Universia

segunda-feira, maio 07, 2007


À conversa com... o padre João Paulo Vaz

Apesar de termos muitos padres a morrer e poucos a serem ordenados, não é motivo para desesperar. Temos bons tempos aí à nossa espera.

Tem 37 anos e é paróco de Outil, Portunhos e Bom Sucesso. É ainda o responsável pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil de Coimbra. Para além de pároco é também compositor e cantor. No dia 1 de Maio esteve na Pampilhosa onde, num espectáculo musical, fez prova desses seus dotes artísticos. No programa 'À conversa com...', no Rádio Clube da Pampilhosa, o padre João Paulo Vaz falou-nos, entre muitas coisas, de música, da mensagem que pretende transmitir e do balanço dos dois primeiros anos de pontificado de Bento XVI.

O espectáculo que produziu, que tem levado a vários locais e que gravou em CD, será uma forma de evangelizar?
Naturalmente que, sendo eu padre e pessoa envolvida na Igreja, por opção, desenvolvo um trabalho de evangelização. Assumo-o como um gosto pessoal porque gosto de compor, de cantar e de tocar. A música faz chegar mais facilmente a mensagem de Jesus Cristo, cuja transmissão assumo como sendo a minha missão.

Sente que a estratégia pode fazer com que as pessoas olhem de forma diferente para a mensagem cristã?
Penso que sim. Tem a ver com a nossa forma de sentir, com a nossa sensibilidade artística, seja pela música, seja por outras expressões. A arte ajuda-nos a viver as coisas, a experimentá-las com mais intensidade e a manifestar também um conjunto de vivências, de experiências. É, de facto, uma mais valia. É possivel fazer chegar uma determinada mensagem, com muito mais facilidade, pela música, porque mexe com esta nossa sensibilidade artística. Pegando nisto, unindo isto à mensagem cristã, naturalmente que, pela música, as nossas gentes, mais velhos e mais novos, estão mais capazes para perceberem ou acolherem esta mensagem. Isto porque se faz de uma forma mais sensível, mais artística.

Tenta, portanto, juntar o útil ao agradável?
Sim. Eu componho há muito tempo. A primeira composição que fiz foi em 1986. Passar isso para o domínio público e usá-lo como forma de evangelizar, partilhá-lo com as pessoas, é um projecto em desejo, com dez anos. Este é um meio privilegiado de evangelizar. A Igreja aposta na música num sentido mais litúrgico, num sentido mais celebrativo, pouco mais do que isso. Eu penso que é um caminho a explorar. Que não está definido, não há caminho feito e pode ser usado como uma mais valia.

Como tem sido a adesão do público? Sabemos que tem uma legião de fãs e há pessoas que costumam acompanhá-lo nos vários espectáculos que realiza.
Tem acontecido. Há um conjunto de pessoas que se deixam agradar pelas minhas músicas e que vêm atrás. Espectáculo a espectáculo vão-se notando. A adesão do público aos meus concertos processa-se do mesmo modo que em relação aos concertos de outros artistas. A não ser que seja alguém com um nome já construído, o caminho é feito com muitos anos de espectáculo. O público não é muito numeroso. Por outro lado, o espectáculo que eu faço não é um espectáculo para grandes multidões. Não o assumo como tal.

É um espectáculo intimista?
É um espectáculo para uma sala, mais partilhado, conversado. Portanto não é só o debitar de canções, mas é o passar a mensagem que é cantada. Faço também por explicar um pouco e por entrar em diálogo com as pessoas. Por isso até é mais vantajoso que o público não seja numeroso. Um espectáculo no formato que eu estou a seguir, neste momento, funciona bem com duzentas, trezentas, quatrocentas pessoas. Eu costumo dizer, em tom de brincadeira, que as pessoas, hoje, já nem festa querem, mesmo que seja oferecida. E, de facto, tenho passado por alguns locais em que, apesar de toda a divulgação e de todo o envolvimento, não estão muitas pessoas.

