Universia

quinta-feira, março 29, 2007


Mealhada


Médicos do Mundo na EPVL


Na quinta-feira, dia 22, alunos, docentes e funcionários da Escola Profissional Vasconcellos Lebre (EPVL) participaram numa campanha organizada pela associação Médicos do Mundo. Tal como já tínhamos anunciado no Jornal da Mealhada da edição passada, esta campanha tinha por base que cada aluno participasse numa caminhada, desde a EPVL até ao centro da cidade e solicitasse aos seus familiares, amigos e conhecidos uma pequena contribuição monetária que deveria ser oferecida à delegação portuguesa da associação Médicos do Mundo.

Mónica Lopes, assistente social e coordenadora do projecto "Terceira idade", que esteve neste encontro a representar a associação Médicos do Mundo, comentou: "Tentámos sensibilizar as pessoas para este tipo de causas. Este ano, este projecto abrange setenta escolas nacionais". Ana Camarinho, voluntária da associação Médicos do Mundo no projecto "Porto escondido", acrescentou: "A nível monetário temos muitas pessoas que participam. Mas faltam-nos pessoas que queiram ir para o terreno. Temos muita falta de voluntários".

Acerca destes projectos, Mónica Lopes, afirmou: "O 'Porto escondido' é um projecto que abrange os sem-abrigo, emigrantes e prostitutas, ou seja, os voluntários da associação vão para as ruas do Porto prestar auxílio a estas pessoas. O projecto 'Terceira idade' trabalha, essencialmente, com idosos".

Ao longo da caminhada, em que participaram cerca de duzentos alunos, a GNR da Mealhada também deu o seu apoio. "Tivemos duas viaturas e cinco homens da GNR a dar apoio nesta marcha, que foi feita pela via direita para facilitar o trânsito", declarou o furriel Morais.

Maria João Saraiva, professora na EPVL e uma das organizadoras da realização, afirmou: "Todos os professores contribuíram com donativos, mas só quinze fizeram a caminhada. Estipulámos que todos dariam pelo menos dois euros, mas houve alunos que deram bem mais do que essa quantia. Atingimos o objectivo que pretendíamos ao atingir tantos alunos, docentes e funcionários. Durante o próximo período de aulas vamos reforçar a mensagem desta e de outras iniciativas".

Depois da caminhada, que teve início cerca das 11 horas, os participantes dirigiram-se à escola, onde foi servido o almoço.


Mónica Sofia Lopes

(in Jornal da Mealhada, 28 de Março de 2007)


Vida comercial


Giga Café comemorou

um ano de existência


No dia 21 de Março o Giga Café completou um ano de existência. A comemoração do aniversário realizou-se no sábado, dia 24, com a actuação de elementos de alguns grupos de pagode da Mealhada e Leiria. Estiveram presentes mais de cem clientes deste estabelecimento. "Na festa actuou a fina flor do pagode mealhadense. Participaram Eurico Baptista, Telmo Sousa, Henrique Salvador, mais conhecido por Quito, João Luís e Mário Garcia" comentou, para o JM, Pedro Conceição, um dos sócios do café.

Pedro Conceição, a concluir, disse: "Este ano foi um ano de novas experiências, tanto para mim, como para o outro sócio, Marco Breda. As nossas expectativas foram superadas. Os dois computadores que temos estão sempre ocupados e os clientes costumam e podem trazer também os seus portáteis pois temos a rede wireless activada, há já algum tempo".


Mónica Sofia Lopes

(in Jornal da Mealhada, 28 de Março de 2007)

segunda-feira, março 26, 2007


À conversa com... Carlos Pinheiro

"Não aceitamos ser utilizados como arma de arremesso político", afirma o presidente da ACIM

Carlos Pinheiro é presidente da Associação Comercial e Industrial da Mealhada (ACIM). Esteve sempre ligado à área do associativismo e foi autarca desde 1979, durante vinte e um anos, tendo sido o mais jovem presidente de uma Junta de Freguesia do concelho da Mealhada, a da Vacariça. Foi também vereador da Câmra Municipal e membro da Assembleia Municipal, da Mealhada.
João Santos, do Rádio Clube da Pampilhosa (RCPfm), e Nuno Castela Canilho, do Jornal da Mealhada, falaram com Carlos Pinheiro sobre a actividade da ACIM aos microfones da referida estação de rádio.

Começou no dia 2 de Março um curso de electricistas de instalação para quinze desempregados, promovido pela ACIM. Não tendo sido a primeira destas acções de formação para desempregados, qual tem sido o nível de adesão?
Efectivamente, começou recentemente um curso de electricistas de instalação que está, neste momento, a decorrer nos Bombeiros Voluntários da Pampilhosa. Foi um daqueles a que nos candidatámos e dos que achámos interessantes e de interesse para o nosso tecido empresarial. Há já, inclusivamente, bastantes pessoas interessadas em acolher alguns dos formandos. Os formandos, para além do diploma do curso, obtêm um certificado de equivalência ao nono ano de escolaridade. Eu vou aqui dizer a mesma coisa que lhes digo a eles: Nós, quando estudantes, pagámos para estudar, mas eles estão a ser remunerados para estudar. Po isso têm que aplicar ao curso todo o seu empenho e o seu saber para aproveitar os ensinamentos dos formadores - que são da maior qualidade - e para, em conjunto com eles, obterem o mais elevado nível possível de formação. É o que lhes vamos pedindo, sempre.

Trata-se de um curso apoiado pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional, não é assim?
Exactamente. É um curso apoiado pelo Instituto de Emprego, em que os formandos têm treze meses de formação. Inicialmente, tiveram uma fase de avaliação de competências a que se seguiu o reforço de conhecimentos nas áreas em que cada um sentia mais dificuldades. Depois, no dia 2 de Março, entraram na área, propriamente dita, do curso, que tem uma componente prática e uma componente teórica. Os formandos recebem o equivalente ao salário mínimo nacional e subsídio de alimentação. Aqueles que preenchem os requisitos têm também o direito a um subsídio de transporte. E alguns, ainda, recebem apoio para que os filhos, consoante os casos, frequentem jardins-de-infância, escolas e ATL locais.

Estavam todos desempregados?
Os cursos deste tipo destinam-se, apenas a desempregados de longa duração.

O objectivo principal será a inserção na vida activa...
Sim, é esse o objectivo. Todos estavam desempregados, apesar de alguns já terem conhecimentos nesta área. Há formandos que estão a ver no curso um meio de virem a ter uma nova profissão. Há mesmo dois casos, de duas senhoras, em que, sendo os maridos electricistas, elas se preparam para colaborar com eles no exercício da profissão. Há outros que querem agarrar a ocasião para dar a volta à sua vida. Estão desempregados há algum tempo, não têm tido oportunidades de emprego e pensam que aqui estará a oportunidade de mudar de vida. E é isso que nós pretendemos.

Estava previsto realizar-se este curso nas instalações dos Bombeiros Voluntários da Mealhada. Neste momento, está a realizar-se na Pampilhosa. Há alguma razão em especial para que isso aconteça?
Nós vínhamos realizando todos os cursos nas instalações dos Bombeiros Voluntários da Mealhada. Como sabem, todos os cursos têm várias componentes - os formandos, os formadores, e o aluguer de salas -, e vínhamos estabelecendo com os Bombeiros da Mealhada determinado valor para ocupação das várias salas. Nós chegámos e utilizar todas as salas dos Bombeiros da Mealhada com formação pós-laboral, que é aquela que decorre a partir das 19 horas, e com formação para desempregados, que é o caso deste curso e de um outro que demos o ano passado, o de desenhadores projectistas de AutoCad. Entretanto a direcção recentemente eleita dos Bombeiros entendeu que o preço da utilização das salas seria baixo e propôs-nos outro valor.
Nós já tinhamos acertado com a direcção anterior um aumento no preço por hora, que rondava, mais ou menos, os treze por cento. Já estava definido, tínhamos um documento da direcção e, aliás, chegámos a iniciar lá este curso. Esta direcção entendeu que o aumento de treze por cento era insuficiente. Com a verba que nos foi contraposta, passaríamos dos cinco mil e seiscentos e tal euros que estávamos dispostos a pagar, para catorze mil seiscentos e tal euros, só por este curso. Não haveria possibilidade nenhuma de realizar o curso, desta forma. E, então, tentámos resolver o problema e optámos por recorrer aos Bombeiros da Pampilhosa. Este curso é realizado em parceria com uma entidade formadora, que é uma empresa de Anadia, e esta chegou a oferecer-nos a cedência gratuita de um espaço, em Anadia, para o funcionamento do curso. No entanto, nós não tínhamos interesse nisso.

