Universia

segunda-feira, julho 23, 2007


À conversa com... Gonçalo Louzada, presidente da direcção do Hóquei Clube da Mealhada

"Os clubes, quando atingem uma certa projecção, perdem humildade. Nós estamos a precisar de fazer um reset".

Gonçalo Louzada é o presidente da direcção do Hóquei Clube da Mealhada (HCM). Está ligado à fundação deste clube, onde foi atleta. Foi treinador das camadas de formação e fez parte da última direcção liderada por José Vigário a quem sucedeu, como presidente, em Junho de 2006. Ao Jornal da Mealhada e ao Rádio Clube da Pampilhosa Gonçalo Louzada fez o balanço da época que agora finda e deixou algumas notas para a próxima temporada.

Pode dizer-se que o HCM é, de facto, um clube de formação?
Eu penso que é, efectivamente, um clube de formação e que não pode ter outras ambições no actual contexto. Digo isto porque a filosofia do HCM sempre foi a de apostar na formação de rapazes e raparigas. Era impensável ir buscar atletas a outros clubes para jogarem nas nossas equipas porque, em termos financeiros, isso seria um suicídio. A filosofia do clube foi, é e será, enquanto esta direcção estiver no activo, a formação de jovens do sexo masculino e feminino.

Neste momento, quantos praticantes estão inscritos no Hóquei Clube da Mealhada?
Em termos federativos estiveram inscritos, na última época, cento e dezasseis atletas, em todos os escalões. Uma equipa de hóquei é composta por dez jogadores, e nós tivemos onze escalões. Temos, por exemplo, escolas e benjamins, que são os mais pequenos, escolares, infantis, iniciados e, depois, os escalões que consideramos de maior especialização, isto é, os juvenis, os juniores e seniores. Mas o número mais significativo de atletas está nos escalões mais novos.

Os escalões de seniores, tanto de sexo masculino como feminino, são resultado do trabalho realizado, anos antes, nas camadas de formação...
Eu penso que sim, embora tenhamos o problema de os nossos bons atletas serem, normalmente, cobiçados por outros clubes, nos quais, muitas vezes, ingressam. Vejamos o exemplo de Tiago Sousa, guarda-redes da Oliveirense, que foi chamado à selecção nacional. Acabou por não ficar nos convocados para o campeonato do mundo mas, enfim, foi chamado, atendendo às suas qualidades. Há também o exemplo de Tiago ferraz, que tem sido uma presença constante nas selecções nacionais. Temos muito bons atletas que são cobiçados e levados para outros clubes, como dissemos, e, em consequência disso, não podemos dizer que as nossas equipas mais velhas são o reflexo total da nossa formação porque uma parte dela é posta ao serviço de outros clubes.

Nos escalões que chamou de especialização são claras as ambições competitivas...
Sim, temos ambições competitivas. Na época que agora terminou, por exemplo, ficámos em terceiro lugar no feminino. Nos juniores, com uma equipa feita de recurso, conseguimos o apuramento para a fase final do campeonato final. Os juvenis, infelizmente, por um ponto, não foram à chamada fase final, antiga Final Four, que foi ganha pelo Futebol Clube do Porto, equipa que nos ganhou por 1-0, no Porto, a um minuto do fim, e que perdeu cá por 4-1. Faltou-nos um pontinho para irmos a essa fase final. Acho que se pode ver qualidade nas nossas equipas. Nós temos sempre ambição mas as nossas ambições não podem ir para além de determinado ponto, exactamente pela saída de alguns jogadores para outros clubes maiores.

