber), A Concert Celebration (Andrew Lloyd Webber; Arr. Coral: Mark Brymer; Arr. Banda: Calvin Custer), Giubilo (Mozart), Queda do Império (Vitorino; Harm: Rodrigo Carvalho) e Balada de Outuno (Zeca Afonso; Harm: J. Firmino).
Este espectáculo inseriu-se na digressão pelas sedes de freguesia do concelho da Mealhada que o grupo tem organizada. No próximo dia 14 de Abril, o Magister actua em São Lourenço do Bairro, nas comemorações do aniversário da freguesia. O concerto de dia 22 de Abril, previsto para a Pampilhosa, foi adiado.

Mónica Sofia Lopes
(in Jornal da Mealhada, 4 de Abril de 2007)

Assembleia geral da Sociedade Mangueirense analisa contas do Carnaval

Realizou-se no dia 24 de Março uma assembleia geral ordinária da Sociedade Mangueirense, na sede desta associação. Estiveram presentes cerca de trinta sócios.
A reunião começou com a discussão e aprovação de contas. Demonstra a documentação apresentada que a associação teve um prejuízo de cerca de quatro mil euros na sua participação nas festas do Carnaval. Relativamente a esta situação, Juvenal santos, membro da comissão de gestão da sociedade, afirmou, e adiantou: "Uma vez que tivemos este prejuízo, a comissão de gestão achou que deveria assumir o prejuízo e resolveu ficar até Setembro, caso não apareça uma nova lista que substitua a que está".
A comissão de gestão é constituída por Henrique Salvador, que preside, e por Patrícia Canas, Juvenal Santos, António Oliveira, Sérgio Semedo, Eliana Pereira, Catarina Trindade, Diana Baptista, Tânia Cardeira, Ricardo Marques, Maria da Luz Baptista, Marla Valentim, Paula Augusta e Isabel Xabregas. Isabel Xabregas é o elemento mais novo do grupo.
"A escola de samba vai tentar colmatar o prejuízo que teve no Carnaval, com a realização de festas e actuações, que estão já a ser organizadas", concluiu Juvenal Santos.

Mónica Sofia Lopes
(in Jornal da Mealhada, 4 de Abril de 2007)

segunda-feira, abril 09, 2007


Parkour na Mealhada


"É uma filosofia de vida que, sem pensar, toda a gente pratica no dia-a-dia"


Já encontrou jovens a fazer acrobacias e saltos em parques e urbanizações da cidade da Mealhada? Não são aprendizes de saltimbancos mas praticantes de parkour, um desporto radical urbano, criado há cerca de dezoito anos e que há dois anos chegou a Portugal. Na Mealhada são seis os praticantes da modalidade: João Portela, David Breda, João Luís, Jean Marques, Rui Duarte e André Dinis.

O Jornal da Mealhada foi no seu encalço e, para perceber o objectivo deste tipo de desporto, conversou com dois deles, David Breda e João Luís, de quinze anos, que praticam parkour há cerca de um ano.

"Descobri esta modalidade através do filme 'Yamakasi'. Depois, eu e o meu grupo de amigos, fomos a um sítio na Internet sobre parkour e começámos a experimentar alguns exercícios", afirmou David Breda. "O sítio tem imensas informações desde vídeos até fóruns onde se podem marcar encontros e onde se ensinam os movimentos".

Estes traceurs, termo dado aos praticantes de parkour, olham para os obstáculos da rua de maneira diferente dos comuns transeuntes. "Olhamos para eles como uma via para praticar parkour", declararam.

O objectivo essencial do parkour consiste em saltar do ponto A para o ponto B, utilizando apenas o corpo. "Temos de ter agilidade. Por exemplo, uma pessoa que tenha força, mas não tenha técnica, não o consegue fazer. No fundo, o parkour acaba por ser uma filosofia de vida que toda a gente pratica, sem pensar, no dia-a-dia. Quando se salta uma poça de água, saltamos do ponto A para o ponto B, da forma mais rápida e fluida possível. Isto é parkour", explicou David Breda.

No que diz respeito ao vestuário usado neste desporto David Breda afirmou: "É o mesmo que para ginástica: sapatilhas e um fato-de-treino. Umas luvas podem também ser úteis em alguns exercícios". A alimentação também foi outro dos pontos em que, segundo nos confessaram, ambos os traceurs passaram a ter mais cuidado.