Como reagiram os formandos a essa transferência? Terá havido desistências por causa disso?
Não, o grupo manteve-se estável. Conversámos com todos. A maioria é da Mealhada, mas pareceu-nos que todos entenderam perfeitamente a situação e não houve problema. Há uma formanda, por exemplo, que vem de Oiã e, em vez de descer na Mealhada, desce na Pampilhosa. E alguns formandos da Pampilhosa ficam mais perto do local das aulas. A mudança foi aceite com toda a naturalidade.

Penso que este é o segundo curso do género organizado pela ACIM. Está mais algum projecto em cima da mesa, para já?
Sim, nós temos muitos projectos em cima da mesa. Já fizemos muito, queremos fazer ainda mais e alguns projectos passam, inclusivamente, pela Câmara Municipal. Achamos que a Mealhada é um concelho muito bem localizado, eu diria mesmo excelente a nível de localização, ou seja, tem todas as condições para poder instalar aqui se quisermos, alguns pólos ligados a estágios pós-licenciatura, à investigação, a muitas áreas, porque, realmente, estamos perto de duas excelentes universidades públicas, de Aveiro e de Coimbra. Também estamos relativamente perto da Universidade da Beira Interior, na Covilhã. Estamos, ainda, relativamente perto do Porto e perto de Lisboa, tendo em atenção as excelentes vias de comunicação que nos ligam a essas cidades. Temos um novo parque industrial, o da Pedrulha, e é altura de começarmos a investir em empresas ligadas às novas tecnologias, que têm tudo a ver connosco. Não nos podemos esquecer que Aveiro é um pólo muito importante de desenvolvimento ligado às novas tecnologias. Porque as universidades têm cada vez menos espaços de trabalho para dar aos alunos na situação de pós-licenciatura e cabe aos concelhos começar a disputar isto. Temos tido algumas conversas com a Câmara nesse sentido e penso que ela está também empenhada em aproveitar essa oportunidade.

A Câmara tem sido, então, sensível a essa visão.
Gostaríamos que fosse mais. Às empresas cabe gerar negócios e criar riqueza. Às Câmaras Municipais cabe gerir os municípios. Irá sempre haver, no entanto, menor consonância, digamos assim, nalguns temas, por uma razão muito simples: as empresas, muitas vezes, têm que pensar de manhã e agir à tarde. Sabemos que a máquina da administração pública, infelizmente, não funciona assim e, por vezes, quando responde a um desafio, a resposta já não faz sentido porque o problema já está ultrapassado. É na agilidade dos processos, na rapidez de responder aquilo que são desafios, que reside a diferença. Entre termos ou não investimento, entre sermos rentáveis ou não o sermos, e entre sermos capazes de gerar mais ou menos riqueza, reside o grande desafio que se está a colocar, cada vez mais, aos municípios. E tem mesmo de ser assim.

A Câmara da Mealhada terá muito caminho a percorrer nesse sentido?

Politicamente, não quero entrar por essa via. A nós, empresários, cabe-nos fazer julgamento empresarial. Cabe aos políticos fazer o julgamento político, apesar de não haver nenhuma Câmara no país que não tenha, sempre, alguma coisa a mudar, assim como qualquer empresa. Gostaríamos, porém, que as mudanças fossem mais rápidas. É isso que pretendem as empresas.

Tem havido críticas à ACIM pelo facto de promover formação em áreas onde já existem outras instituições a fazê-lo. Tem promovido formação, por exemplo, na área de desenhador projectista e de electricidade, e a Escola Profissional também trabalha nesses sectores. Como é que entende estas críticas?
Parte da formação que fazemos é pós-laboral. Tem a ver com um leque bastante alargado de cursos que nos são propostos. Nós procuramos concorrer aos que achamos mais interessantes, que nos parecem mais necessários para esta zona. Nem sempre conseguimos que nos sejam concedidos, assim como não o conseguem outras associações. E o curso de desenhador projectista de AutoCad, destina-se a desempregados. Trata-se de um curso que tem dois objectivos: criar um desenhador projectista e dar equivalência ao nono ano de escolaridade. É evidente que não vamos conseguir um desenhador projectista da mesma qualidade de um que ande três anos na Escola Profissional, nem é esse o objectivo. Os cursos que têm estado a nosso cargo são estabelecidos pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional através do Ministério do Trabalho e da Segurança Social. São eles que traçam o perfil destes cursos, não é a ACIM. Como não é à ACIM que cabe estabelecer políticas de formação profissional a qualquer nível. Se houver alguma coisa a reclamar terão de ser dois ministérios a responder às reclamações, o da Educação e o do Trabalho e da Solidariedade Social. Neste curso de electricistas, por exemplo, deposito muitas expectativas porque continuamos a ter bastantes lacunas em electricistas, como também as temos quer em canalizadores, quer em serralheiros, quer em profissionais ligados à área do frio.

Além de proporcionar formação profissional, a ACIM tem, na sua sede, um gabinete de apoio aos desempregados, a cargo de um técnico do Instituto de Emprego e Formação Profissional.
É verdade. Pela primeira vez no concelho da Mealhada existe um gabinete aonde se podem dirigir as pessoas que tiverem assuntos a tratar com o Instituto de Emprego e Formação Profissional. Para validação da situação de desempregado, que deve ser feita de quinze em quinze dias, e para inscrição no Instituto de Emprego, os interessados não precisam de se deslocar a Coimbra. De quinze em quinze dias está em serviço na nossa sede um técnico para dar apoio àqueles que procuram emprego ou precisam de tratar de qualquer assunto ligado a áreas que dizem respeito ao Instituto de Emprego. Se a procura o justificar esse técnico passará a vir todas as semanas. Os resultados deste apoio têm ultrapassado, largamente, as nossas expectativas.
Paralelamente a isso também referia a nossa unidade UNIVA, que é uma unidade de inserção na vida activa. A respeito disso posso dizer que, durante o ano de 2006, nós crescemos, em termos de empregabilidade, qualquer coisa como sessenta e três por cento.

Mas pode explicar-nos como é que a UNIVA funciona?
Repito, é uma unidade para a inserção na vida activa. Nós temos, em permanência, uma bolsa de oferta de emprego e de pedidos de emprego. Os interessados, trabalhadores e empresas, vão à ACIM, inscrevem-se e nós procuramos satisfazer os pedidos que nos são dirigidos. Temos colocado, em postos de trabalho, muitas pessoas. Por vezes, porém, não dispomos de trabalhadores suficientes para corresponder às solicitações.

Há mais oferta do que procura?
Em certas situações há. Por exemplo, neste momento, no nosso concelho a restauração é uma área de actividade que está sempre a pedir pessoas para trabalhar e continua com dificuldade de encontrar pessoas que queiram trabalhar nesse ramo de actividade.