Nas equipas seniores houve atletas que se mantiveram fiéis à casa e que fizeram os seus cursos superiores sempre ligados ao clube. Este é um reflexo da filosofia, do espírito do clube?
Temos o exemplo de Nuno Cruz, Luís Vigário, Marco Rosmaninho... Penso que esse é um ponto importante. Nós, no HCM, tentamos ser um complemento de formação e, de alguma maneira, ajudar os atletas a formarem-se como pessoas e a terem um bom percurso escolar. Tentamos, pelo menos, ajudar e daí que, se nós virmos bem nos nossos planteis, masculino e feminino, temos advogados, farmacêuticos, médicos, professores de educação física, entre outros. Obviamente que as pessoas seguem a sua vida. Estou a lembrar-me de Luís Ferreira, que foi colocado em Lisboa, como professor de educação física. Nessas condições não pode vir treinar à Mealhada, três vezes por semana e jogar ao fim-de-semana. Eu acho que quem passa pelo Hóquei Clube da Mealhada fica muito ligado ao clube, exactamente, por esta filosofia de proximidade e de complemento.

Essa filosofia HCM, se podemos chamar-lhe assim, começa a ser incutida nos atletas logo muito cedo. Gonçalo Louzada acaba por ser o pai, por ter sido o grande impulsionador, desta grande pujança que são os escalões de formação do HCM.
Eu acho, com franqueza, que o Hóquei Clube da Mealhada teve até há um ano um presidente a quem, esse sim, podemos chamar pai de todo este projecto, que é José Vigário. Pela sua maneira de ser, pela sua maneira de estar, pelo seu interesse pelas pessoas, podemos considerá-lo o pai. Eu limitei-me a ser, à semelhança de outros, um obreiro da formação.

Mas a verdade que muitos dos que hoje são treinadores dos escalões de formação são antigos jogadores que foram treinados por si.
Eu reconheço que o HCM tem uma mística muito própria, tem qualquer coisa que nos atrai e que nos deixa um bichinho que, depois, vamos tentando transmitir uns aos outros e que nos dá uma grande ligação ao clube.

Uma ligação que vai para além do hóquei em patins?
A modalidade, nos dias de hoje, precisa de ser repensada porque esta história de as pessoas pensarem, exclusivamente, em resultados desportivos, tem de acabar, de uma vez por todas. O que é verdadeiramente importante é ter um balneário são, é ter as pessoas com excelente relacionamento umas com as outras, e isso, depois, faz com que tudo decorra de uma forma natural.

Mas para haver motivação não serão necessários resultados desportivos satisfatórios?


É evidente que sim, mas os resultados aparecem. Enquanto fui treinador passaram-me pelas mãos equipas que, em termos de valores individuais, não eram muito fortes. Mas eram miúdos que, na altura, iam para dentro do campo e a união era de tal maneira forte que podia vir quem viesse que eles eram imbatíveis. Sempre tentei servir o clube da melhor maneira possível mas eu hoje vejo treinadores estudarem muito mais do que eu estudei na altura, e, apesar disso, eu via os miúdos transcenderem-se.


A opção de serem as camadas a fornecerem seniores é, também, uma medida de equilíbrio financeiro?


També, também.


Será a opção mais barata para alcançar sucesso com qualidade?


Mas não é só isso. Tem a ver com a ideologia, a filosofia do clube. Tem sido essa a que nos tem, norteado ao longo destes vinte anos. Nós acreditamos nos atletas que formámos, nos jogadores da casa. Mesmo assim o HCM, graças ao facto de ser um clube reputado a nível nacional, também tem atletas que vieram estudar para Coimbra, ou para Aveiro e pedem para vir jogar para cá.


E se aparecesse um patrocinador que equipasse o clube com os meios necessários para alcançar o topo da modalidade, em termos competitivos, nas camadas seniores? Isso desvirtuaria o clube?


Não é uma questão de desvirtuar. Nós já estivemos na Primeira Divisão Nacional. E tínhamos esta filosofia que expliquei. Eu continuo acreditar nisso. Claro que reconheço que, infelizmente, este ano, a equipa sénior masculina desce à Terceira Divisão porque a nossa formação, em determinada fase, não funcionou perfeitamente no sentido de termos nesta altura mais jogadores.


É, portanto, um problema geracional?


