À CONVERSA COM...
Temos feito um esforço imenso para mostrarmos, com a nossa acção política, que somos credíveis e temos competência
Carlos Marques é presidente da comissão politica concelhia do PSD da Mealhada desde Setembro de 2006. Um ano antes havia sido vereador na Câmara Municipal da Mealhada. No programa À conversa com..., do Rádio Clube da Pampilhosa e do Jornal da Mealhada, o autarca fez o balanço do seu mandato, avaliou o desempenho da vereação municipal e falou sobre os conflitos internos no seio dos social-democratas mealhadenses.
Está há oito meses na liderança da comissão politica concelhia do PSD da Mealhada. Que balanço faz do seu mandato?
Desde há muito tempo que ando envolvido na actividade política e partidária e há oito anos, sensivelmente, que integro os órgãos concelhios do Partido Social-Democrata. Antes de ser presidente já tinha desempenhado o cargo de vice-presidente. Seria, portanto, muito natural que assumisse a responsabilidade de me candidatar à liderança do partido e foi isso que fiz. Tive a consciência de que era necessário construir uma equipa forte, disponível, responsável, credível e que tivesse o mesmo entendimento que eu tenho sobre o exercício político no concelho. Tivemos também, eu e aqueles que comigo constituem essa equipa, a preocupação de construir um projecto e de oferecer aos militantes do partido um planeamento de trabalho. E foi isso que fizemos.
E que trabalho era esse?
Era preciso unir a militância do partido, dar uma existência tranquila aos militantes do PSD e é isso que temos feito. Temos tentado através de inciativas almejar essa união dentro da militância do PSD da Mealhada. Temos tido uma proximidade muito grande com a Juventude Social-Democrata, de que nos orgulhamos bastante, pois entendemos a juventude como um capital muito importante dentro do partido. A juventude é o futuro do nosso país, do nosso concelho e do nosso partido. Outra das nossas propostas era a de dar um acompanhamento muito próximo aos nossos autarcas. Mostrando uma disponibilidade total e uma proximidade muito grande aos que, nos momentos eleitorais, aceitaram ser nossos autarcas na Assembleia Municipal, nas assembleias e nas juntas de freguesia.
Conseguiram cumprir esse objectivo?
Conseguimos. Criámos um gabinete de acompanhamento autárquico no seguimento desse nosso pensamento. É um gabinete constituído por Leonor Lopes, Carlos Silva e Nelson Fernandes. Temos feito um trabalho de acompanhamento e de grande disponibilidade para os nossos autarcas porque entendemos que temos de lhes dar o mesmo que eles nos dão a nós.
Não foi pacífica a constituição de um conselho de opinião...
Prometemos e constituímos um órgão importante que é o conselho de opinião. Foi um atitude polémica mas, na minha perspectiva, é um órgão fundamental para este projecto que nós queremos estrear. Nós entendemos que os fundadores do partido deram muito pelo partido, houve muitos companheiros nossos que deram muito da sua vida e da sua actividade ao partido. Nós quisemos congregar todas essas sensibilidades num órgão consultivo, que estivesse disponível para criticar, para sugerir aos órgãos eleitos do partido o melhor caminho, para apontar soluções para este ou aquele problema pontual que exista, e não tivemos problema algum. Uma estrutura que congregasse fundadores, antigos autarcas, gente independente, o que é muito importante.
Que outras iniciativas têm sido promovidas?
O PSD tem ainda grande dificuldade na transmissão da sua mensagem. Muitas vezes o PSD promove iniciativas, sugere, propõe, critica, mas temos alguma dificuldade em chegar ao munícipe eleitor ou ao nosso militante. Nessa linha criámos também uma newsletter oficial do partido. Devemos ter orgulho em sermos inovadores e em fazer história no concelho da Mealhada. E, por isso, nos orgulhamos de ter criado dois núcleos residenciais de freguesia. Não me recordo de outro partido, no concelho, ter tido a ousadia ou a dinâmica de instituir os núcleos residenciais partidários. Nós entendemos que faria sentido.
E porquê?
O concelho da Mealhada não é um concelho demasiado extenso, mas tem oito freguesias. Sentíamos alguma dificuldade ao nível da dinâmica da acção partidária do PSD, em termos de comprometimento da militância nas freguesias. Constituímos estes núcleos residenciais a pensar nisso. É com orgulho que digo já estarem eleitos dois núcleos residenciais do PSD, um em Barcouço, presidido por Fernando Marques, e outro no Luso, liderado por Fátima Silva. Temos trabalhado imenso noutras freguesias e pensamos que, em breve prazo, poderá haver alguma novidade a esse nível.