O concurso de montras arrastou-se por largos meses e foi mesmo alvo de alguma polémica. No final de todo este concurso, depois dos prémios terem sido entregues que balanço é que faz desta primeira iniciativa?
O concurso fez parte de uma candidatura na área da promoção e modernização do comércio local que apresentámos para o Luso e para a Mealhada. Organizámos o concurso em parceria com o jornal Mealhada Moderna. Numa primeira fase houve alguma resistência, alguma desconfiança das pessoas. Estava para ser realizado no fim do ano, mas só havia quatro inscritos. Achamos que não era muito dignificante fazer um concurso só com quatro montras. Apesar da forte insistência que tivemos. Decidimos não fazer e logo apareceram os de sempre, que se apressam a criticar e dizem que tudo está mal. Um dia mais tarde, eu e o presidente da Junta de Freguesia da Mealhada fomos para a rua e numa tarde arranjámos vinte montras. Tivemos um júri que teceu os maiores elogios e este concurso.
Eu desde que sou presidente da ACIM mudei o modo, os meus hábitos de consumo e hoje sou muito mais consumidor no pequeno comércio do que o que era. E em boa altura o fiz porque. O pequeno comércio continua a ser muito importante, há mais proximidade, conhecemos as pessoas. No pronto-a-vestir, por exemplo, é fácil pegar numa peça e experimentar em casa. No grande comércio não fazemos isso.

Nota-se que o comércio tradicional tem condições para fazer voltar os clientes?
Eu penso que o comércio tradicional passa mais tempo a queixar-se do que a explorar as potencialidades que tem em si. No concurso de montras vi montras lindíssimas, espectaculares, resultado não só do empenhamento dos comerciantes, mas também dos conhecimentos e das qualidades que possuem. Há que pôr essas qualidades ao serviço deles próprios, estimulando, por sua vez, os consumidores a fazerem as suas compras nos estabelecimentos do comércio tradicional.

As acções do programa de promoção e modernização do comércio implementadas pela ACIM têm produzido resultados satisfatórios?
Eu acho que sim. No mínimo mexe, estimula, divulga, e há uma coisa importante, é que vem demonstrar a alguns comerciantes que são capazes, quando nem eles próprios acreditavam nisso. E se, no caso das montras, foram capazes de fazer coisas tão engraçadas, tão atraentes, partindo do nada, com um bocadinho mais de experiência, mais irão fazer. Vamos organizar, também duas feiras de reduções, uma no Luso e outra na Mealhada. É preciso que se entenda, no entanto, que esta realização não se destina só aos comerciantes do Luso e da Mealhada. Podem participar comerciantes de qualquer parte do concelho.

No final do mês de Fevereiro, o pedido de instalação, na Mealhada, de mais uma grande superfície comercial foi apreciado pela Comissão Municipal de Economia na qual a ACIM tem representação. O pedido foi aprovado pela comissão mas com o voto contra da ACIM, que já tinha tomado idêntica atitude há um ano. A ACIM está isolada, neste caso?
A associação não se considera isolada. Antes da reunião da Comissão Municipal, a direcção da ACIM reuniu e a deliberação sobre o sentido de voto foi unânime. A ACIM votaria contra. Nós entendemos que os estabelecimentos comerciais de média e grande dimensão, na Mealhada, trazem mais desvantagens do que vantagens. Essas empresas nem sequer pagam impostos na Mealhada. Da Comissão Municipal de Economia fazem parte os presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal, o presidente da ACIM, o director regional da Economia e um representante dos consumidores. Estes dois últimos não são da Mealhada e, portanto, isto não lhes diz nada. Nós somos uma associação empresarial da Mealhada e entendemos que o pequeno comércio e o concelho perdem mais do que ganham com a instalação dessas superfícies comerciais.

E a perspectiva do consumidor?
Não me cabe a mim julgar. Mas se o representante dos consumidores votou a favor é porque entende que o consumidor ganha com isso.

Há cerca de um ano essa comissão colocou um conjunto de condições a uma empresa que pretendia instalar-se no concelho. Foi tomada iniciativa idêntica em relação e esta?
Creio que não. Mesmo com esse conjunto de condições, a ACIM, nessa altura, votou contra.

Quem vai organizar a terceira Expo Mealhada?
A ACIM tem que ser mais respeitada porque já conseguiu muita coisa para o concelho e está envolvida em muito mais coisas que pretende conseguir. Não aceitamos ser utilizados como arma de arremesso político. Não vale a pena usarem o nome da ACIM para lutas políticas. A única coisa que queremos dos políticos é que apliquem bem o resultado dos impostos que geramos e que pagamos. Isso temos o direito de pedir e nunca iremos descurar essa nossa vertente. Fui vinte e um anos autarca, se quisesse continuar a ser autarca teria continuado a ser autarca teria continuado a ser, continuaria a ter alguma intervenção política, mas não foi esse o caminho que segui.

Resume-se tudo a uma questão política?
Também. Por outro lado, tem para nós uma vertente muito interessante e positiva. É que se a Expo Mealhada não se tivesse realizado com sucesso, hoje ninguém falaria nisso nem suscitava a preocupação que tem causado. É bom dizer-se que a Expo Mealhada teve um cunho muito forte da ACIM e da Câmara. Mas é preciso, neste momento, que o poder político defina, de uma vez por todas, como quer e o que quer da Expo Mealhada. Por mim a Expo Mealhada não deve parar, é um comboio que está em andamento e tem trazido muito, tem contribuído para a divulgação do nome da Mealhada, tem contribuído para a afirmação do concelho. Também não queremos e nem vamos comparar a Expo Mealhada a outros eventos do género, porque também não podemos comparar a dimensão do nosso concelho com as de outros. Há também a questão da idade... Nunca fizemos a Expo Mealhada com o objectivo de copiarmos qualquer coisa doutro tipo de eventos. Fizemos a Expo Mealhada para que a cidade se afirmasse no tecido empresarial como local privilegiado para exposição e divulgação de produtos e produtores. Achamos que a Mealhada tem condições para realizar uma Expo como tem, já, para uma Feira de Gastronomia, que tem sido um êxito. A minha opinião é a de que, na perspectiva económica, na dimensão, na divulgação, a Mealhada teria a ganhar se juntasse os dois eventos. Não é assim, porém, que o poder político entende e temos que respeitar.

Quanto à realização da Expo Mealhada 2007 qual o ponto da situação?

Nós estamos à espera de uma reunião conclusiva com a Câmara Municipal, que eu desejo que muito rapidamente, para podermos definir as questões principais. Começa o tempo a escassear.

Já se corre o risco de, mesmo com boa vontade, não se ir a tempo?
Já começa a ser dificil. Já é uma nau complexa de gerir, que envolve muitas coisas, tem muitas implicações e eu não gosto nada de fazer coisas em cima do joelho. Gosto muito de programar as coisas com algum tempo, porque mesmo programadas há sempre imprevistos. Queria deixar um apelo a todos os políticos: em vez de, por vezes, andarem a provocar chicana política, prestariam melhor trabalho ao concelho se contribuíssem para haver um dar as mãos, digamos assim, de forma a que possamos transformar este evento numa realização maior e mais valorizada. Andarmos a ver só se quem, organiza é A ou B ou C pouco importará. Para mim o importante é que se organize.

Não cessou o diálogo com a Câmara?


O diálogo tem sido aberto. Só falta, neste momento, a definição de algumas questões de pormenor. Nenhum evento destes se poderá realizar satisfatoriamente se o município onde está inserido não estiver fortemente envolvido. É preciso que o município defina, claramente, o que haveremos de fazer da Expo Mealhada. Se o município estiver efectivamente interessado em que realizemos a terceira Expo Mealhada, não será pela ACIM que ela não se realiza. É bom que as pessoas entendam que o processo já está a atingir uma dimensão que é muito desgastante, mais do que as pessoas pensam.


Até aqui temos tido uma excelente colaboração de todos os órgãos de comunicação social do concelho. Quanto às empresas sabemos que não têm tido um ano fácil, mas estarão com certeza mais uma vez interessadas em participar e vão perguntando, com alguma insistência, em que ponto está o processo de organização da feira. A ACIM está disposta, mais uma vez, a avançar, mas precisamos que a Câmara se decida.


Na assembleia geral da ACIM que aprovou o orçamento para 2007, sentia-se que havia garantias de que a Câmara , de alguma maneira, iria assumir a organização do certame. O que é que mudou?