Eu acho que sim. É uma questão de ciclos. Há um ciclo que terminou, ou está a terminar, e há outro a começar. Os clubes, quando atingem uma certa projecção, perdem humildade e penso que, de alguma maneira, nos últimos anos, o grande sucesso em vários escalões fez-nos perder um bocadinho de humildade. Eu lembro-me que, quando comecei a treinar os escalões de formação, nós éramos um clube pequenino e até conseguíamos uns feitos bons, e os miúdos eram extremamente humildes. Hoje, com este sucesso todo, este enriquecer do palco, perdemos humildade. As pessoas estão a precisar de fazer um 'reset' e de voltar a trabalhar bem, e com muita humildade, desde os escalões mais pequenos.


Retomar uma rota, uma estratégia?


Mas penso, com toda a franqueza, que isto é cíclico. O que estou a falar não acontece só connosco, verifica-se em inúmeros clubes. O Hóquei Clube da Mealhada tem tido a sorte, de alguma maneira, de continuar a ter pessoas muito interessadas neste projecto e que conseguem garantir a sua continuidade, independentemente de, agora, estarmos no topo e, amanhã, um bocadinho abaixo. O objectivo é sempre a melhoria.


Mas como é que se faz isso? Como é que se faz esse 'reset'?


As pessoas têm de entender que, em determinadas alturas, as nossas capacidades estão fragilizadas, nomeadamente as capacidades financeiras.


Fragilizadas porquê?


Porque, enquanto, há uns anos, se ia a uma empresa pedir um apoio e as portas se nos abriam, hoje vamos lá e as portas estão fechadas porque as próprias empresas estão com dificuldades de tesouraria. Nós temos um orçamento de oitenta e tal mil euros porque o hóquei em patins é um desporto caro. Noutros desportos os gastos fazem-se na compra de umas sapatilhas ou de umas chuteiras. Neste momento, um par de patins custa cerca de cento e cinquenta euros. Para equipar um jogador da cabeça aos pés gastam-se trezentos, quatrocentos euros.


O equipamento de um guarda-redes custa seiscentos. Portanto, temos um orçamento que prevê grandes despesas visto que o material é muito caro.


O 'reset' passa pelos pais, pelos próprios atletas, pela massa associativa, pelos dirigentes, no sentido de reconhecerem que é preciso avançar mais devagar?


Neste momento há condicionantes da nossa actividade. A direcção tudo está a fazer no sentido de consolidar as coisas para, dentro de dois ou três anos, o clube poder estar a funcionar dentro de níveis considerados normais. Neste momento é preciso que as pessoas tenham a noção de que há dificuldades, porque o Hóquei Clube da Mealhada sempre foi visto como um clube que não tinha problemas nenhuns. Isso não é verdade. Também é verdade que foi muito bem gerido. Só que, nos últimos anos, em termos de apoios, os recursos estão muito complicados. Sem dinheiro não se consegue fazer nada. Nós, este ano, fizemos mais de duzentos e sessenta jogos, fizemos mais novencentos e onze treinos. Desses jogos cento e trinta tiveram lugar fora das nossas instalações, com despesas inerentes a deslocações...


Esses jogos custaram, este ano, no que respeita a despesas federativas, substancialmente mais do que teriam custado na época passada...


Sem dúvida nenhuma! A actual direcção teve de debater-se com uma situação que foi uma coisa perfeitamente anormal. A Federação Portuguesa de Patinagem fez aumentos nas taxas federativas completamente fora de contexto. Isso faz com que tenhamos imensas dificuldades. Para se ter uma ideia: para a organização de jogos, o que envolve o pagamento de taxa de organização e de taxa de arbitragem, a quantia de quinze mil euros não vai ser suficiente.


Os aumentos foram muito significativos...


Muito grandes. Considere-se o seguinte exemplo: a inscrição de um treinador de nível um ou dois, no ano passado, na Associação de Patinagem de Aveiro, custava sete euros e meio. Este ano, a mesma inscrição custou mais de cento e noventa euros, ou seja, verificou-se um aumento de dois mil por cento.


Mas por que é que isso assim acontece?


A Federação Portuguesa de Patinagem também está com enormes dificuldades financeiras e, em vez de tentar arranjar financiamentos para as suas actividades, sobrecarregou os clubes.


A equipa sénior masculina desceu de divisão. Há pouco falou do final de um ciclo. Adivinha-se mais sucesso no próximo ciclo?