O objectivo é ter um núcleo do PSD em cada uma das oito freguesias do concelho?
A intenção que está subjacente à criação dos núcleos tem a ver, precisamente, com aquilo que eu disse anteriormente. Mas não lhe posso dizer que vão existir oito porque, provavelmente, não irão.
Vamos tentar congregar todos à nossa volta, não vamos excluir ninguém. A quem se auto-exclui, não vamos, de modo algum, perder tempo a chamá-lo.
A sua presidência segue uma linha de continuidade deixada pela presidência de Gonçalo Breda Marques? Se sim, qual é a diferença entre a presidência actual e a de há oito anos?
Quando apresentei a minha candidatura à liderança do partido, muitas vezes me foi colocada essa questão, se iria dar continuidade à linha que tínhamos definido anteriormente. E a minha resposta é: Claro que sim. Assumo tudo aquilo que de bom foi feito, mesmo com alguns erros, próprios da nossa juventude, do nosso sangue na guelra, da nossa irreverência, erros por falta de experiência política. Fomos crescendo, fomos amadurecendo, fomos constituindo uma alternativa ao poder que está instituído no concelho, nomeadamente o poder socialista. O que posso dizer é que sempre estive comprometido neste projecto com Gonçalo Breda Marques, que, neste momento, é presidente da mesa do plenário. É um homem que está comprometido com este projecto e eu estou comprometido com ele, no sentido de um dia podermos ter algo de novo no concelho da Mealhada. E quando digo algo de novo, digo em termos a Câmara Municipal da Mealhada liderada pelo PSD. É isso que nos move.
Não nos falou ainda das diferenças...
É importante, e sempre lutámos por isso, dar ao município, ao concelho da Mealhada, uma imagem de credibilidade e de competência. Eu penso que a diferença será feita, na altura duma opção, por parte do eleitor, sustentada nessas duas máximas. Acho que na política tem de haver credibilidade e temos de mostrar competência. E é o que temos tentado fazer. Temos feito um esforço imenso para, com a nossa acção política, mostrar que somos credíveis e temos competência. Penso que isso será importante.
Recentemente, também, mudou a relação entre o PSD da Mealhada e as estruturas distritais.
Nos últimos sete ou oito anos o PSD da Mealhada esteve arredado dos órgãos distritais. Neste momento tem representatividade distrital. Hoje nós contamos, na comissão política distrital, com um companheiro nosso, Gonçalo Breda Maqrues. Não tivemos qualquer problema em indicá-lo, até pela sua experiência política, pela sua experiência acumulada, ao longo dos anos, nos cargos que desempenhou a nível distrital. É importante dizer que agora esse órgãos distritais nos consultam e é com orgulho que posso dizer que temos um companheiro da Mealhada, Carlos Silva, que integra o conselho estratégico distrital. O conselho de opinião distrital também contará com a participação de um militante do nosso concelho.
O PSD tem, desde Outubro de 2005, mais um vereador na Câmara Municipal da Mealhada. Tinha dois e agora tem três. O PSD optou por uma estratégia de combate político mais duro?
Nós no PSD temos características que nos fazem diferentes dos outros. Se temos sido severos e duros, eu penso que isso resulta da nossa grande convicção, daquilo que defendemos e da determinação que colocamos em cima da mesa, nomeadamente nas reuniões de Câmara. A relação que existe entre os três vereadores do PSD é de fusão: partilhamos as mesmas convicções, as mesmas ideias, há uma grande tranquilidade nas nossas funções políticas na Câmara Municipal. Penso que este trabalho de dar a conhecer que somos credíveis e somos competentes tem também sido feito na Câmara Municipal. Os vereadores do PSD são, neste momento, pessoas disponíveis. Correm o concelho, estão disponíveis para ouvir todo e qualquer munícipe, levam as questões que lhes são colocadas aos locais próprios e têm feito uma oposição crítica, obviamente, quando não concordam com as posições ou opções que são feitas pelos dirigentes socialistas. Mas somos também construtivos, tentamos propor, tentamos oferecer alternativa, muitas vezes tentamos marcar a agenda política concelhia com tudo aquilo que são preocupações, com sugestões que nos são feitas na rua. Quero ressalvar o trabalho de grupo que é feito pelos vereradores do PSD, um grande comprometimento entre os três, um grande trabalho, uma grande relação, para além da política, de amizade. Depois, todo o resto acaba por aparecer, naturalmente.
As propostas apresentadas pelo PSD têm sido (quase) todas rejeitadas. São propostas para levar a sério ou são apenas números políticos?
