Universia

domingo, abril 01, 2007


À conversa com... António Santiago Melo

As adegas, a trabalhar isoladamente, caminham para grandes dificuldades, eventualmente, para a falência

António Santiago Melo é presidente da direcção da Adega Cooperativa da Mealhada desde Novembro de 2006. Tendo sido inicialmente vice-presidente, assumiu o cargo que agora ocupa após a demissão de Filipe Rasteiro, que era o presidente. Tem formação na área agrícola, foi fundador da APIBAIRRADA - Associação de Protecção Integrada da Bairrada -, que se dedica ao estudo de defesas naturais da vinha, e foi presidente da Cooperativa Agrícola de Anadia. Foi também presidente da Junta de Freguesia de Ventosa do Bairro.

Qual era a situação da Adega Cooperativa da Mealhada quando a direcção que integra entrou em funções?
A situação era preocupante. Os casos que se nos afiguraram mais complicados foram a dívida à banca e o problema do cumprimento das obrigações da Adega respeitantes ao projecto Agros, a que a anterior direcção se tinha candidatado.

Quanto à dívida à banca...
Qualquer organização deste tipo tem necessidade de trabalhar com a banca e de ter financiamentos permanentes. A Adega da Mealhada tinha financiamentos um pouco altos para a sua capacidade e para o seu movimento. Afigurava-se, portanto, um problema grave, porque todos os financiamentos tinham sido concedidos a curto prazo, o que nos criava problemas de tesouraria bastante grandes. Uma das prioridades era reunir elementos, negociar com a banca e tentar arranjar soluções. Foi um processo que demorou mas, ao fim de alguns meses, conseguimos alterar o tempo de duração dos empréstimos, de curto para longo prazo, o que nos veio dar uma folgazinha em termos de disponibilidade de tesouraria.

O que pretendia a Adega com a candidatura ao projecto Agros?

Trata-se de uma candidatura à medida 2 do Projecto Agros, que foi feita, se não me falha a memória, em 2000, e que previa a instalação de uma linha de engarrafamento de vinhos trabquilos e uma linha de engarrafamento de espumantes, incluindo a feitura de um novo pavilhão.


Houve incumprimento das obrigações da Adega no que respeita a esse projecto?


Quando ali chegámos, em dezembro de 2005, o projecto estava numa fase de incumprimento. Havia um ofício que estabelecia o dia 28 de Fevereiro de 2006 como data limite para terminar o projecto.


Como resolveram o problema?


Verificámos que não tinhamos disponibilidade, nem em termos de tempo nem em termos de tesouraria, para executar o projecto, ou finalizá-lo, nesse curto espaço de tempo. Não tínhamos outra alternativa que não fosse fazer uma exposição escrita e tentar uma reunião com o gestor do programa a nível nacional, para lhe expormos a nossa situação. Conseguimos isso muito rapidamente. Fomos recebidos no Ministério da Agricultura e apresentámos o caso, pessoalmente, ao gestor do programa. Ele mostrou-se compreensivo, pediu que aguardássemos e disse-nos que iria tomar uma decisão. Passados alguns meses a resposta chegou e o prazo foi prorrogado. O projecto devia estar terminado até Fevereiro de 2007, o que não era o que esperávamos. Perante esta situação começámos pela tentativa de financiamento junto da banca. Isso não deu resultado.


Por que é que não deu resultado?


Quando nós entrámos fomos confrontados com a situação de a direcção cessante, duas semanas antes, ter vendido a quase totalidade da produção do ano anterior. E o pouco dinheiro que conseguiu realizar nessa operação tinha sido distribuído pelos agricultores. As uvas que a Adega tinha recebido, durante o mês de Setembro e em alguns dias de Outubro, na vindima de 2005, foram vendidas logo em Novembro e Dezembro, dias antes de nós chegarmos. Só encontrámos alguns vinhos do resto da campanha e pouco mais. Deixou, unicamente, o vinho que seria necessário para trabalhar a parte comercial durante o ano. Como não tínhamos recursos internos, em termos de produto acabado, a tesouraria não tinha possibilidades. Restava-nos, portanto, recorrer à banca, pedindo um financiamento. Como ele nos foi recusado, ficámos numa situação de sem dinheiro e sem produto com o qual se pudesse realizar dinheiro.