Eu o confirmo é o seguinte: é que surge no orçamento municipal de 2007, pela primeira vez, uma rubrica intitulada Expo Mealhada. A ACIM, por seu lado, não está de maniera alguma afastada da Expo Mealhada, mas eu acho que, a exemplo do que acontece noutros locais, a iniciativa deve partir da Câmara Municipal. Só por duas razões: pela dimensão da Expo e porque a ACIM é uma associação recente. Estava mais ou menos assumido que seria a Câmara a liderar a organização, mas com o nosso apoio. Trabalharíamos sempre em conjunto. Parece que a Câmara não quer que seja assim. Nós, apesar de tudo, não queremos deixar morrer o evento. Estamos à espera da dita reunião com a Câmara, para resolver isto.



(in Jornal da Mealhada, 21 de Março de 2007)








quarta-feira, março 21, 2007

MEALHADA

Sociedade Mangueirense vai a votos

No próximo sábado, dia 24, realizar-se-á, a partir das 15 horas, na sede da Associação Sociedade Mangueirense, uma assembleia geral ordinária de associados desta colectividade. Da ordem de trabalhos da assembleia constam três pontos - apresentação de contas da comissão de gestão, apresentação de listas e votação para a eleição dos corpos gerentes para o biénio 2007/2008 e, ainda, discussão de outros assuntos de interesse para a associação.

Mónica Sofia Lopes
(in Jornal da Mealhada, 21 de Março de 2007)

domingo, março 18, 2007


À conversa com... Fernando Correia


"Não é necessário haver uma ligação directa com uma universidade para se fazer ciência", disse o entrevistado


Fernando Correia é biólogo. Licenciou-se em Coimbra onde, também, tirou o mestrado em Ecologia Animal, e trabalha, desde 1994, na divulgação gráfica e por escrito de conteúdos científicos das áreas da sua formação académica. No início da sua actividade de ilustrador científico trabalhou com Jorge Paiva, Isabel Abrantes e Susana Santos, todos da Universidade de Coimbra. Vive na Pampilhosa e dedica-se, principalmente, à ilustração botânica. Confessou, no entanto, a João Santos e a Nuno Castela Canilho, aos microfones da RCPfm, que lhe agrada mais a ilustração na área da zoologia.


"Atuns, bonitos e cavalas - nómadas do atlântico" é o título do livro que publicou recentemente. O que pode levar o leitor a comprar essa obra e a colocá-la na mesinha de cabeceira? Não trata de um tema comum...

Se calhar até é um tema comum. E o leitor, para além de o escolher para a mesinha de cabeceira, também o escolhe, por natureza, para a mesinha onde se alimenta. O atum é um peixe que está nos nossos hábitos alimentares, está enraizado na nossa história desde os primórdios de Portugal e, por isso, o assunto tem a sua pertinência. Há uma segunda pertinência que é o facto de ser um tipo de peixe com características muito interessantes, mas que está à beira da chamada extinção comercial, ou seja, nós já não poderemos explorar mais os seus estoques marítimos. Há, portanto, a necessidade de alertar o público para essa contigência. A obra que publicámos é um livro amplamente ilustrado que prima por criar uma mensagem a dois níveis, seja um nível mais cientifico, até porque é um livro de divulgação cientifica, seja um segundo nivel, que permite puxar um outro tipo de público, que se interessa mais pela história que as imagens contam.


É uma boa oportunidade para as pessoas perceberem que o atum não é apenas um animalzinho que vem dentro das latas...

Exactamente. O que nós vemos nas latas é a parte muscular do atum, o que comemos, como comemos a parte muscular de outros animais. As pessoas não se apercebem de que aqueles oitenta e cinco gramas, ou duzentos gramas, daquelas latas pequenas, são extraídos de um animal que pode, muitas vezes, chegar até aos setecentos quilos, o que é extraordinário para um peixe.


Como surge um livro deste tipo? É uma encomenda, uma sugestão ou resulta da vontade única dos seus autores?

Neste caso surgiu a partir de uma sugestão do editor com o qual eu e o meu sócio, Nuno Farinha, temos vindo a trabalhar já há muitos anos. Este editor é responsável por duas importantes colecções, se calhar até únicas no contexto nacional, que são a colecção do património natural transmontano e a colecção do património natural açoriano. Dentro desse contexto nós temos criado uma parceria bastante interessante em que procurámos que o editor puxasse um bocado mais pela qualidade das suas obras. Por isso, temos tido um trabalho de direcção da arte presente nesses livros e a qualidade dessas publicações tem aumentado. Tal facto tem sido reconhecido não só pelo editor, como também pelo público. Isso traz a si outras necessidades. A colecção começou com dois ou três livros e hoje tem um significativo exponencial de livros que estão a ser feitos em paralelo, em simultâneo.

Há cerca de de dois anos o editor teve esta ideia e sugeriu-nos este tema. Nós agarrámo-lo mais pela importância do atum no contexto da nossa dieta, no contexto dos recursos naturais. E, a partir daí, foi feita uma investigação, uma série de contactos, uma vez que não sou biólogo marinho. A minha especialaização é na parte da ecologia terrestre e, como me considero um biólogo generalista, tenho, como os antigos naturalistas do século passado, gosto de abordar tudo na sua generalidade. Mas precisamos de ser complementados e, nesse sentido, reuni um leque de investigadores, experts na matéria, que me auxiliaram com as suas sugestões. Depois disso, houve a parte, em que eu me sinto mais à vontade, que é a parte da ilustração. O livro foi complementado com os resultados de uma investigação bastante aturada que nos levou a deslocarmo-nos até aos Açores.


Foi um desafio para a sua carreira?

É um desafio e não é. Obviamente não era o nosso primeiro livro e, portanto, já estávamos habituados a trabalhar no sentido de saber como divulgar a ciência. Já sabíamos aquilo que é importante para o público. Nós colocámo-nos muitas vezes do lado de lá. A primeira questão a que tentamos responder é: O que é que nos interessa conhecer? O que é importante as pessoas saberem? Quais vão ser os anzóis para captar a atenção, para mantermos as pessoas interessadas ao longo do livro? Nesse sentido há sempre um desafio, de facto, apesar de já não ser uma novidade.


Quanto tempo demorou este livro a ser feito?

Este livro cerca de um ano, um ano e meio, a ser feito, entre pesquisa, execução de textos, correcções e sugestões, entre fazer as ilustrações e submetê-las aos experts, para eles também fazerem as suas críticas e depois emendas. Até à parte final, em que tudo já está em ponto de caramelo para ser tudo colocado, maquetizado e, depois, fazermos o design para que a mensagem seja lida como um todo.


A paginação também é da vossa autoria?

Sim. A única coisa que não fazemos, ainda, e esperemos que um dia venhamos a fazer, é a impressão.


Para além da escrita, há a ilustração. Não se trata de um processo linear...

Exacto. Não é um trabalho que se possa fazer ao sabor da pena.


Uma obra deste tipo carece de inspiração.

Sim, a inspiração conta muito. E escrever de uma maneira que seja atractiva também não é linear.


Falou-nos do público. Este não é um tipo de livros feitos de investigadores para investigadores?

Não é totalmente assim. O que temos nas nossas mãos não é um manual de investigação, nem um manual científico. É um livro de divulgação científica. Tem outros cuidados em termos de linguagem utilizada, na maneira como são conjugados os vários temas, como se criam interligações. Não se trata de divulgarmos o nosso trabalho para os nossos pares inverstigadores, mas para um público mais abrangente, muitas vezes para pessoas que, por exemplo, aquilo que conhecem de um atum é aquilo que vêem na mesa. Aí, temos de cativar e, de certa maneira, dirigir a informação de modo a que seja apelativa. Tem de haver um cuidado grande na construção do texto, na construção das imagens e na construção de um todo coesivo do livro. As pessoas têm de se sentir tentadas a tirar um livro destes da prateleira das livrarias, folheá-lo, ler algumas partes que têm pontos-chave para chamar a atenção e, obviamente, comprar.