A boa forma física, a técnica, a concentração e a dedicação, são alguns requisitos necessários aos praticantes de parkour. "Para muitos é um desporto perigoso mas exige, acima de tudo, responsabilidade. Normalmente, quem começa quer logo fazer os exercícios mais complicados, como saltar telhados. Isso é perigoso, se efeito sem prática e sem treino", disse David Breda. João Luís acrescentou: "Devemos ser muito conscientes. Mesmo quem já tem alguma técnica e prática pode magoar-se. Já estive parado um mês porque fracturei uma costela".

Nesta modalidade não existe competição e pode ser praticada em qualquer lado, basta que existam alguns obstáculos. Na Mealhada os locais preferidos pelos traceurs são a estação de caminhos-de-ferro, a urbanização da Quinta da Nora, a zona desportiva e as imediações da capela de Sant'Ana, da Igreja Paroquial, do quartel dos Bombeiros. "Corremos estes locais todos de uma só vez. Às vezes paramos num deles para treinar alguns exercícios", declararam os desportistas.

"É um desporto com muita beleza", declararam os traceurs mealhadenses que demonstraram os três dos saltos mais praticados no parkour. "Temos o monkey, que é passar um obstáculo usando os braços e passando as pernas entre os braços na saída do obstáculo. Há também o pk roll, que é o rolamento usado para dissipar o impacto. E ainda o cat leap, que é um pulo com a recepção do salto feita com as mãos", explicaram aos repórteres do Jornal da Mealhada.

Em relação à aceitação das pessoas, David Breda afirmou: "Nunca fomos abordados na rua, para tentarem saber o que é parkour ou o que é que estamos a fazer". Algumas pessoas pensam que estamos a estragar as coisas e não colocam a hipótese de estarmos a praticar um desporto", acrescentou João Luís.


Mónica Sofia Lopes

André Vaz

(in Jornal da Mealhada, 4 de Abril de 2007)


Mónica Sofia Lopes

(in Jornal da Mealhada, 4 de Abril de 2007)


Visita ao Jornal da Mealhada


Os alunos da turma do Curso de Educação e Formação (CEF), da Escola Secundária da Mealhada, fizeram recentemente uma visita à redacção do Jornal da Mealhada, acompanhados pelo professor de informática.

Nuno Castela Canilho, Afonso Simões e Isabel Canilho responderam às perguntas que os alunos traziam preparadas, explicaram o processo de escrita dos textos, de paginação e tiraram algumas dúvidas em relação ao mundo dos jornais.

Os alunos tiveram oportunidade de escrever um texto jornalístico e, eles próprios, paginaram o trabalho que editamos ao lado.


O mundo do jornalismo regional

Os alunos da turma A, do curso de Educação e Formação (CEF), fizeram uma visita ao Jornal da Mealhada com o professor de Instalação e Operação de Sistemas Informáticos (IOSI) no dia 28 de Março para saber como funciona este semanário.

A equipa do Jornal da Mealhada recebeu os alunos de forma muito cordial e simpática esclarecendo sobre a fundação e a história do mais antigo jornal do concelho, em actividade. Segundo informaram o Jornal da Mealhada foi fundado em Dezembro de 1985 por Fernando Queiroz. Nas paredes da redacção os alunos tiveram a oportunidade de observar exemplares antigos do Jornal da Mealhada.

Nuno Castela Canilho, o director deste jornal, respondeu a algumas perguntas.

Quantos trabalhadores tem o jornal?

Trabalham na redacção cinco pessoas. Isabel Canilho que é responsável pela contabilidade, publicidade e de grande parte da paginação. Mónica Sofia Lopes, jornalista. O director-adjunto e editor do desporto, Afonso Simões. O director Nuno Canilho e ainda Manuel Santos que revê os textos.

Qual o tipo de equipamento que utilizam?

Um gravador digital, máquinas digitais ou de rolo, dois computadores para a parte escrita e mais dois para a parte de paginação.

Qual é o tempo de produção de uma edição?

Uma edição demora uma semana a ser preparada e publicada.

Quais os temas mais frequentemente publicados?