Qual o motivo da recusa de financiamento?


Provavelmente terá sido o facto de a capacidade de endividamento da Adega estar esgotada. Não sei, por que não me foi justificado. Foi-me dito, apenas, que a situação foi analisada e não era possível o financiamento.


E o problema está resolvido?


Fomos andando até agora. Acabámos por fazer uma exposição ao IFADAP, curta mas muito objectiva, na qual justificámos com documentação apropriada que, fruto da diminuição das entregas de uvas nos últimos anos, com diminuição substancial de 2005 para 2006, não temos matéria-prima para realizar dinheiro. Referimos também que pedimos ajuda à banca e que tal ajuda não nos foi dada. Perspectivando-se que a próxima vindima venha a ser de ainda menor entrega da quantidade de uvas, não temos qualquer possibilidade de terminar o projecto.


Que futuro perspectiva para a Adega?


O futuro, quanto a mim, tem algumas incertezas. A dívida à banca está a ser regularizada e estamos a cumprir com as prestações bancárias. Com alguns dos nossos fornecedores mais antigos acordámos um plano de pagamentos, e estamos a cumpri-lo. Fizemos uma reestruturação interna a nível administrativo e a nível laboral. Reorganizámos os serviços, introduzindo novas práticas na parte técnica. Tendo eu formação na área de enologia, não me ficaria bem continuar a permitir determinadas práticas que têm custos extremamente elevados. Introduzimos algumas alterações que hoje se traduzem no conseguir o mesmo trabalho, o mesmo objectivo, com custos inferiores. A reestruturação na parte laboral foi outra questão muito importante. Quando chegámos, a Adega tinha dezoito funcionários, o que era excessivo. Por um lado o mercado foi-se degradando, isto é, as vendas caíram. Por outro lado, o recurso a mais tecnologias diminuiu a necessidade de pessoal. A direcção anterior, porém, mantinha todo o pessoal. Tínhamos que mudar isto e, ao fim de sete ou oito meses, passámos a ter apenas dez funcionários. Todos os trabalhadores que saíram fizeram-no por mútuo acordo com esta direcção e sem exigirem qualquer indemnização.


Pode dizer-se que esta direcção reconstruiu toda a instituição?


Exactamente. Neste momento, estou de consciência tranquila porque conseguimos, no prazo de um ano, alterar tudo aquilo que eu acusava ou para que chamava a atenção de que não estava bem - reformulação dos empréstimos, reestruturação dos serviços, do sector do pessoal e do sector comercial. Neste sector, infelizmente, viemos encontrar situações de clientes que já não reformulavam as letras de pagamentos anteriores e a Adega continuava a fornecer-lhes produto. Agora o problema grave para nós prende-se com a diminuição da produção de uvas. Esse, sim, é que é o problema grave. Eu compreendo os agricultores, que estão cansados de andarem a produzir uvas e de não serem compensados pelo seu trabalho.


Haverá solução para esse problema?


Relativamente a certas questões eu tenho a noção exacta de que a solução não depende de nós. Como é que a direcção de uma adega tão pequenina consegue contrariar os lobbies existentes no mercado europeu, em termos de importação de vinhos? São esses lobbies os grandes causadores da actual situação de crise. Eles vão esmagando o preço, atribuindo ao produto final valores inaceitáveis. O pequeno agricultor, à partida, está condicionado por esses preços. Terá um fim breve se o sector cooperativo não tiver a coragem de, muito rapidamente, fazer alterações substanciais. As adegas cooperativas de maior dimensão, a nível nacional, têm uma gestão profissional, uma mentalidade e um comportamento de tipo empresarial. E, por outro lado, têm poucos associados e associados de grande dimensão, o que é também uma vantagem. As adegas cooperativas de menor dimensão, porém, estão mais polvilhadas de associados que, com o devido respeito, são todos agricultores com pouca sensibilidade para a resolução deste tipo de questões.



A direcção tem procurado criar essa nova mentalidade na Adega Cooperativa da Mealhada?