As suas músicas falam de Cristo e do seu testemunho, mas também falam de amor e de relações humanas. São músicas litúrgicas?
Eu agradeço essa pergunta. Faço sempre esta ressalva: as músicas que eu componho não são músicas para cantar na missa. Embora uma ou outra possa ser usada num determinado momento celebrativo. Os escuteiros fazem-no muito nas suas celebrações. Com algumas excepções, a minha música não é litúrgica. É canção de mensagem, canção que aborda vários temas. Pode ser usada em encontros informais, encontros organizados de jovens, encontros que tenham a ver com a Igreja. Mas não é uma música para usar numa eucaristia ou num outro qualquer sacramento. Não é esse o meu desejo.

Qual é, então, o seu desejo?
O meu desejo é que a mensagem, que a letra escrita e musicada possa provocar proveito na pessoa, no seu desenvolvimento pessoal, nos seus dinamismos de crescimento. Os temas vão muito pela auto-validação da pessoa, naquilo que a constitui, nas suas riquezas pessoais, naquilo que têm para dar a este mundo, no sentido social da sua vida, também. Vão muito no sentido da relação com os outros: sentido de amizade, da ternura, do carinho que devemos uns aos outros, sentido do olhar, do conhecimento do outro naquilo que ele é, sentido da oferta... E, também, as minhas músicas vão no sentido da relação com Deus, naturalmente. Deus, a pessoa de Jesus Cristo, aquilo que ele faz na nossa vida, a resposta que lhe damos e a relação que existe, ou que pode existir, entre os homens e Deus, ou seja, entre eu próprio e Deus.

"A Igreja teve muitos altos, alguns piores do que os desta fase, desta situação, e nunca morreu. Temos Deus do nosso lado."

Qual é a sua opinião em relação à exortação apostólica de Bento XVI sobre a questão do prevalecer, ou do dar preferência, ao canto gregoriano na liturgia dominical?
Eu defendo - e não só como padre, como homem da Igreja, como homem que se vale também dos sacramentos que a Igreja deixa, como sejam a eucaristia, o sacramento da reconciliação, a confissão - que há uma gravidade, no sentido positivo, que é devida a cada um destes momentos. São momentos demasiado importantes para serem celebrados de qualquer forma ou sem qualquer tipo de preparação. Há um tipo de canto que, como aconteceu durante muitos séculos e acontece ainda hoje, é próprio, não da Igreja mas da liturgia da Igreja. Porque os sacramentos e a liturgia são um aspecto da vida da Igreja, não são a vida da Igreja. São meios que nos são dados para vivermos a Igreja e vivermos a relação com os outros e com Deus. E para isso há, então, um canto próprio que não tem de ser o gregoriano.

Deveria retomar-se o latim na litúrgia?
Nem temos que cantar tudo em latim. Aliás, temos que questionar isso muito bem porque, quando entramos para um dinamismo de cânticos só em latim, a maior parte das pessoas não percebe o que está a cantar! De uma vez por todas temos que pensar também que aquilo que cantamos está ao serviço do momento em que se está a cantar. Aquilo que que eu canto tem que ser a oração desse momento. É a mesma coisa que no cântico do Pai Nosso, e digo isto muitas vezes aos escuteiros: Nâo cantem o cântico do Pai Nosso, no momento da Eucaristia. Se tiverem que cantar é o Pai Nosso, a letra do Pai Nosso. Realmente, eu não posso cantar qualquer coisa. Agora também não posso cantar tudo em latim.

Seria um retrocesso de dezenas de anos?
Não é porque não fique bem, é porque as pessoas não entendem o que estão a cantar. Não é tão acessível.

Uma das transformações do Concilio Vaticano II foi o uso da língua de cada povo na liturgia...
Exactamente. E isso deve ser garantido. Mas aquilo que a exortação apostólica de Bento XVI diz não é que devemos voltar ao latim, diz é que devemos purificar um pouco a liturgia. Há que lhe dar uma beleza que lhe é própria.

Acha que isso também é uma forma de moralizar, nomeadamente, aquelas correntes de teologia de libertação, da América Latina, que transformaram a eucaristia num espectáculo?
Haverá uma intenção nesse sentido, naturalmente. Nós, em Portugal, ainda não enfermamos muito disso, mas vamos tendo experiências do género, de um padre brasileiro ou africano que vem para aqui estudar e que, na comunidade, vai fazer aqui o que fazia lá. E a experiência diz-nos o quê? Que as pessoas até acham muita graça, porque dançam, batem palmas. É, de facto, mais atractivo, mas isso só nas primeiras celebrações, porque depois nós, que estamos inseridos numa cultura ocidental e diferente, chegamos a um determinado momento e cansamo-nos, e dizemos não. É o mesmo que um padre de Portugal ir para o Brasil ou para África e querer fazer lá como faz aqui. Não é possivel! Isto tem a ver com a cultura dos povos. Nesse sentido há uma intenção, também, de colocar as coisas no seu devido lugar.