Já nos disse que não trabalha sozinho, que tem um sócio, Nuno Farinha. O trabalho em dupla tem sido importante para a concretização deste tipo de projectos?

Eu costumo dizer muitas vezes às pessoas que duas cabeças pensam melhor do que uma. Não é normal no nosso país, pelo menos nesta área, que existam equipas. Eu entendo que temos sempre a ganhar nessa perspectiva porque há o confronto de duas maneiras diferentes, de duas ideias diferentes, que arranjam soluções diferentes para o memso problema. Quem fica a ganhar com isto é sempre o cliente. A mensagem do livro é sempre feita por duas pessoas, complementado por duas pessoas e, obviamente, em termos de prazo, conseguimos sempre dividir o trabalho e fazemo-lo em metade do tempo, teoricamente.


E da discussão acaba sempre por resultar melhor qualidade.

Claro, sem dúvida.


O vosso livro teve o apoio da Câmara Municipal da Mealhada. Terá sido, também, um importante empurrão para a conclusão deste projecto...

De facto foi uma mais valia. As câmaras municipais, com a sua intervenção, têm sempre um papel importante no auxílio dos autores, porque ajudam e fomentam um bocadinho o trabalho.


Mora na Pampilhosa. O facto de a sua morada e o seu ateliê se situarem entre duas grandes universidades com tradição científica ajuda no exercício da sua profissão?

Eu costumo dizer que enquanto tiver telefone e tiver computador e electricidade, nada me assusta. Hoje em dia, face a estas novas tecnologias, nós conseguimos trabalhar, nem que seja do outro lado do mundo. Nós temos clientes com os quais não contactamos fisicamente, mas através de vídeo-conferência, de e-mails, ou através de outros meios e, desse modo, conseguimos controlar todo o trabalho. Eu vim aqui parar à Pampilhosa e é engraçado porque, se formos a ver, esta vila não está só entre dois pólos universitários importantes, mas também está entre a serra e a praia, entre os comboios e as auto-estradas. Portanto, se analisarmos tudo isto, residir na Pampilhosa é um benefício, em relação a outras localidades. Em termos de ciência, eu acho que as universidades exercem uma acção de fomento nesta área, porque, teoricamente, é nestas casas que ela se desenvolve. Coimbra está com uma tendência para extravasar, Aveiro sempre teve uma dinâmica diferente, também porque é uma universidade muito mais nova. As pessoas que têm uma certa energia e dinâmica criam os seus próprios trabalhos, ou seja, não é necessário haver uma ligação directa com uma universidade para se fazer ciência.


É inegável que este livro tem ilustrações de grande qualidade e em número apreciável. Este livro tem ciência mas também tem beleza. Será a beleza o que mais cativará os leitores?

Como toda a gente sabe, nós somos primatas. E o primata é um animal extremamente visual, ou seja, o que nos cativa nma primeira vez é aquilo que observamos e depois é que se distribui pelos outros sentidos. Num livro que prima pela imagem, obviamente que a pessoa que o folheia sente-se atraída pela beleza que ele possa conter nessas imagens. Portanto, o primeiro ponto de ancoragem à obra são sempre as ilustrações, imagens ou fotografias. Nestes livros de investigação científica a ilustração ocupa um grande espaço em toda a obra porque conta uma segunda história. Nós conseguimos através das imagens obter uma série de informação que não está descrita no texto . O leitor que folheie o livro consegue, numa primeira pesquisa da obra, ter uma noção muito geral de quais são os temas nela abordados. Logo, automaticamente, sabe se se sente atraído é meio caminho para o adquirir.


Além deste livro Fernando Correia já participou em outros projectos. Será possivel enumerá-los e enumerar também outros livros que o senhor e o seu sócio tenham também publicado?

Em termos de publicações de que somos autores contam-se obras grandes, na base das duzentas páginas, e outras mais pequenas, como catálogos, em exposições. Fizemos obras para parques do nosso país, como o Parque Biológico de Gaia e a Quinta de Aveleda, parques ligados à fauna exótica. Depois temos outros livros, da nossa autoria, de divulgação geral. O primeiro livro com o qual nós começámos foi uma obra criada para a Câmara Municipal de Coimbra, o livro "Coimbra, parques e jardins" e no qual abordámos doze grandes jardins de Coimbra. Há mais, mas, digamos, estes foram os mais emblemáticos, como, por exemplo, o Jardim Botânico. E posso também citar outro que hoje já não existe, que é a Mata de Vale de Canas. E as pessoas, através deste livro, podem recordar um bocadinho qual é que era o património desta mata. Nós temos todo um conto de imagens, daquilo que já não existe, porque neste momento só se vê espaço vazio e árvores caídas.


Como é que um biólogo, ligado à área da ciência, se torna um ilustrador, que, para todos os efeitos, é uma pessoa com formação artística? Fernando Correia tem que dominar técnicas de ilustração que, normalmente, no percurso escolar normal, curricular, não estão acessíveis a um cientista ou a um biólogo. Como é que isto aconteceu?

É assim: Eu também digo, em brincadeira, que comecei muito cedo porque os meus pais me deixavam fazer pintura rupestre nas paredes de minha casa. Obviamente que sofri os respectivos correctivos e aprendi que devia utilizar o papel. A partir daí foi gradual. Eu fui autodidacta na questão da arte, na questão das técnicas artísticas, e aprendi a devorar muitos livros, porque se aprende também a ver, a ler e, muitas vezes - isto não se devia dizer -, a copiar, não o que as outras pesoas fazem, mas as técnicas que utilizam para chegar a um determinado efeito. Essa foi a primeira abordagem. Mas eu também sempre tive vontade de estar em contacto com a natureza, porque a biologia foi a minha parte inicial. O engraçado desta situação foi o que eu vi que podia conjugar as duas, numa determinada actividade, que é a ilustração científica. Posso criar um híbrido entre a ciência e a arte. Basicamente, foi esse o percurso em termos de como conjugar as duas actividades. Aliás, nós damos formação sobre ilustração científica em vários locais e em várias universidades. Criámos, em 1996, a disciplina de Desenho Biológico, que faz parte do currículo de estudos na Universidade de Évora. Era um disciplina na qual leccionávamos esses conhecimentos. Nós íamos ensinando através da nossa própria experiência. O engraçado foi quando fomos confrontados com professores de Belas Artes que vinham frequentar os nossos cursos. E nós diziamos: O que é que nós lhes temos para ensinar? A resposta é: Nós temos um a dinâmica muito prática e eles, muitas vezes, têm que ter a percepção do conceito, na maniera como fazem uma silhueta, na importância do risco, na maneira como estabelecem o contorno. Nós nesses cursos tivemos que tirar um bocadinho esses vícios da abordagem rápida dum objecto para incutir o hábito de um abordagem cuidada. O que fazemos em ilustração científica não é desenhar de memória, é observar e desenhar o objecto que temos à nossa frente.


Nos trabalhos que apresentam, usam as técnicas tradicionais, aguarelas, tintas?

Já passámos essa fase. Nós começámos pelo lápis. Daí partimos para um meio de expressão descontínua, que foi a tinta da China, em que criámos ilusões ópticas, com base no branco do papel e no preto da tinta. De seguida, partimos para a expressão da cor e aqui foi outro desafio. Também porque começámos pela técnica menos fácil, a dos óleos e destes passámos para o acrílico e daqui para as aguarelas e oa guaches. Depois, em 1998, começámos a aperceber-nos das potencialidades das plataformas informáticas, dos computadores, dos programas, e começámos a explorar esse meio. Desde essa altura até hoje, posso dizer que tenho um estirador em casa, que serve para suportar livros, tenho um armário cheio de tintas, que lá estão guardadas para os meus filhos usarem um dia destes, se ainda estiverem boas, tenho uma carrada de lápis, mas o meu trabalho é todo feito, praticamente, no computador.