Tudo isto se insere naquela máxima de que em política não vale tudo. Não é possivel ganhar a qualquer preço e, nessa óptica, nós acreditamos que a credibilidade e a competência são imprescendíveis. Tudo aquilo que os vereadores apresentam na Câmara Municipal são propostas que nada têm a ver com qualquer espécie de show off. Nós propomos abrir as portas da Câmara Municipal ao munícipe que tiver vontade ou curiosidade de assistir às reuniões do executivo. Portanto, isto não é show off, é a nossas vontade de deixar transparecer para o exterior o que se passa nas reuniões de Câmara, e educar o munícipe naquilo que é a actividade política ao nível do executivo camarário. O cartão sénior foi uma proposta concreta, as bolsas de estudo, a revisão dos índices de localização do IMI, a questão dos impostos, a questão da brochura no Carnaval, a descentralização das próprias reuniões da Câmara Municipal. Em nada disto tirámos dividendos políticos, nada disto é show off. São tudo coisas muito concretas. Lembro-me de o presidente da Câmara ter dito que se o PSD fosse poder, tudo era de borla no concelho. Mas não é assim. Se o PSD um dia for poder, e temos essa convicção, tudo o que agora apresentamos, na oposição, teremos coragem para o executar quando chegar a altura própria. Tudo aquilo que nós propomos faz sentido e insere-se no nosso projecto político para o concelho.
Que balanço faz da prestação do executivo da Câmara Municipal o presidente da comissão política concelhia do PSD, e também vereador?
Nós sentimos que há uma marca de grande desgaste nos dirigentes socialistas actuais. Há envelhecimento, não há ambição, não há ideias novas, não há renovação.
Mas diz isso pela rejeição das propostas que foram apresentadas pelo PSD?
Eu não digo só pelos chumbos que as nossas propostas têm recebido. Eu refiro-me, por exemplo, ao Orçamento para 2007 e ao documento de prestação de contas de 2006. Ao analisarmos estes documentos vimos que há taxas de execução na ordem dos quarenta e muitos por cento, rondando os cinquenta, falando de receitas e despesas de capital. Vimos obras que são constantemente adiadas no concelho e não passam do papel. Isto são apenas exemplos. Poderia referir-lhe aqui imensos casos. É óbvio que as estruturas básicas existem na Mealhada, mas era importante dar o salto em termos de ambição, em termos de qualidade de vida, em termos de definirmos para o concelho um rumo de orientação estratégica. Há uns alcatroamentos, melhorias numa ou noutra estrada, mas não sentimos que haja um rumo de estratégia de orientação definido para o concelho. O concelho precisa disso. Há bem pouco um militante nosso dizia que estava cansado de ouvir falar mal do seu concelho e que amava o seu concelho. Os vereadores do PSD também têm este sentimento e, por isso, é que queremos muito mais e muito melhor tanto para o concelho como para as nossas gentes. E sentimos que não há, por parte dos actuais dirigentes socialistas, esta sensibilidade. Tudo em política tem o seu tempo. Faltam dois anos e meio para as eleições autárquicas e o PSD tem a estratégia alinhada no sentido de apresentar alternativas, mas entendemos que o devemos fazer numa fase posterior. Agora existe a necessidade de denunciar tudo aquilo que é mal feito por parte dos actuais dirigentes socialistas. E é o que temos vindo a fazer.
E o que é que está mal?
As nossas posições são conhecidas dos eleitores, do munícipe. Recentemente, neste programa, Filomena Pinheiro disse que, se tivesse ambição, não estaria na Câmara Municipal. Isto é sintoma de alguma coisa. Quando se diz que o exercício autárquico não tem que ser feito com ambição, com projectos, com ideias, eu não sei o hei-de dizer. O PSD, em meados de Março, fez uma visita ao bairro social do Canedo, quis denunciar uma situação que, para nós, é grave. A acção social é uma vertente do exercício dum mandato municipal, que nós reputamos como essencial. No dia da nossa visita, António Jorge Franco, vereador, apareceu com um funcionário, um técnico de serviço social, no bairro do Canedo, a prometer obras para o mês seguinte. Em Abril, as obras irão começar e tudo vai ser uma realidade no Bairro Social do Canedo, disse ele. Estamos a meio de Maio, o PSD fez há uns dias outra visita a esse bairro e, realmente, voltámos a denunciar esta situação. Não faz sentido um homem com as suas resposnabilidades políticas prometer e depois não cumprir. Nem sequer existe o fantasma das obras naquele lugar. Isto é, repito, sintomático. Aos microfones da rádio diz que nós não sabemos e se não sabemos deveríamos saber que as obras exigem um concurso público. Mas, francamente, quem promoteu foi o vereador Franco, não fomos nós. Ele disse que as obras arrancariam em Abril e não arrancaram. Chegando a altura, nós denunciamos, claramente, as situações.