Mas houve essa tentativa de importação...
Quando foi o fenómeno daquele padre brasileiro, Marcelo Rossi, que levou multidões atrás, com estádios cheios, com toda a gente a participar, colocou-se-me uma questão: terá toda aquela gente ido atrás de Jesus Cristo, que se celebra, ou foi atrás do padre Marcelo Rossi? Isto é um exemplo, porque eu até admiro o senhor. Correu o risco de mexer com as pessoas e dar-lhes alguma coisa. Mas por que é que isto não durou? Porque é que neste momento já não ouvimos falar deles e as multidões já não são as mesmas? Qualquer coisa falhou aqui. Basta um desencanto daquela pessoa para que tudo isto morra! De facto, as pessoas não foram atrás da pessoa de Jesus Cristo. Foram atrás da forma que aquele homem concreto dava às celebrações e que lhes agradava muito. Nesse sentido, a purificação dos esquemas ajuda-nos muito.

Sentiu oposição da parte de alguns dos seis colegas por considerarem que, com as suas canções, se afasta da forma tradicional de passar a mensagem cristã?
Não, não. Oposição nunca houve, pelo contrário. É claro que há sempre algumas reservas. Lembro um padre da nossa diocese, com algumas responsabilidades no sentido da liturgia e do canto, que me dizia: "Olha, cuidado, porque não podemos cantar tudo o que queremos!". E eu descansava-o porque estava consciente disso. Mas nunca tive oposição, até porque aquilo que eu canto vem ao encontro daquilo que fazemos e da própria comunhão que fazemos como diocese. Poderei dizer também que não senti o apoio que seria esperado, que seria necessário para que isto vingasse. Mas oposição, nunca.

O senhor padre é responsável pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil e coordena uma série de movimentos e de associações. Acha que os jovens andam separados da Igreja?
Não. Às vezes andam distraídos, separados não. Nós vivemos num tempo que, na minha opinião, se caracteriza pela incapacidade de nos vincularmos a projectos. Esta geração, como a geração anterior, está rodeada por tantas solicitações, por tantas propostas, por tantas formas de estar possíveis, que perde por dispersão. Perdeu a necessidade de se agarrar a caminhadas e a projectos concretos. A Igreja também é um projecto. Viver a mensagem de Jesus Cristo na nossa vida é uma caminhada que se faz ao longo da vida. Isto torna-se difícil porque saltamos de experiências para experiências e de grupos para grupos. Eu coordeno a pastoral juvenil na diocese de Coimbra e vou vendo que não temos o mesmo número de grupos que tínhamos há uns quinze, vinte anos. Os jovens que estão este ano, daqui a um ou dois já não estão. Por outro lado, há gente muito nova que vem do crisma e que tenta caminhar mas não tem um líder, uma pessoa mais velha que esteja agarrada àquilo e, por isso, morre na sua caminhada. Ao mesmo tempo, isto provoca alguma insatisfação. Eu faço esta leitura também com muita esperança porque não é possível nós vivermos muito tempo assim, sem estarmos agarrados a alguma coisa que nos faça dar sentido à vida e que nos ajude a manifestar e a sentir aquilo que somos. Não conseguimos passar muito tempo sem ter um grupo de amigos, mais próximo, sem termos um projecto, uma associação, e isto não é só em termos eclesiais, porque em termos sociais acontece a mesma coisa. Nós olhamos para as nossas associações recreativas e culturais e vemos que estão a morrer aos poucos. Há uma incapacidade maior de nos agarrarmos a um projecto. Em relação à Igreja, passa-se o mesmo. A igreja propõe um projecto. E viver a mensagem de Jesus Cristo implica negar um determinado número de coisas que até me dão algum agrado, embora passageiro e imediato. Implica fazer opções. Os jovens não negam a Igreja e muito menos negam Jesus Cristo. Mas também não se envolvem, vão estando.