Os temas mais publicados estão ligados com a política.

Onde imprimem o jornal?

A impressão é feita em Coimbra.

Os alunos tiveram ainda a oportunidade de ver o colega Rui Morais a criar uma notícia e efectuar a respectiva paginação, bem como edição de fotografia, o que se revelou uma experiência muito interessante.

(in Jornal da Mealhada, 4 de Abril de 2007)

domingo, abril 01, 2007


À conversa com... António Santiago Melo

As adegas, a trabalhar isoladamente, caminham para grandes dificuldades, eventualmente, para a falência

António Santiago Melo é presidente da direcção da Adega Cooperativa da Mealhada desde Novembro de 2006. Tendo sido inicialmente vice-presidente, assumiu o cargo que agora ocupa após a demissão de Filipe Rasteiro, que era o presidente. Tem formação na área agrícola, foi fundador da APIBAIRRADA - Associação de Protecção Integrada da Bairrada -, que se dedica ao estudo de defesas naturais da vinha, e foi presidente da Cooperativa Agrícola de Anadia. Foi também presidente da Junta de Freguesia de Ventosa do Bairro.

Qual era a situação da Adega Cooperativa da Mealhada quando a direcção que integra entrou em funções?
A situação era preocupante. Os casos que se nos afiguraram mais complicados foram a dívida à banca e o problema do cumprimento das obrigações da Adega respeitantes ao projecto Agros, a que a anterior direcção se tinha candidatado.

Quanto à dívida à banca...
Qualquer organização deste tipo tem necessidade de trabalhar com a banca e de ter financiamentos permanentes. A Adega da Mealhada tinha financiamentos um pouco altos para a sua capacidade e para o seu movimento. Afigurava-se, portanto, um problema grave, porque todos os financiamentos tinham sido concedidos a curto prazo, o que nos criava problemas de tesouraria bastante grandes. Uma das prioridades era reunir elementos, negociar com a banca e tentar arranjar soluções. Foi um processo que demorou mas, ao fim de alguns meses, conseguimos alterar o tempo de duração dos empréstimos, de curto para longo prazo, o que nos veio dar uma folgazinha em termos de disponibilidade de tesouraria.

O que pretendia a Adega com a candidatura ao projecto Agros?

Trata-se de uma candidatura à medida 2 do Projecto Agros, que foi feita, se não me falha a memória, em 2000, e que previa a instalação de uma linha de engarrafamento de vinhos trabquilos e uma linha de engarrafamento de espumantes, incluindo a feitura de um novo pavilhão.


Houve incumprimento das obrigações da Adega no que respeita a esse projecto?


Quando ali chegámos, em dezembro de 2005, o projecto estava numa fase de incumprimento. Havia um ofício que estabelecia o dia 28 de Fevereiro de 2006 como data limite para terminar o projecto.


Como resolveram o problema?


Verificámos que não tinhamos disponibilidade, nem em termos de tempo nem em termos de tesouraria, para executar o projecto, ou finalizá-lo, nesse curto espaço de tempo. Não tínhamos outra alternativa que não fosse fazer uma exposição escrita e tentar uma reunião com o gestor do programa a nível nacional, para lhe expormos a nossa situação. Conseguimos isso muito rapidamente. Fomos recebidos no Ministério da Agricultura e apresentámos o caso, pessoalmente, ao gestor do programa. Ele mostrou-se compreensivo, pediu que aguardássemos e disse-nos que iria tomar uma decisão. Passados alguns meses a resposta chegou e o prazo foi prorrogado. O projecto devia estar terminado até Fevereiro de 2007, o que não era o que esperávamos. Perante esta situação começámos pela tentativa de financiamento junto da banca. Isso não deu resultado.


Por que é que não deu resultado?


Quando nós entrámos fomos confrontados com a situação de a direcção cessante, duas semanas antes, ter vendido a quase totalidade da produção do ano anterior. E o pouco dinheiro que conseguiu realizar nessa operação tinha sido distribuído pelos agricultores. As uvas que a Adega tinha recebido, durante o mês de Setembro e em alguns dias de Outubro, na vindima de 2005, foram vendidas logo em Novembro e Dezembro, dias antes de nós chegarmos. Só encontrámos alguns vinhos do resto da campanha e pouco mais. Deixou, unicamente, o vinho que seria necessário para trabalhar a parte comercial durante o ano. Como não tínhamos recursos internos, em termos de produto acabado, a tesouraria não tinha possibilidades. Restava-nos, portanto, recorrer à banca, pedindo um financiamento. Como ele nos foi recusado, ficámos numa situação de sem dinheiro e sem produto com o qual se pudesse realizar dinheiro.