A ignorância tem sido a acusação mais utilizada pelos vereadores do Partido Socialista em relação às críticas pelo PSD.
Acho que até lhes fica mal. Não concordo, de modo algum, com isso. Nós tentamos acompanhar os dossiês. Falo, por exemplo, do campo de golfe e da plataforma rodoferroviária da Pampilhosa. Em relação ao campo de golfe há aqui uma coisa que tem de ser desmistificada. O PSD nunca foi contra o campo de golfe. A população da Pampilhosa viu, de um momento para o outro, as suas terras ocupadas para a realização destas construções.
Filomena Pinheiro disse aqui que achava que o campo de golfe da Pampilhosa seria um investimento fundamental para o desenvolvimento turístico do concelho, nomeadamente, como apoio ao grande pólo que é o Luso. Qual é a sua opinião sobre isto?
Poderei, eventualmente, concordar ou não. Depende do desenvolvimento das coisas e de haver, ou não, o comprometimento de todas as forças políticas na análise e na discussão deste processo. Em 2005, quando tomámos posse dos cargos de vereadores, na primeira reunião de Câmara dei ao presidente da edilidade a sugestão de se marcar uma reunião com os proprietários dos terrenos destinados ao campo de golfe, com todo o executivo, para discutirmos e desmistificarmos algumas coisas relativas a esse projecto. Nunca foi feita reunião nenhuma. Eu soube que a própria direcção da associação de proprietários se dirigiu ao presidente da Câmara, com idêntica sugestão. A Câmara Municipal peca por não envolver todos os actores neste processo: Câmara, proprietários, promotor do empreendimento, etc. Se procedesse de outra maneira não haveria tanta desinformação nem tanta informação contraditória, tanto equívoco, o que, realmente, faz com que saibamos pouco deste projecto, que é uma obra que está prometida há vários anos mas que não existe. A Câmara falha, a esse nível, guardando tudo para si. E isto é também um pouco a característica dos dirigentes socialistas.
Se fosse eleito presidente da Câmara Municipal da Mealhada o processo do campo de golfe iria ter continuidade ou parava?
Certamente que iria continuar. É irreversível. Agora há que acautelar o interesse dos particulares. Não os desprezar.
Existe dissonância entre as oposições do PSD na Câmara Municipal e na Assembleia Municipal?
O PSD é, pelo próprio nome, um partido democrático, pluralista, onde toda a gente pode apresentar a sua opinião, onde toda a gente tem o seu espaço próprio, para manifestar a sua posição. Não há dissonância nenhuma. Falei há pouco no acompanhamento do gabinete autárquico e na grande necessidade que os dirigentes têm de se disponibilizarem para apoiar os nossos autarcas. Na Assembleia Municipal as coisas passam-se de igual forma. Existem reuniões preparatórias da Assembleia Municipal, onde nós tentamos concertar as nossas decisões, porque não somos um grupo de escuteiros, somos um partido político e as nossas posições são concertadas para poderem sair sob um ponto de vista unitário. O caso dos presidentes de Junta de Freguesia é diferente. Têm uma forma muito particular de ver a realidade concelhia, acho que olham muito mais para as suas freguesias e isto é bastante positivo. O partido olha mais para o concelho de forma global. É natural que, face a uma ou outra posição, haja um presidente de uma Junta de Freguesia que tenha uma posição diferente.
Mas sobre o Hospital da Misericórdia, por exemplo, a posição do PSD na Assembleia Municipal foi diferente da posição na Câmara.
Não vou fazer aqui a resenha histórica que foi a nossa posição nesta história ou daquilo que foi esta história. Nós entendemos que a situação do Hospital da Santa Casa da Misericórdia é uma questão cara, é uma grave situação que se vive no concelho e eu não queria ir por aí. Quando esta questão foi colocada em sede de reunião de Câmara, o PSD demonstrou que não está na política concelhia ao serviço do protagonismo. Face a esta questão tomámos uma posição firme, coerente com aquilo que é nosso pensamento relativamente à situação.
Na última Assembleia Municipal ficou claro que, se tivesse sido a Assembleia a decidir, tanto do lado do PS como do PSD a posição seria diferente.
Não. Aquilo que António Miguel Ferreira, porta-voz do PSD na Assembleia Municipal, fez e disse, veio ao encontro daquilo que nós fizemos. Quando nós, na Câmara Municipal, votámos contra o apoio da Câmara Municipal, tivemos sempre subjacente o interesse do munícipe. O munícipe, caso a Câmara optasse por subsidiar e "tapar" o buraco" que existe na Santa Casa da Misericórdia, pagaria três vezes.