Não teme que essa linha continue daqui para a frente, ou seja, que os jovens continuem a não participar no quotidiano da Igreja?
Sim, isso vai continuar durante algum tempo mais. Olhando ao ritmo do nosso progresso e da vida das pssoas, os últimos dez anos nada têm a ver com os quarenta anos anteriores. Aquilo que sentimos como mudanças nestes dez anos que passaram vamos sentir muito mais nos próximos dois, três anos. Em menos tempo, sentimos mais mudanças. Isto vai continuar mas vamos chegar a um altura em que vamos dizer: Não conseguimos aguentar este ritmo. Vamos ter que reestruturar, chamar valores que vivíamos antes porque, se não, andamos perdidos. Em relação à prática cristã, vamos continuar com um descréscimo de participação das pessoas, mas vai chegar a um tempo em que sentiremos a necessidade de estar e de nos envolvermos. Quando digo isto não é só em relação à Igreja, mas também em relação às estruturas sociais que tínhamos e que estão mortas. Isto é como as calças à boca de sino: usaram-se muito em décadas que passaram. Houve uma fase, há pouco tempo, em que se usaram outra vez e agora já não se usam. Nós, homens e mulheres, somos assim: vivemos por hábitos, que adquirimos e vamos perdendo, e, normalmente, voltamos a eles.

Considera que esta sua forma de evangelizar, fora do espaço físico da Igreja, pode colmatar essa falha de participação?
Eu acho que sim. Caso contrário não o faria. As pessoas estão cada vez menos na igreja e o padre não se pode confinar às quatro paredes do templo ou às estruturas paroquiais, ou pastorais, de que é responsável. Não se pode confinar ao trabalho com os grupos de pessoas que já estão convencidas da palavra de Deus. Tem que se arranjar formas de chegar àqueles que o não estão. Jesus Cristo disse que veio para quem? Para os pecadores, porque os outros já não precisavam...

Existe, neste momento, um problema sério na Igreja portuguesa que é o da falta de vocações. Como é que este problema se pode resolver?
Em primeiro lugar, acho que a falta de vocações para a vida religiosa é um problema que se resolve tendo confiança. E a confiança, na relação com Deus, implica a oração. Quando sentimos que perdemos o controlo da situação, que já não estamos capazes de lhe responder, o que é que fazemos? Humanamente, procuramos quem possa fazer isso connosco, a par e melhor do que nós, porventura. Nós, cristãos, reconhecemos que Deus é aquele que tudo pode. Uma primeira estratégia é esta, a da oração. Por outro lado, é preciso criar estruturas que tornam a vida sacerdotal atractiva. Durante muito tempo, vivemos a ideia de que, para sermos padres, deixávamos muitas coisas boas para trás. Mas, na verdade, não é assim. O ser padre não significa, em absoluto, privação. Da mesma forma que o ser marido, ser casado, também não significa, em absoluto, privação. Há uma vida muito atractiva no matrimónio e, da mesma forma, há uma vida muito atractiva no sacerdócio ou noutro tipo de vida consagrada, que é vida de oferta, vida de entrega. Nós encontramos cada vez mais gente que não assume ou que não escolhe o matrimónio. A mesma crise que temos no sacerdócio temos no matrimónio. O que há a fazer é redescobrir o sentido de cada vocação e a beleza de cada vocação. Hoje, há um trabalho muito interessante na nossa diocese, com a experiência do pré-seminário e com a experiência do acompanhamento dos jovens candidatos ao sacerdócio, sem estarem integrados num seminário. Sem estarem a fazer vida interna de seminário. Há uma leveza muito grande na forma como este trabalho está ser feito e na forma como é apresentado aos jovens. Eu vejo isto com alguma esperança. Apesar de termos muitos padres a morrer e poucos a serem ordenados, não é motivo para desesperar. Temos bons tempos aí à nossa espera. Em dois mil anos, a Igreja teve muitos altos e baixos, alguns piores do que os desta fase, desta situação, e nunca morreu. Temos Deus do nosso lado.

Há quem defenda que o casamento dos padres não prejudicaria a sua actividade religiosa nem colocaria em segundo plano a fé em Deus.
Não, de facto não. Um padre poderia ser um bom padre, poderia, sempre, ser uma pessoa com uma relação muito próxima com Deus. Mas...