Quero acreditar que sim. Eu penso que a segunda divisão é onde o HCM tem, ou deveria ter, o seu lugar. Este ano tivemos um campeonato azarado. Em relação ao ano anterior perdemos alguns jogadores. É o caso de Rui Amaro, que foi jogar para o Vale Cambra, decidindo fazer uma experiência na primeira divisão, o que é perfeitamente respeitável. O caso de Luís Ferreira, de quem falei há bocado, que está a trabalhar em Lisboa, e o caso de David, que foi estudar para a Maia. A nossa ideia inicial era contar com os jogadores mais experientes e ir lançando os jogadores mais novos que vinham dos juniores. Acontece que Luís Vigário, um dos jogadores mais experientes da equipa, esteve lesionado na primeira fase da época e, quando ficou bom, lesionou-se Marco Rosmaninho, outro dos veteranos. Tudo o que tínhamos idealizado foi-se desmoronando aos bocados. Por outro lado, estes rapazes mais novos, que vinham dos juniores, também de uma forma compreensível, começaram a ver que não eram capazes de dar conta do recado, foram-se desmotivando e alguns, inclusivamente, saíram.


Houve também a saída do treinador...


Sim. Eu continuo a dizer que o treinador Luís LIma não teve qualquer responsabilidade nos maus resultados da equipa. Tratou-se de um conjunto de circustâncias. A falta destes jogadores e o facto de os outros elementos lesionados e não treinarem foram a causa de não conseguirmos ter um balneário forte.


No final soaram as trombetas e houve quem tivesse regressado para dar uma ajuda.


Nuno Cruz, que está a trabalhar em Lisboa e não jogava no HCM há várias épocas, percebeu que o clube precisava dele e disponibilizou-se. Inscreveu-se já depois de Dezembro e veio. Infelizmente, passados alguns jogos também se lesionou.


E quanto ao futuro, o tal novo ciclo?


Eu acredito que, se nós tivermos a capacidade de manter os jogadores que fazem agora parte do plantel de juniores e de juvenis, teremos qualidade para, dentro de dois ou três, regressarmos à Segunda Divisão Nacional e, quem sabe, até a algo mais. A equipa de juvenis do ano passado, que será de juniores do próximo ano, é uma equipa que sabe muito bem o que quer. De qualquer forma isso só não acontecerá se, efectivamente, houver alguma alteração em termos de jogadores. Estas presenças na selecção nacional também despertam a atenção dos clubes maiores.


Por outro lado a equipa sénior feminina teve uma época brilhante.


É verdade. No escalão feminino o balneário funcionou muito bem. Foi um grupo que manteve uma união extraordinária. Superaram-se a fazer campeonatos muito longos, com jogos feitos à base de seis jogadoras de campo, quando as havia... Também houve algumas lesões pelo caminho. Não é fácil e, com franqueza, penso que aí a união foi absolutamente preponderante para conseguirem alcançar o terceiro lugar no campeonato nacional. O que hoje nós vemos é um entusiasmo para poder ainda vir a superar esta classificação, que é, quanto a mim, excelente. Temos em andamento uma equipa de cerca de catorze, quinze raparigas de doze, treze, catorze anos, e vamos ver se, até virem essas, conseguimos aguentar as componentes da actual equipa, para que este projecto tenha uma continuação. Acredito que vamos conseguir isso. Há nesta equipa uma influência de Francisco Alegre que durante muitos anos a treinou e que, também, era um treinador que motivava as jogadoras.


E que permitiu que elas chegassem aqui?


Pois é verdade. Elas começaram, talvez, com Marco Bernardes nas escolinhas, há muitos anos, passaram por mim, depois por Francisco Alegre e chegaram ao Diamantino Fernandes.


Dina Tavares e Ângela Gameiro foram recentemente convocadas para a selecção nacional. Estas chamadas à selecção reforçam o estatuto do Hóquei Clube da Mealhada no panorama nacional da modalidade?