Eu tenho tentado trazer esta nova mentalidade para os dirigentes cooperativos da Bairrada. Repare, a Bairrada toda ela junta, todas as adegas cooperativas da Bairrada, tem volume de negócios pequeno para poder ter uma dimensão empresarial e para se debater com a concorrência no mercado globalizado. Esta é a minha opinião e, felizmente, não estou sozinho. Grandes especialistas nesta área, com quem tenho tido oportunidade de conversar, empresas de consultoria que têm grandes técnicos, grandes especialistas, todos eles são desta opinião. Com a diminuição do consumo de vinho, fruto de novos hábitos, o nosso mercado interno está saturado, e há que procurar o mercado externo. Não é a Adega Cooperativa da Mealhada isolada que vai conseguir chegar a este mercado externo. Há que criar toda uma organização que tenha uma gestão profissionalizada, que tenha um agente comercial profissional, que fale línguas, que circule por todos os certames, permanentemente, que dê seguimento aos contactos que vai estabelecendo. Caso contrário, isolados, todos os esforços são gastar dinheiro sem ter resultados.



Está a falar-nos de uma fusão das adegas da Bairrada?


A minha opinião é exactamente essa. Já o defendi na imprensa regional, e a vários níveis. Verifiquei, ainda recentemente, numa revista da especialidade, que as maiores adegas cooperativas do País - Borba, Santo Isidro de Pegões, Caves de Santa Marta e Valdorroldo, Bercope e a Adega de Felgueiras entre outras - criaram um grupo, chamado ANOVE, que se tornou no maior grupo cooperativo de Portugal. Reparem que engloba os vários tipos de vinho que existem no País: verdes, Douro, Dão, península de Setúbal e Alentejo, ou seja, criaram um portfolio, catálogo de produtos, que lhes permite, quando vão ao estrangeiro, levar na mala um conjunto de produtos diversificados de todo o País. Isto reduz os custos. Se cada adega destas trabalhasse isoladamente e tivesse que levar um agente comercial ao estrangeiro para tentar divulgar os seus vinhos, gastaria nove meses mais.


Há mais exemplos?


Lemos também, por exemplo, no dia 23 de Fevereiro, num jornal diário, uma notícia com o título: "Crise no vinho verde obriga a sociedades". Dava conta de as adegas cooperativas da região dos verdes se terem juntado - são à volta de dezasseis - para criar uma empresa, úinca e exclusivamente direccionada para o marketing e para a comercialização. Outro jornal, também diário, do dia 16 de Março deste ano, dá-nos conta de que, na zona da Beira Interior, as três maiores cooperativas da região das Beiras criaram uma sociedade para introduzir uma gestão profissional e empresarial na sua actividade. Vimos também o senhor ministro da Agricultura, nas suas intervenções, apelar às adegas cooperativas para que se reestruturem porque, se não, vão para a falência. Ou seja, tudo converge para a necessidade de fusão.


Há alguns dirigentes que são apoiantes das parcerias. Alguma receptividade que tenho tido, neste domínio, tem sido da parte da Adega Cooperativa de Cantanhede, cujos dirigentes são apologistas de que se possam fazer algumas parcerias. Nas outras adegas da Bairrada, com toda a franqueza e com todo o respeito pelos dirigentes cooperativos, não tenho encontrado essa receptividade.


Já os confrontou com essa sugestão?


Sim, sim. Logo após termos assumido funções, convidámos as direcções das adegas cooperativas da Bairrada para um encontro, na Mealhada. Para além de outros, este foi um tema atirado para cima da mesa, enquanto necessidade de alteração de alguma coisa e, eventualmente, fazer uma fusão entre as adegas cooperativas. Logo nesse dia não encontrei qualquer receptividade. Mais tarde, numa pequena notícia que apareceu num jornal diário, confirmei isso mesmo, quando outros agentes cooperativos vêm afirmar, exactamente, a recusa desse projecto. Fusões nunca, chegam mesmo a dizer.


E seria possível fazer uma fusão só com algumas adegas da Bairrada?