No concelho da Mealhada existem vários programas de consciencialização ambiental. Isto é algo que se pode aprender?

Eu considero que sim. Se nós olharmos para o nosso país em redor ou para África, nós somos um verdadeiro oásis de que vale a pena cuidar, não só porque temos um a diversa variedade de espécies animais e de plantas, como também temos uma grande extensão de costa. Essa necessidade de sensibilizar as populações para esse nível de conservação de energia - a reciclagem, por exemplo -, demonstra que existe uma série de situações com a qual podemos colaborar. Eu considero que, para além do contributo dos nossos livros e das nosass obras, há um outro factor bastante importante nas povoações, que são as associações. Nós temos associações de folclore, mas também já começamos a ter associações dedicadas ao ambiente. Uma delas é, na Pampilhosa, "A ofinica das ideias", que está, essencialmente, preocupada com esse aspecto.


Voltando à ilustração, como é que se chega da ideia até à obra, propriamente, dita? Como é que fazem o desenho de uma ave ou de um animal de grande porte, como uma baleia, por exemplo?

Aí está um aquestão complicada, pois não podemos ir à praça e comprar um animal, aliás porque as baleias estão protegidas e, felizmente, ainda bem, que assim é. E também não é um peixe, é um mamífero. Temos que ter em, atenção o seguinte: Quando nós fazemos uma determinada ilustração, temos de fazer um grande trabalho de pesquisa, que pode ser descritiva, vamos consultar textos e também fazemos uma pesquisa ao nível da imagem. Um dos nossos grandes gastos são, sempre, os livros. Estamos sempre a investir em livros. Uma outra hipótese de trabalho é observarmos documentários na televisão; e outra, ainda, é irmos à nossa querida Internet. Felizmente, que ela existe. Nela conseguimos, rapidamente, adquirir toda uma série de imagens. Ora bem, estas imagens servem de base para nós construirmos e fazermos o nosso desenho, ou seja, não se trata de uma cópia, mas o que se pretende é obter uma série de vistas e, a partir daí, escolhemos uma pose de animal e desenhamos. É uma imagem construída, não é uma imagem copiada. Conjugamos informação descritiva com informação visual e criamos um corpo novo, que ilustra uma espécie, que é um conceito abstracto.


A ilustração animal, pelo desenho, tem uma longa tradição na história da arte. Na idade da tecnologia que vantagens tem sobre a fotografia?

Quando surgiu a fotografia houve logo muita gente que disse: A ilustração científica morreu. Nós vimos que não morreu, muito pelo contrário, adaptou-se e faz uso da fotografia como complemento para criar a ilustração. Quando surgiu o vídeo, a mesma história. E quando surgiu o computador, as pessoas pensaram que, com os programas, não era necessário fazer muito mais coisas. Mas o vídeo, os computadores, etc., são uma ferramenta apenas, porque tem de haver uma criatividade por trás, um conhecimento. Caso contrário, o computador não produz a imagem, não produz a ilustração. Mesmo que, nete momento, esteja a trabalhar quase a cem por cento com programas em computadores, eu faço uso de todos os conhecimentos que obtive, anteriormente, com trabalho em técnicas clássicas, e consigo produzir, o mais rapidamente possivel, uma ilustração. Contudo, às vezes olha-se para um a fotografia e não se vê aquilo que ela realmente vale, não se vê os dias de frio que um fotografo passa para fotografar um pássaro, por exemplo. Portanto, uma fotografia também tem outros problemas, como, por exemplo, quando foca um plano, desfoca os outros ao lado. A ilustração supera esse aspecto.


Podemos então dizer que a fotografia e os computadores são ferramentas para a ilustração, mas para o cientista a ilustração continua a ser indispensável?

Aliás, nós temos campos da ciência que vivem e sobrevivem sobretudo a partir da ilustração. Por exemplo, os fósseis são restos de seres vivos que existiram há milhões de anos e, portanto, não temos fotografia que vá até essa altura.


Fernando Correia é também o fundador da associação "Oficina das ideias".

É uma associação bastante recente. A "Oficina das ideias" teve a sua génese em Maio de 2006. Tivemos alguns meses de actividade, entre o Verão e o Outuno, fechámos para balanço no final do ano e vamos arrancar com uma série de actividades no início da Primavera. Eu sou um dos fundadores, mas há mais pessoas metidas na associação.


Quais são os objectivos desta agremiação?

Essencialmente, tem três grandes objectivos. Congrega pessoas viradas para o desporoto, pessoas que estão preocupadas com o ambiente e pessoas que se preocupam com a cultura. Portanto, tem três grandes domínios. Dentro do desporto temos várias actividades, mas a que sobressai é a capoeira. Dentro do ambiente a que sobressai são as nossas relíquias, as que temos aqui na nossa proximidade, embora consigamos desenvolver actividades fora da freguesia. Dentro da cultura também procuramos associar-nos e criar actividades que tenham um bocadinho a ver com a divulgação: não só a chamada poesia, não só a chamada etnografia, não só o que tem aver com o folclore, mas também os outros campos, que têm um bocadinho a ver com a ciências e que estão esquecidos. Nós começámos, já em 2006, com um actividade de desporto, com um grande encontro internacional. Começámos em grande. Trouxemos mestres de capoeira do Brasil e foi feito um misto com praticantes de várias localidades. Espalhámos a nossa actividade pelas zonas limítrofes da Pampilhosa e agregámos pessoas da Marinha Grande, da zona de Montemor, de Coimbra e, também, se não me engano, de Abeiro. Depois fizemos um primeiro fim-de-semana astronómico, aqui na Pampilhosa, que foi muito bom, correu muito bem. Tivemos boa receptividade em termos de observação. As pessoas puderam observar o Sol, as manchas solares. Tivemos também dois aspectos paralelos que funcionaram, um com palestras e outro com uma observação nocturna em que as pessoas puderam, observar as galáxias que, se calhar, já não existem.


O que é grupo Muzenza, de que Fernando Correia faz parte?

O grupo Muzenza é um grupo internacional de capoeira, com o qual a "Oficina de ideias" estabeleceu uma parceria e com o qual desenvolve várias actividades. Nós estamos muito satisfeitos com a receptividade que temos tido.


Na perspectiva de quem escolhe uma determinada localidade para morar, a Pampilhosa concretamente, é fácil inserir-se na comunidade?

Eu estou cá a viver vai fazer dez anos e, praticamente, não tive problemas nenhuns. Acho que há uma preocupação por parte das pessoas da comunidade em corresponder. Pessoalmente, também conheço a realidade de Coimbra, que é bem diferente. Aí as pessoas não se conhecem. Aqui, num meio mais pequeno, há essa qualiadde de vida, que eu recomendo, amplamente. Os vizinhos preocupam-se com o nosso bem-estar, como o nosso património, há um relacionamento muito acalentador com as nossas crianças, um cuidado extremo.


Recuando um pouco na nossa entrevista, depois desta pausa de Inverno, o qe é que podemos esperar em 2007 da associação "Oficina das Ideias"? Há projectos em cima da mesa?

Há vários. Um dos projcetos que é mais imediato é falarmos sobre o grande património das algas, que é uma componente do reino vegetal, que as pessoas desconhecem e são capazes de pontapear na praia, porque as ignoram. As pessoas nem se apercebem de que estão fartas de comer algas no dia-a-dia, quando comem um queijo, um iogurte, um gelado ou gelatina. Vamos trazer cá uma expoisção cujo coordenador vai ser o professor Leonel Pereira, que é também daqui da Pampilhosa. As pessoas vão poder tomar consciência desta mais valia. Outro projecto é fazer uma exploração do registo fóssil que temos aqui à nossa volta. Portanto, vamos tentar fazer um safari fóssil. Vamos explicar os cuidados que se devem ter na extracção de um fóssil.


Todas essas actividades estarão para breve, para o iníco da Primavera, talvez?