Mas a posição apresentada por António Miguel Ferreira era outra. Era a de que a Câmara devia apoiar.
Mas essa também é a nossa posição. António Miguel Ferreira disse que a Câmara devia ponderar outro tipo de atitude face às dificuldades que existem no Hospital da Santa Casa da Misericórdia. Na nossa declaração de princípios, na Câmara Municipal, foi isso que fizemos. Nós preparámos essas intervenções todas, reunimos previamente para preparar estas posições. A nossa posição é a dele e ele fez questão de vincar, na própria Assembleia Municipal, que não estava ali a colocar-se à margem da posição dos vereadores. O que António Miguel Ferreira disse foi o que nós dissemos na nossa declaração de princípios.
Como é que tem encarado as críticas de destacados militantes ao seu trabalho?
Todo e qualquer militante é fundamental para ajudar os órgãos eleitos a construir uma alternativa credível a este poder socialista. Todo e qualquer militante conta para esse percurso e nós contamos com todos, não excluímos ninguém. Há, obviamente, um ou outro militante que, em determinada altura, adopta uma ou outra posição que nós podemos criticar. Eu disse no início desta entrevista que gosto do meu partido, que tenho a resposanbilidade de liderar com alguma tranquilidade. Não quero, perdoem-me a expressão, um bando de cordeirinhos alinhados com aquilo que nós pensamos. Nós queremos divergências de opiniões, queremos pessoas que sugiram, queremos pessoas que apontem caminhos diferentes. Contamos com isso tudo. Agora com o que não podemos contar é que um ou outro militante nos crie dificuldades a esse nível. Ainda há pouco tempo disse a César Carvalheira que considero que ele tem assumido uma postura que não corresponde à sua responsabilidade, quanto mais não seja pelo tempo de militância que tem ou pelo historial que tem no PSD, no concelho da Mealhada. Quando eu fui eleito, quando a minha lista, a minha comissão política foi eleita, surgiu um artigo no Jornal de Noticias a dizer: "Arguido candidata-se ao PSD da Mealhada". Eu não estou constituído arguido por desvio de verbas ou tráfico de influências. Estou apenas arguido num processo e na altura era segredo de justiça. Este artigo dá a entender que um criminoso se candidatou ao PSD da Mealhada. É sintomático. César Carvalheira foi convidado para integrar um órgão e ele adoptou a postura que adoptou, dizendo que não era do PSD nacional, não era do PSD distrital, não era do PSD local. Eu digo uma coisa parafraseando alguém que disse um dia: Para ganharmos uma geurra, se tivermos que perder alguns pelo caminho nós vamos perdê-los. Não vamos promover essa perda. Nunca. Vamos tentar congregar todos à nossa volta, não vamos excluir ninguém., A quem se auto-exclui, não vamos, de modo algum, perder tempo a chamá-lo.
Estamos a cerca de dois anos das eleições autárquicas. Entende que o presidente de uma comissão política concelhia deve ser o candidato natural à presidência da Câmara Municipal?
Eu entendo que o princípio que norteia a nossa liderança, neste momento, e que norteia a comissão política é o seguinte: Estamos muito mais interessados em projectos, em ideias, em propostas.
Mas vai ter que apresentar um nome.
Neste momento estamos a construir um projecto alternativo. Com toda a franqueza e sinceridade, digo que, a seu tempo, a questão dos nomes colocar-se-à em cima da mesa.
E daqui a quanto tempo?
Não sei. Eu acho que o PSD, e isto é uma opinião pessoal, tem que ter algum tempo para colocar os nomes em cima da mesa. Os núcleos, em termos de freguesia, vão facilitar um pouco o nosso trabalho.
Os militantes vão ter que escolher entre Gonçalo Breda Marques e Carlos Marques?
Eu acho que os militantes devem escolher entre o PS e PSD. E devem escolher o PSD porque é jovem, tem grandes convicções, tem gente muito determinada, trabalha diariamente em prol do concelho. E o PSD tem, como sempre teve ao longo destes oito anos, uma identidade própria, um projecto que é visível, uma actividade que não se esconde atrás de qualquer receio de dizer ou de criticar. Eu penso que a opção vai ser dos munícipes, não entre Gonçalo Breda Marques ou Carlos Marques ou João Pires ou o comandante José Felgueiras. Eu acho que a opção dos eleitores vai ser entre o PS e o PSD.
(in Jornal da Mealhada, 23 de Maio de 2007)