Na minha opinião, se não quiserem todas, pelo menos que a façam algumas. É um mal menor. O ideal, contínuo a pensar, é que mesmo todas juntas seriam poucas. Teriam ainda um volume de negócios e uma dimensão de pouca relevância para o mundo global em que vivemos. As pessoas esquecem-se de que, quando vamos a uma feira a Londres para divulgar os nossos vinhos, estão lá produtores dos Estados Unidos, da zona da Califórnia, que são empresas de só um produtor, que vendem, por ano, mais garrafas do que Portugal inteiro. É com esse tipo de questões que nos temos que defrontar. E as pessoas ainda não se consciencializaram da nossa pequenez.


Portanto, as adegas isoladas caminham para a falência?


As adegas a trabalhar isoladamente, na minha opinião, caminham para dificuldades muito grandes. Eventualmente, para a falência.


Esta recusa poderá ser uma questão de bairrismo?


Não lhe sei responder.


Haverá o receio de, fundidas, se herdarem os problemas de outras adegas?


Não. Os problemas das adegas são mais ou menos comuns. Pode haver diferenças de dimensão mas pouco mais. Eu não sou associado de mais nenhuma, não tenho acesso às contas de mais nenhumas, mas, pelo que nos parece, as adegas cooperativas, com meia dúzia de excepções pelo País, passam por enormes dificuldades. É isso que nos é transmitido nas reuniões conjuntas dos vários organismos onde estamos em representação. Eu ainda não vi, nos organismos onde nos encontramos, quem dissesse que estavam bem. Por exclusão de partes, tenho que deduzir que estão todas em dificuldades.


Quando esta direcção tomou posse desvinculou a Adega da Mealhada de uma série desses organismos, noemadamente da FENADEGAS.


Na primeira assembleia geral, depois de termos sido eleitos, pedimos autorização aos associados, para nos desvincularmos da FENADEGAS. No sector vitivinícola, há organizações a mais. A FENADEGAS quando foi criada, noutra época, com um mercado completamente diferente, podia ter algum interesse. Actualmente, o interesse que ela tem esta minimizado.


Há dificuldades em se perceber quem é que promove e quem é que defende o quê?


Exactamente. Se este tipo de organizações funcionasse na prática, como se diz na teoria, era maravilhoso. Mas depois, dentro destes organismos, e eu já passei por vários, o que se verifica é que se criam grupos de interesse, lobbies, e o dinheiro de todos é usado para defender os interesses de alguns. Enquanto dirigente da cooperativa, não estou disponível para esse tipo de coisas. Caso diferente é se amanhã aparecer uma organização mais pequena, a nível regional, que defenda os interesses da Bairrada. Somos obrigados, e eu sempre pensei assim, a não estar a defender os interesses exclusivos da Adega Cooperativa da Mealhada. Defendo-os como associado e como dirigente, mas devo, sempre que posso, defender os interesses da Bairrada. É uma zona tão pequena, onde nós todos estamos inseridos! Por que não defender? A Bairrada é pequena, deve ter uma organização que defenda um interesse comum. Estou convencido de que as parcerias têm algum interesse, mas num mercado tão difícil como aquele em que nós estamos, temos que ir já para o patamar mais alto. Se estivéssemos numa fase mais ou menos equilibrada, eu aceitava as parcerias, mas, numa altura tão difícil como esta, temos que ir mais além.


Que mais vantagens traria a fusão de adegas na Bairrada?


Uma fusão tem uma economia de escala em termos de custos, extraordinária. Vou dar alguns exemplos esclarecedores: a Adega de Cantanhede, a Adega de Vilarinho do Bairro têm, cada uma, o seu enólogo. A Adega de Mogofores, a Adega de Souselas e a Adega da Mealhada têm, cada uma, um enólogo avençado. Se houvesse uma fusão, só uma personalidade jurídica, um enólogo seria o suficiente para satisfazer as necessidades de todas. E ainda com a vantagem de todo o produto ser feito com um mesmo estilo de fazer vinhos, um produto mais homogéneo, mais uniforme, em termos da região. Falei da contratualização do enólogo, mas há outros exemplos, a nível contabilístico, a nível de sistemas informáticos, por exemplo. Havia uma enormidade de exemplos que podíamos dar aqui, quase infindáveis, que trazem os custos muito para baixo. O problema hoje não está só em conseguirmos fazer um vinho uniforme, mas em conseguir entrar em alguns mercados asiáticos de maior dimensão, em que são necessárias dezenas de milhões de litros. Interessa ter dimensão, ter um produto uniforme, mas também ter um bom preço. E, se o não tivermos, não conseguimos.