Qual o motivo da recusa de financiamento?


Provavelmente terá sido o facto de a capacidade de endividamento da Adega estar esgotada. Não sei, por que não me foi justificado. Foi-me dito, apenas, que a situação foi analisada e não era possível o financiamento.


E o problema está resolvido?


Fomos andando até agora. Acabámos por fazer uma exposição ao IFADAP, curta mas muito objectiva, na qual justificámos com documentação apropriada que, fruto da diminuição das entregas de uvas nos últimos anos, com diminuição substancial de 2005 para 2006, não temos matéria-prima para realizar dinheiro. Referimos também que pedimos ajuda à banca e que tal ajuda não nos foi dada. Perspectivando-se que a próxima vindima venha a ser de ainda menor entrega da quantidade de uvas, não temos qualquer possibilidade de terminar o projecto.


Que futuro perspectiva para a Adega?


O futuro, quanto a mim, tem algumas incertezas. A dívida à banca está a ser regularizada e estamos a cumprir com as prestações bancárias. Com alguns dos nossos fornecedores mais antigos acordámos um plano de pagamentos, e estamos a cumpri-lo. Fizemos uma reestruturação interna a nível administrativo e a nível laboral. Reorganizámos os serviços, introduzindo novas práticas na parte técnica. Tendo eu formação na área de enologia, não me ficaria bem continuar a permitir determinadas práticas que têm custos extremamente elevados. Introduzimos algumas alterações que hoje se traduzem no conseguir o mesmo trabalho, o mesmo objectivo, com custos inferiores. A reestruturação na parte laboral foi outra questão muito importante. Quando chegámos, a Adega tinha dezoito funcionários, o que era excessivo. Por um lado o mercado foi-se degradando, isto é, as vendas caíram. Por outro lado, o recurso a mais tecnologias diminuiu a necessidade de pessoal. A direcção anterior, porém, mantinha todo o pessoal. Tínhamos que mudar isto e, ao fim de sete ou oito meses, passámos a ter apenas dez funcionários. Todos os trabalhadores que saíram fizeram-no por mútuo acordo com esta direcção e sem exigirem qualquer indemnização.


Pode dizer-se que esta direcção reconstruiu toda a instituição?


Exactamente. Neste momento, estou de consciência tranquila porque conseguimos, no prazo de um ano, alterar tudo aquilo que eu acusava ou para que chamava a atenção de que não estava bem - reformulação dos empréstimos, reestruturação dos serviços, do sector do pessoal e do sector comercial. Neste sector, infelizmente, viemos encontrar situações de clientes que já não reformulavam as letras de pagamentos anteriores e a Adega continuava a fornecer-lhes produto. Agora o problema grave para nós prende-se com a diminuição da produção de uvas. Esse, sim, é que é o problema grave. Eu compreendo os agricultores, que estão cansados de andarem a produzir uvas e de não serem compensados pelo seu trabalho.


Haverá solução para esse problema?


Relativamente a certas questões eu tenho a noção exacta de que a solução não depende de nós. Como é que a direcção de uma adega tão pequenina consegue contrariar os lobbies existentes no mercado europeu, em termos de importação de vinhos? São esses lobbies os grandes causadores da actual situação de crise. Eles vão esmagando o preço, atribuindo ao produto final valores inaceitáveis. O pequeno agricultor, à partida, está condicionado por esses preços. Terá um fim breve se o sector cooperativo não tiver a coragem de, muito rapidamente, fazer alterações substanciais. As adegas cooperativas de maior dimensão, a nível nacional, têm uma gestão profissional, uma mentalidade e um comportamento de tipo empresarial. E, por outro lado, têm poucos associados e associados de grande dimensão, o que é também uma vantagem. As adegas cooperativas de menor dimensão, porém, estão mais polvilhadas de associados que, com o devido respeito, são todos agricultores com pouca sensibilidade para a resolução deste tipo de questões.