Correcto. depois teremos uma actividade desportiva, novamente em relação à capoeira, vamos também fazer cursos de ilustração, cursos de sensibilização de primeiros socorros, de cuidados que devemos ter por causa dos acidentes. Vamos tentar trazer também a educação sexual a toda a gente, incluindo as crianças.


Pessoalmente, que projectos tem para o futuro?

Tenho vários projectos. Em termos de livros temos vários desta colecção sobre o património natural que vão sair. O mais imediato é um sobre o javali, em co-autoria com o doutor Carlos Fonseca, da Universidade de Aveiro. Depois temos outros dentro do património natural açoriano e outro, que está a ser feito pelo professor Leonel Pereira, sobre as macro-algas do nosso país. Há sempre vários trabalhos, sempre vários livros que estão a ser feitos. Não só entre a minha equipa, eu e o Nuno Farinha. Também procuramos estabelecer sinergias com outros autores. Em 2005, por exemplo, criámos um livro intitulado "As fontes e chafarizes de Coimbra". Qquem fez os textos era uma pessoa como o senhor, como eu, que não tinha formação científica, que se dedicou a fazer um levantamento das fontes que existiam na cidade. Nós depois completámos eess trabalho com uma parte de biologia.


(in Jornal da Mealhada, 14 de Março de 2007)

quinta-feira, março 15, 2007


Saúde

Clínica de podologia fez seis anos


A clínica Centro de Tratamento do Pé, na Mealhada. fez seis anos, no dia 5 deste mês. Luís Vígário, podologista desta clínica, explicou algumas das situações mais frequentes em doenças dos pés.

A podologia, que tem como objectivo diagnosticar os problemas dos pés, divide-se em duas grandes áreas: a quiropodologia e a ortopodologia.

A quiropodologia é o que engloba todas as patologias relacionadas com a pele e as unhas. A ortopodologia são as alterações congénitas e/ou adquiridas do pé, que só se resolvem com próteses e palmilhas, por exemplo.

Para tratamento de casos mais graves, a cirurgia é, muitas vezes, a única hipótese. Luís Vigário afirmou: "Nesta clínica já fiz algumas cirurgias de unhas encravadas".

"A licenciatura em podologia só existe, em Portugal, desde 1994 e, por este motivo, não é uma área com a qual as pessoas tomam contacto facilmente. Contudo, para além da clínica na Mealhada, também tenho uma em Coimbra e outra em Lisboa. Esta última em parceria com outros podologistas", esclareceu Luís Vigário.

Os problemas mais usuais nesta área são: os contagiosos (papilomas, verrugas; fungos na pele e unhas), unhas encravadas e úlceras diabéticas, e, também, pé plano (pé chato).

O podologista explicou alguns dos tratamentos que executa em certas patologias mais frequentes: "Em unhas encravadas faço um seguimento desde o início. Às vezes, só tiro um bocado da unha, outras vezes, tenho que fazer cirurgia. Em relação às calosidades, tento não só eliminar mas perceber por que o calo aparece. Para tentar que não apareça mais pode recorrer-se a palmilhas e próteses. As verrugas são outro dos problemas e que estão a aparecer cada vez mais em crianças. Os principais motivos do seu aparecimento são o fruequentarem piscinas e o sistema imunitário não estar definido. Nestes casos, pode-se ir dos tratamentos químicos até ao tratamento cirúrgico, mas tenta-se evitar a cirurgia na planta do pé".

Nos problemas podológicos não há uma faixa etária definida, mas Luís Vigário deu a conhecer ao JM, quais os problemas mais frequentes em algumas idades: "Nos bebés, dos quatro meses aos dois anos, são essencialmente unhas encravadas e dedos encavalitados. Dos dois aos catorze anos, o pé plano, as verrugas e os fundos plantares. A partir dos catorze anos e até aos quarenta e cinco , sensivelmente, problemas normais relacionados com pele e unhas. A partir dos quarenta e cinco anos, problemas musculares e esporão calcâneo (forma-se no osso e piora ao andar)".

O podologista também falou da importância da higiene, como prevenção de muitas das doenças relacionadas com os pés.

Em relação à importância da clínica para tratar das patologias dos pés, Luís Vigário, afirmou: "Quando abri a clínica, a pessoa que recorria a esta consulta já vinha na última, mas hoje isso já não acontece. Existem pessoas que vêm na primeira hipótese e até médicos de outras especialidades já recomendam a vinda a podologistas".

Ao terminar, o podologista ainda comentou: "Uma das consultas mais importantes é a consulta do pé diabético, porque é uma doença que está a surgir cada vez mais e quanto mais depressa for detectada, melhor. Não deixar que as unhas encravem é essencial, porque, às vezes, é o suficiente para se ter que recorrer à amputação do pé".


Mónica Sofia Lopes

(in Jornal da Mealhada, 14 de Março de 2007)

MEALHADA

Loja das Utilidades ganhou concurso de montras

Na quarta-feira, dia 7, em sessão realizada na Escola Profissional Vasconcellos Lebre (EPVL), foram dados a conhecer os resultados do concurso de montras organizado pela Associação Comercial e Industrial do concelho da Mealhada (ACIM) em parceria com o jornal Mealhada Moderna.
Carlos Pinheiro, presidente da ACIM, iniciou a sessão agradecendo a João Pega, director da EPVL, "por disponibilizar o espaço", a Filomena Pinheiro, vice-presidente da Câmara Municipal da Mealhada, porque, segundo disse, "está sempre presente nestas iniciativas", ao Mealhada Moderna, "por ter realizado este concurso", à Caixa de Crédito Agrícola Mútuo, "por ter oferecido os prémios", e, ainda, "aos participantes, por se terem dedicado tanto a esta iniciativa". "Daqui para a frente outros concursos vão ser realizados", declarou. O presidente da ACIM informou, ainda, os comerciantes de que todos aqueles que participaram neste concurso vão poder associar-se à ACIM sem pagamento da jóia, que são cem euros. A concluir, disse: "Claro, peço aos comerciantes que, mesmo que não estejam associados, se dirijam à ACIM e dêem as suas sugestões. As portas estão abertas".
Osória Miranda, gestora do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI), do distrito de Aveiro, à guisa de conselho aos comerciantes, frisou: "A montra é um elemento fundamental dum estabelecimento. O esforço feito por uma boa montra é, sem dúvida, recompensado".
Filomena Pinheiro, por sua vez, afirmou: "É fundamental o papel da ACIM na defesa dos interesses dos comerciantes e foi neste sentido que esta associação se criou. Estamos todos interssados em defender o comércio local, mas temos que nos unir para isso. Esta associação representa todos os comerciantes e possui uma força que, individualmente, eles não têm".
O primeiro prémio, no valor de duzentos euros, foi para a Loja de Utilidades - montra mais criativa -, o segundo, no valor de cem euros - prémio Mealhada Moderna -, para a loja pronto-a-vestir A Tucha e o terceiro, de cinquenta euros, para a Lojiarte.
No final da sessão o director da EPVL, declarou: "Estou gratificado por esta iniciativa ter sido feita neste local. As portas desta escola estão sempre abertas para todos os que estão aqui presentes".

Mónica Sofia Lopes
(in Jornal da Mealhada, 14 de Março de 2007)

quarta-feira, março 14, 2007


MEALHADA


Palestra de Espiritualismo


No dia 10, sábado, realizou-se uma palestra sobre Espiritualismo, por Emanuel Saskya, na Escola Profissional Vasconcellos Lebre (EPVL), pelas 15 horas.

Manuel Filipe, organizador do encontro, começou por agradecer ao director da EPVL, João Pega, por disponibilizar o auditório da escola, a Emanuel Saskya a sua presença, e à Papelaria Peninha pelos cartões que fez com uma pequena biografia deste espiritualista.