Penso que sim. É sempre bom ter atletas chamados à selecção. É para a selecção que qualquer atleta, no fundo, trabalha. Uns conseguem, outros não. Estas são duas atletas exemplares. Nascidas e formadas no HCM. A chamada de Ângela Gameiro é perfeitamente justificada pela qualidade que ela demonstrou ao longo da época. A convocação de Dina Tavres é já repetida porque é, de facto, uma jogadora de muita qualidade. Para nós é sempre uma honra ter jogadores nas selecções nacionais.


Isso também tem acontecido nas camadas jovens.


Nós temos na selecção nacional masculina, na selecção de juniores, Filipe Vaz. Na selecção nacional de juvenis, Pedro Coelho. Isto dá ânimo para continuar a lutar contra adversidades.


O desporto no feminino, principalmente nos escalões seniores, é muito dificil. Não é fácil brilhar nestes campeonatos.


Penso que não. A nossa equipa joga e treina por amor à camisola, rigorosamente. Por mais nada. E defronta-se, muitas vezes, com equipas que já têm atletas profissionais. As nossas atletas trabalham e chegam ao fim do dia, muitas vezes cansadas, mas vão para o treino com alegria e com vontade. As coisas acabam por dar frutos, mas não é fácil.


Para o sucesso da equipa feminina terá contado a empatia que o treinador Diamantino Fernandes tem em relação às atletas. Diamantino Fernandes é o homem certo, no lugar certo?


Ele é o homem certo no lugar certo no que se refere ao escalão feminino, como também o seria se treinasse, exclusivamente, a equipa masculina. Este ano substituiu Luís Lima, acumulou dois escalões e não foi fácil. São dois escalões muito diferentes um do outro. Tinha, num caso, um balneário muito forte e organizado e, noutro caso, um balneário fragilizado. Penso que o Diamantino Fernandes é o homem certo no lugar certo na nossa equipa feminina. Posso adiantar que tudo iremos fazer para que este projecto continue a ser liderado por ele, porque realmente há uma empatia muito grande entre ele e a equipa.


E quem vai treinar os seniores masculinos?


Em relação aos seniores masculinos temos duas hipóteses. A primeira é fazer o que a direcção do HCM fez há dezoito anos e que foi, pura e simplesmente, não inscrever a equipa. Obviamente, que não é essa a nossa intenção. A outra é fazermos o campeonato da Terceira Divisão Nacional. Chamo atenção para o facto de termos cerca de quinze juniores. Vamos querer, para o ano, ter uma boa performance a nível de juniores, porque temos jogadores para isso. Caso a decisão da direcção seja a de ter uma equipa de seniores masculinos na Terceira Divisão, será uma equipa composta pelos atletas que quiserem continuar e por esses atletas mais novos que também vão precisar de traquejo. Em termos de objectivos, dar "quilómetros" aos jogadores mais novos.


Os mealhadenses estarão afastados do HC da Mealhada?


As pessoas estão afastadas do desporto em geral. Se formos a outros eventos desportivos que decorrem na Mealhada vemos sempre as mesmas pessoas. Era muito importante, até para que as coisas perdurem, que as pessoas se ligassem mais a estes projectos. Aquando da constituição da actual equipa da direcção, de que faço parte, procurei que 50 por cento das pessoas nada tivessem a ver com o hóquei. Algumas nem tinham participado em qualquer associação. Estas coisas só perduram no tempo se houver entrada de novas pessoas, novas mentalidades, respeitando a filosofia do clube, ou não. Ao longo destes últimos vinte anos ficou provado que esta é a filosofia correcta: a missão de formar pessoas, homens e mulheres.


O presidente da direcção do HCM sente que o clube tem cumprido essa missão?


Tenho a certeza que tem cumprido essa missão. Este clube resultou da vontade de meia dúzia de pessoas que o fundaram e que não tinham nada a ver umas com as outras. Gostavam de hóquei em patins e acabaram por ficar grandes amigos. É isso que nós tentamos fazer dentro do clube, que as pessoas sejam amigas, dirigentes e atletas. Infelizmente, na mentalidade do século XXI, a amizade passa ao lado de muitas coisas.