A direcção tem procurado criar essa nova mentalidade na Adega Cooperativa da Mealhada?


Eu tenho tentado trazer esta nova mentalidade para os dirigentes cooperativos da Bairrada. Repare, a Bairrada toda ela junta, todas as adegas cooperativas da Bairrada, tem volume de negócios pequeno para poder ter uma dimensão empresarial e para se debater com a concorrência no mercado globalizado. Esta é a minha opinião e, felizmente, não estou sozinho. Grandes especialistas nesta área, com quem tenho tido oportunidade de conversar, empresas de consultoria que têm grandes técnicos, grandes especialistas, todos eles são desta opinião. Com a diminuição do consumo de vinho, fruto de novos hábitos, o nosso mercado interno está saturado, e há que procurar o mercado externo. Não é a Adega Cooperativa da Mealhada isolada que vai conseguir chegar a este mercado externo. Há que criar toda uma organização que tenha uma gestão profissionalizada, que tenha um agente comercial profissional, que fale línguas, que circule por todos os certames, permanentemente, que dê seguimento aos contactos que vai estabelecendo. Caso contrário, isolados, todos os esforços são gastar dinheiro sem ter resultados.



Está a falar-nos de uma fusão das adegas da Bairrada?


A minha opinião é exactamente essa. Já o defendi na imprensa regional, e a vários níveis. Verifiquei, ainda recentemente, numa revista da especialidade, que as maiores adegas cooperativas do País - Borba, Santo Isidro de Pegões, Caves de Santa Marta e Valdorroldo, Bercope e a Adega de Felgueiras entre outras - criaram um grupo, chamado ANOVE, que se tornou no maior grupo cooperativo de Portugal. Reparem que engloba os vários tipos de vinho que existem no País: verdes, Douro, Dão, península de Setúbal e Alentejo, ou seja, criaram um portfolio, catálogo de produtos, que lhes permite, quando vão ao estrangeiro, levar na mala um conjunto de produtos diversificados de todo o País. Isto reduz os custos. Se cada adega destas trabalhasse isoladamente e tivesse que levar um agente comercial ao estrangeiro para tentar divulgar os seus vinhos, gastaria nove meses mais.


Há mais exemplos?


Lemos também, por exemplo, no dia 23 de Fevereiro, num jornal diário, uma notícia com o título: "Crise no vinho verde obriga a sociedades". Dava conta de as adegas cooperativas da região dos verdes se terem juntado - são à volta de dezasseis - para criar uma empresa, úinca e exclusivamente direccionada para o marketing e para a comercialização. Outro jornal, também diário, do dia 16 de Março deste ano, dá-nos conta de que, na zona da Beira Interior, as três maiores cooperativas da região das Beiras criaram uma sociedade para introduzir uma gestão profissional e empresarial na sua actividade. Vimos também o senhor ministro da Agricultura, nas suas intervenções, apelar às adegas cooperativas para que se reestruturem porque, se não, vão para a falência. Ou seja, tudo converge para a necessidade de fusão.


Há alguns dirigentes que são apoiantes das parcerias. Alguma receptividade que tenho tido, neste domínio, tem sido da parte da Adega Cooperativa de Cantanhede, cujos dirigentes são apologistas de que se possam fazer algumas parcerias. Nas outras adegas da Bairrada, com toda a franqueza e com todo o respeito pelos dirigentes cooperativos, não tenho encontrado essa receptividade.


Já os confrontou com essa sugestão?


Sim, sim. Logo após termos assumido funções, convidámos as direcções das adegas cooperativas da Bairrada para um encontro, na Mealhada. Para além de outros, este foi um tema atirado para cima da mesa, enquanto necessidade de alteração de alguma coisa e, eventualmente, fazer uma fusão entre as adegas cooperativas. Logo nesse dia não encontrei qualquer receptividade. Mais tarde, numa pequena notícia que apareceu num jornal diário, confirmei isso mesmo, quando outros agentes cooperativos vêm afirmar, exactamente, a recusa desse projecto. Fusões nunca, chegam mesmo a dizer.


E seria possível fazer uma fusão só com algumas adegas da Bairrada?