Então sempre há inconvenientes...
Já não lhe seria possível uma relação tão próxima com as pessoas. Estou a referir-me, simplesmente, a questões práticas. A família seria sempre a prioridade do padre, como deve ser a de qualquer outro homem casado. Depois é que viria a disponibilidade para o trabalho pastoral. Isto são questões práticas. Para mim a questão mais profunda, é a que se prende com a vocação da pessoa. Eu não sou capaz de conceber um homem a ter a mesma relação de amor, de intimidade e de união e comunhão com duas mulheres ao mesmo tempo. Humanamente, isto não existe! Ou uma mulher conseguir amar dois homens e viver com dois homens em comum, ao mesmo tempo. É como estar dentro de uma sala, ter duas portas de saída, e querer sair ou entrar pelas duas ao mesmo tempo. Ou entro por uma ou entro por outra. E não é uma questão de uma anular a outra. É uma questão de caminhos que têm a ver com a pessoa, com aquilo que foi criado em cada pessoa, riquezas pessoais de cada um e que se manifestam, desta forma. Não há duas formas iguais de amar, variam de pessoa para pessoa. E por isso também, cada pessoa tem o seu caminho. E isto não significa privação. Significa realização, caminho pessoal de vida.

O padre João Paulo Vaz tem participado nas Jornadas Mundiais da Juventude, uma das criações de João paulo II. Que balanço faz, também nesta perspectiva, do trabalho realizado pelo papa Bento XVI?
Quando se fez a eleição do actual Papa não sei se tive medo ou se fiquei com dúvidas... Era natural. Depois de um João paulo II, Papa desde 1978, com todo aquele dinamismo, nós, esta geração, olhamos para ele e dizemos: É o nosso papa. E continua a ser. Nós ainda estamos a viver muito à sombra de João Paulo II. Embora haja o respeito, natural, por Bento XVI, na última Jornada Mundial da Juventude, em Colónia. Esteve muito bem, muito próximo dos jovens e, de alguma forma, fez lembrar um pouco a proximidade que João paulo II sempre teve connosco. E ganhou os jovens naquela jornada. Se perguntarmos hoje, aos jovens do mundo inteiro, o que sentem em relação ao papa Bento XVI, sentem-se bem. Aliás, está convocada a próxima jornada, para Sidney, em 2008, e tudo continua a andar com o mesmo dinamismo. E queremos ir estar com o Papa. Ele ganhou os jovens, em Colónia, e muito bem. Por outro lado, também ganhou o respeito da Igreja e mostrou-se como um bom papa, um bom chefe da Igreja, com a encíclica "Deus é Amor". Um texto fantástico que vem ao encontro daquilo que são as nossas necessidades.

Bento XVI tem sido muitas vezes criticado por ser demasiado radical. No entanto, é um grande teólogo.
É um homem com uma lucidez e uma clareza de ideias muito grande. A definição que ele dá do amor e a forma como ele explora este amor que Deus é e que, em prolongamento, nós somos também, é, de facto, fantástica. Nesse sentido, ele ganhou também um pouco a Igreja, ganhou o respeito da Igreja, como chefe da Igreja. Passou a ser uma referência para nós. E isso, passe a expressão, é de Papa. Penso que o balanço destes dois anos é muito positivo. Questionou-nos muito o facto de, com a idade que tem, ele ser eleito papa. Pensámos: Não vai ter tempo para nada. Esta era a minha primeira impressão. Deveria ter sido eleito uma pessoa que pudesse continuar, durante muito tempo, o trabalho de João Paulo II. Mas também é importante para a Igreja um papa que ajude a confirmar, a solidificar tudo aquilo que João Paulo II fez. E Bento XVI assumiu isso muito bem. Ele estava próximo, conhecia o pensamento de João Paulo II. Está a fazer um bom pontificado. Deus lhe conserve a vida e lhe dê anos. A nível teológico temos muito a ganhar. Cada vez mais me convenço que o espírito de Deus paira sobre nós de uma forma activa. Eu hoje estou convencido de que este era o Papa que a Igreja precisava, agora!

(in Jornal da Mealhada, 2 de Maio de 2007)