Nessa pequena biografia podia ler-se que Emanuel Saskya se dedicou, desde a sua juventude, a estudos de metafísica, filosofia e religiões. Ao longo da sua vida, participou de múltiplas escolas esotéricas, entre as quais, a Teologia, o Rosicrucianismo, a Rajá Yoga, o Espiritualismo e a Umbanda Esotérica. Dos sete livros que já escreveu destacam-se "Espiritualismo 1 - Deus, o Universo e o Homem", "Espiritualismo 2 - Evolução, karma e Reencarnação" e "Construir o Templo Interior", onde estão patentes os princípios essenciais da vida e do ser humano.

Emanuel Saskya iniciou o seu discurso dizendo: "Vamos abordar um tema muito genérico, mas temos que partir com a noção de que sem estudarmos, sem conhecermos, não podemos escolher". Para o autor, "um espiritualista é aquele que descobriu que o corpo é uma ferramenta de manifestação dum espírito". Nesse sentido, enfatizou a ideia de que "aquilo que resolve os nossos problemas é agir como um espiritualista. Perceber que não se é corpo, mas que se está dentro dum corpo".

A evolução foi a palavra-chave desta palestra, como argumentou o espiritualista: "O grande e único objectivo da nossa vinda ao mundo é gerar evolução. Aquele que é espiritualista e já percebeu que vem para evoluir, tem uma postura completamente diferente pois entende que existe uma continuidade na vida e, portanto, trata de a fazer evoluir. Esta evolução faz-se através da vida após vida e o karma vai regular todo o processo de encarnação".

"Para o espiritualista, um não-espirutualista vive de duas maneiras, com a revolta e a depressão. Estes dois estados geram a crise e só depois vem aceitação. Quando se entra num estado de aceitação, está-se perante a harmonia, logo, já se é considerado espiritualista, ou seja, é aquele indivíduo que aceita não consumir mais as suas energias a revoltar-se", explicou Emanuel Saskya.

Os três princípios fundamentais do caminho espiritualista são: a evolução pessoal, a reencarnação e o karma. Contudo, têm que se superar os preconceitos todos e ter atitude de aceitação para se ser espiritualista.

O autor também defendeu a ideia de que todos os seres humanos são inspirados por outras almas e deu o exemplo de que os vícios que adquirimos são influenciados por essas almas, também. Ainda concluiu: "Existe uma pergunta final que todos fazemos. Afinal e eu, o que é que eu sou e o que é que faço? É uma pergunta que cada um de vós tem que responder por si próprio. É no silêncio do coração que cada um de nós traz a resposta".

Após algumas questões por parte do público, Emanuel Saskya deu uma explicação acerca do processo de encarnação: "Só morre aquilo que nasce e o que nasce é o corpo, a matéria. O que prevalece é o espírito. Quando o corpo morre, o espírito vai também junto desse corpo, num processo individual, que pode ser longo ou não, mas acaba por voltar, para evoluir. Quando o faz, inicia-se o processo de encarnação, ou seja, envolve-se um corpo naquela alma. É o próprio espírito que vai escolher em que corpo quer encarnar, quer voltar a viver, ou seja, o próprio indivíduo escolhe o corpo em que vai encarnar".


Mónica Sofia Lopes

(in Jornal da Mealhada, 14 de Março de 2007)

No Deza9Café, da Mealhada

Na madrugada de quarta-feira, 7 de Março, o Deza9Café, na Mealhada, foi assaltado. "Tudo aconteceu depois de ter fechado o bar, à 1 hora. O assaltante ou assaltantes levaram todo o tabaco que estava na máquina, algum dinheiro e todas as garrafas cheias que tinham selo. Mas o mais dispendioso foi terem levado o plasma e os aparelhos de áudio", afirmou Jorge Lopes, um dos sócios deste estabelecimento.
Os funcionários da casa só deram conta do sucedido às 7 horas, quando abriram o café e se depararam com o vidro da cozinha partido e com uma camisola deixada por um dos assaltantes. Jorge Lopes, mostrando-se indignado com o facto, disse: "Os assaltantes fizeram isto tudo com as cortinas e as luzes acesas, ou seja, quem passasse na estrada via tudo".

Mónica Sofia Lopes
(in Jornal da Mealhada, 14 de Março de 2007)


Dia Internacional da Mulher


Mulheres de Casal Comba reúnem-se há vinte anos


Na quinta-feira, dia 8, por todo o lado se celebrava o Dia da Mulher. Nas Caves Messias o jantar foi por conta das mulheres de Casal Comba que, este ano, realizavam a vigésima edição do seu jantar anual.

Fátima Lopes, uma das impulsionadoras desta celebração, afirmou: "Este jantar começou há vinte anos, quando um grupo de mulheres de Casal Comba jogou na lotaria de Natal e ganhou. A partir daí decidiram que o dia 8 de Março seria a data ideal para festejarem o sucedido. No início, as menores não podiam entrar, ou seja, quem tivesse filhas com menos de dezoito anos não as podia trazer".

Sandra Gomes, uma das organizadores, disse: "Durante seis ou sete anos este jantar realizou-se nas Caves da Quinta de São Miguel, em Casal Comba, que também pertencem às Caves Messias. Depois foi por outros sítios mas, este ano, como comemoramos vinte anos, a realização do jantar tinha toda a lógica de ser aqui nas Caves Messias".

A ementa foi caldo verde e leitão, com vinhos Messias, oferecido pelas caves. Participaram no jantar quarenta e quatro mulheres, com idades compreendidas entre os quinze e os oitenta anos.

Todos os anos fica estabelecido um grupo que organiza o jantar do ano seguinte. A organização do deste ano estava a cargo de Sandra Gomes, Margarida Oliveira, Susana Santos e Guida Carvalho.

No encontro estiveram presentes algumas mulheres que fizeram parte do grupo inicial: Margarida Pires, Maria Cruz, Augusta Oliveira, Marília Oliveira, Alice Silva, Laura Semedo, Fátima Lopes, Helena Ribeiro, Helena Cruz e Alice Gomes.

Idalina Lopes, mais conhecida por "Meixa", de oitenta anos, era a mulher com mais idade, deste jantar.

Durante o jantar, que vai passando de geração em geração, foram transmitidas imagens com fotografias de jantares de outros anos.

A noite terminou com karaoke e com a actuação da Tuna TNT.


Mónica Sofia Lopes

(in Jornal da Mealhada, 14 de Março de 2007)

quinta-feira, março 08, 2007


HOSPITAL DA MISERICÓRDIA DA MEALHADA


Serviço de urgências tem tido uma boa afluência, garantem os responsáveis


Na quinta-feira, dia 1 de Março, o Hospital da Misericórdia da Mealhada abriu o serviço de urgências. "Desde que o serviço começou ainda não tivemos nenhum dia, nem nenhum turno, sem receber doentes nas urgências", declarou ao Jornal da Mealhada, Celeste Simões, enfermeira do hospital. Sobre o preço a pagar por cada consulta e ainda sobre afluência de pessoas, disse-nos: "O acesso à urgência é de quinze euros. Este preço não leva a que as pessoas desistam da consulta, como se pode ver pela afluência extraordinária que tivemos nos primeiros dias. Os funcionários do hospital estão satisfeitos com a abertura das urgências e com o feedback por parte dos utentes, que ficam bastante admirados com as condições e vão também transmitindo a mensagem, o que é importante".

Continuando as suas declarações informou: "O hospital está, neste momento, pronto a efectuar internamentos. A condição que estabelecemos entre nós é que nenhum doente fique internado sem saber o preço da nossa diária".

Em relação à tabela de preços das diárias a enfermeira disse que todas incluem refeições e o doente só paga a mais a medicação que fizer.

O objectivo do novo serviço é, como já noticiámos, o atendimento imediato de situações clínicas, médicas e cirúrgicas, passíveis de diagnóstico e terapêutica. "Para que isto aconteça é necessário ter um médico de permanência 24 horas por dia, mais um enfermeiro e ainda um auxiliar. Já para não falar de todo o resto do pessoal que faz com que tudo funcione bem a todos os níveis", frisou Celeste Simões.


Mónica Sofia Lopes

(in Jornal da Mealhada, 7 de Março de 2007)