Na minha opinião, se não quiserem todas, pelo menos que a façam algumas. É um mal menor. O ideal, contínuo a pensar, é que mesmo todas juntas seriam poucas. Teriam ainda um volume de negócios e uma dimensão de pouca relevância para o mundo global em que vivemos. As pessoas esquecem-se de que, quando vamos a uma feira a Londres para divulgar os nossos vinhos, estão lá produtores dos Estados Unidos, da zona da Califórnia, que são empresas de só um produtor, que vendem, por ano, mais garrafas do que Portugal inteiro. É com esse tipo de questões que nos temos que defrontar. E as pessoas ainda não se consciencializaram da nossa pequenez.


Portanto, as adegas isoladas caminham para a falência?


As adegas a trabalhar isoladamente, na minha opinião, caminham para dificuldades muito grandes. Eventualmente, para a falência.


Esta recusa poderá ser uma questão de bairrismo?


Não lhe sei responder.


Haverá o receio de, fundidas, se herdarem os problemas de outras adegas?


Não. Os problemas das adegas são mais ou menos comuns. Pode haver diferenças de dimensão mas pouco mais. Eu não sou associado de mais nenhuma, não tenho acesso às contas de mais nenhumas, mas, pelo que nos parece, as adegas cooperativas, com meia dúzia de excepções pelo País, passam por enormes dificuldades. É isso que nos é transmitido nas reuniões conjuntas dos vários organismos onde estamos em representação. Eu ainda não vi, nos organismos onde nos encontramos, quem dissesse que estavam bem. Por exclusão de partes, tenho que deduzir que estão todas em dificuldades.


Quando esta direcção tomou posse desvinculou a Adega da Mealhada de uma série desses organismos, noemadamente da FENADEGAS.


Na primeira assembleia geral, depois de termos sido eleitos, pedimos autorização aos associados, para nos desvincularmos da FENADEGAS. No sector vitivinícola, há organizações a mais. A FENADEGAS quando foi criada, noutra época, com um mercado completamente diferente, podia ter algum interesse. Actualmente, o interesse que ela tem esta minimizado.


Há dificuldades em se perceber quem é que promove e quem é que defende o quê?


Exactamente. Se este tipo de organizações funcionasse na prática, como se diz na teoria, era maravilhoso. Mas depois, dentro destes organismos, e eu já passei por vários, o que se verifica é que se criam grupos de interesse, lobbies, e o dinheiro de todos é usado para defender os interesses de alguns. Enquanto dirigente da cooperativa, não estou disponível para esse tipo de coisas. Caso diferente é se amanhã aparecer uma organização mais pequena, a nível regional, que defenda os interesses da Bairrada. Somos obrigados, e eu sempre pensei assim, a não estar a defender os interesses exclusivos da Adega Cooperativa da Mealhada. Defendo-os como associado e como dirigente, mas devo, sempre que posso, defender os interesses da Bairrada. É uma zona tão pequena, onde nós todos estamos inseridos! Por que não defender? A Bairrada é pequena, deve ter uma organização que defenda um interesse comum. Estou convencido de que as parcerias têm algum interesse, mas num mercado tão difícil como aquele em que nós estamos, temos que ir já para o patamar mais alto. Se estivéssemos numa fase mais ou menos equilibrada, eu aceitava as parcerias, mas, numa altura tão difícil como esta, temos que ir mais além.


Que mais vantagens traria a fusão de adegas na Bairrada?


Uma fusão tem uma economia de escala em termos de custos, extraordinária. Vou dar alguns exemplos esclarecedores: a Adega de Cantanhede, a Adega de Vilarinho do Bairro têm, cada uma, o seu enólogo. A Adega de Mogofores, a Adega de Souselas e a Adega da Mealhada têm, cada uma, um enólogo avençado. Se houvesse uma fusão, só uma personalidade jurídica, um enólogo seria o suficiente para satisfazer as necessidades de todas. E ainda com a vantagem de todo o produto ser feito com um mesmo estilo de fazer vinhos, um produto mais homogéneo, mais uniforme, em termos da região. Falei da contratualização do enólogo, mas há outros exemplos, a nível contabilístico, a nível de sistemas informáticos, por exemplo. Havia uma enormidade de exemplos que podíamos dar aqui, quase infindáveis, que trazem os custos muito para baixo. O problema hoje não está só em conseguirmos fazer um vinho uniforme, mas em conseguir entrar em alguns mercados asiáticos de maior dimensão, em que são necessárias dezenas de milhões de litros. Interessa ter dimensão, ter um produto uniforme, mas também ter um bom preço. E, se o não tivermos, não conseguimos.