Na sua opinião o Estado deve ter algum papel na promoção de fusões?


Nada. A fusão é uma questão que diz única e simplesmente respeito às adegas cooperativas. São as assembleias gerais das adegas cooperativas que tomam a decisão , está feito, não é preciso a interferência de mais ninguém.


O Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) prevê algum incentivo nesse sentido?


Tive oportunidade de estar em Castelo Branco na apresentação das medidas do QREN para a Agricultura, onde o Ministério esteve, em termos técnicos, representado ao mais alto nível. Nessa ocasião os responsáveis anunciaram claramente que, no sector vitivinícola, não vai haver mais um centavo de apoio para estruturas físicas. Os apoios serão abrangentes para estruturas que tenham como objectivo a divulgação e a comercialização dos produtos. Especialmente se forem estruturas do âmbito regional. Daqui se depreende que estruturas isoladas não terão grande interesse para a apreciação de candidaturas. Eis mais uma razão que vem dar apoio àquilo que eu defendo: só conseguimos sobreviver se nos fundirmos.


Acha que a reestruturação da Comissão Vitivinícola da Bairrada, anunciada pelo ministro da Agricultura, poderá passar por uma fusão com a Comissão Vitivinícola do Dão?


É uma questão diferente daquela que estamos abordar. Participo nas reuniões dessa comissão e noto que tudo isso está, ainda, um pouco confuso, e terá a ver também com um jogo de interesses. Às vezes o ministro diz uma coisa num lado, mas depois manda os secretários de Estado dizer outra. A questão é que o Ministério da Agricultura, com o objectivo de reduzir os custos, aconselhou que haja uma reestruturação das comissões vitivinícolas da região Centro. Como sabem, as comissões vitivinícolas têm um representante do Estado que é pago pelo estado. Eles querem acabar com essa figura e passarem a ser unicamente os agentes económicos passariam a fazer-se representar em maior número, com o controlo do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), que asseguraria a certificação que esse organismo faz aos produtos locais, de acordo com as exigências legais. Seria simples mas há muita coisa que não se compreende, como é o caso da existência do Instituto da Vinha e do Vinho...


Como assim?


É um organismo a quem somos obrigados a pagar taxas para coisas que ele não faz. Pagamos taxa de promoção. Eu nunca vi o IVV promover vinho nenhum.


A direcção de que faz parte tomou posse em Dezembro de 2005, tendo como presidente Filipe Rasteiro que, entretanto, saiu. Isso causou algum transtorno na condução dos destinos da Adega?


Não, não causou. As coisas têm funcionado bem, felizmente. Filipe Rasteiro, por motivos que só ele e que são pessoais, entendeu, em determinada altura, pedir a demissão, e fê-lo. Eu, como nunca viro as costas aos problemas - estou habituado a isso -, e, enquanto puder, debato-me com eles e tento resolvê-los.


Que palavra pode dar aos agricultores, aos cooperantes da adega, que têm dinheiro a receber das últimas campanhas?


Como presidente da direcção da Adega da Mealhada, o que posso dizer aos associados é que todos nós temos que ter alguma esperança e paciência. Os problemas estão aí, por muitos deles todos nós somos responsáveis, mas há outros de que não temos qualquer responsabilidade e sofremos as consequências. Temos que aguentar este período difícil para, depois, termos alguma melhoria. Em termos de pagamentos aos associados, nós pensamos que, antes do Verão, será possível pagar-lhes alguma coisa, para ajudar a minimizar os custos da campanha de 2006. Não temos possibilidade de falar em montantes, para já, mas vamos fazer o pagamento, se tudo correr como esperamos e como está previsto. Ou trabalhamos todos em conjunto, lutando contra as dificuldades, ou, então, nada feito.


(in Jornal da Mealhada, 28 de Março de 2007)