Na sua opinião o Estado deve ter algum papel na promoção de fusões?


Nada. A fusão é uma questão que diz única e simplesmente respeito às adegas cooperativas. São as assembleias gerais das adegas cooperativas que tomam a decisão , está feito, não é preciso a interferência de mais ninguém.


O Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) prevê algum incentivo nesse sentido?


Tive oportunidade de estar em Castelo Branco na apresentação das medidas do QREN para a Agricultura, onde o Ministério esteve, em termos técnicos, representado ao mais alto nível. Nessa ocasião os responsáveis anunciaram claramente que, no sector vitivinícola, não vai haver mais um centavo de apoio para estruturas físicas. Os apoios serão abrangentes para estruturas que tenham como objectivo a divulgação e a comercialização dos produtos. Especialmente se forem estruturas do âmbito regional. Daqui se depreende que estruturas isoladas não terão grande interesse para a apreciação de candidaturas. Eis mais uma razão que vem dar apoio àquilo que eu defendo: só conseguimos sobreviver se nos fundirmos.


Acha que a reestruturação da Comissão Vitivinícola da Bairrada, anunciada pelo ministro da Agricultura, poderá passar por uma fusão com a Comissão Vitivinícola do Dão?


É uma questão diferente daquela que estamos abordar. Participo nas reuniões dessa comissão e noto que tudo isso está, ainda, um pouco confuso, e terá a ver também com um jogo de interesses. Às vezes o ministro diz uma coisa num lado, mas depois manda os secretários de Estado dizer outra. A questão é que o Ministério da Agricultura, com o objectivo de reduzir os custos, aconselhou que haja uma reestruturação das comissões vitivinícolas da região Centro. Como sabem, as comissões vitivinícolas têm um representante do Estado que é pago pelo estado. Eles querem acabar com essa figura e passarem a ser unicamente os agentes económicos passariam a fazer-se representar em maior número, com o controlo do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), que asseguraria a certificação que esse organismo faz aos produtos locais, de acordo com as exigências legais. Seria simples mas há muita coisa que não se compreende, como é o caso da existência do Instituto da Vinha e do Vinho...


Como assim?


É um organismo a quem somos obrigados a pagar taxas para coisas que ele não faz. Pagamos taxa de promoção. Eu nunca vi o IVV promover vinho nenhum.


A direcção de que faz parte tomou posse em Dezembro de 2005, tendo como presidente Filipe Rasteiro que, entretanto, saiu. Isso causou algum transtorno na condução dos destinos da Adega?


Não, não causou. As coisas têm funcionado bem, felizmente. Filipe Rasteiro, por motivos que só ele e que são pessoais, entendeu, em determinada altura, pedir a demissão, e fê-lo. Eu, como nunca viro as costas aos problemas - estou habituado a isso -, e, enquanto puder, debato-me com eles e tento resolvê-los.


Que palavra pode dar aos agricultores, aos cooperantes da adega, que têm dinheiro a receber das últimas campanhas?


Como presidente da direcção da Adega da Mealhada, o que posso dizer aos associados é que todos nós temos que ter alguma esperança e paciência. Os problemas estão aí, por muitos deles todos nós somos responsáveis, mas há outros de que não temos qualquer responsabilidade e sofremos as consequências. Temos que aguentar este período difícil para, depois, termos alguma melhoria. Em termos de pagamentos aos associados, nós pensamos que, antes do Verão, será possível pagar-lhes alguma coisa, para ajudar a minimizar os custos da campanha de 2006. Não temos possibilidade de falar em montantes, para já, mas vamos fazer o pagamento, se tudo correr como esperamos e como está previsto. Ou trabalhamos todos em conjunto, lutando contra as dificuldades, ou, então, nada feito.


(in Jornal da Mealhada, 28 de Março de 2007)